Prótese controlada pelo subconsciente
Próteses controladas por impulsos musculares existem desde o fim da década de sessenta, mas sempre com severas limitações. Elas funcionam com sensores sob a pele que controlam, por exemplo, um braço. O problema é que os sensores recebem impulsos de mais de um músculo, o que degrada seu desempenho e acaba demandando muita experiência para operar corretamente e torna a prótese vagarosa, imprecisa e frequentemente frustrante.
Uma solução para esse problema é usar conjuntos de sensores mais precisos, que tornam o membro, para todos os propósitos práticos, controlado pela mente. Esse método já é usado com sucesso em membro superior e até mesmo em mãos artificiais, mas com menos êxito pelos membros inferiores.
A razão é que os membros superiores usam um controle mais consciente do que os inferiores. As pessoas usam mãos e braços para executar tarefas de alta coordenação, enquanto o uso e controle das pernas é muito menos consciente. As pernas são controladas por intermédio de uma complexa série de movimentos executados pelo pé e pelo tornozelo, sem que o cérebro se aperceba disso. É o que acontece, por exemplo, quando se coloca uma meia, com perna e pé fazendo o que deve, mas sem um ajuste automático de nosso sistema neuromuscular. Subir e descer um degrau sem tropeçar é muito mais difícil.
A nova tecnologia de controle pela mente de próteses inferiores da islandesa Össur é compatível com sua linha de produtos biônicos (pés, pernas, joelhos), próteses computadorizadas inteligentes capazes de aprender em tempo real a se ajustar ao modo de andar, à velocidade e ao tipo de piso.
O sistema de controle funciona através de sensores MyoElectric implantados e desenvolvidos pela Alfred Mann Foundation. Com o tamanho de um palito de fósforo, os sensores são implantados nos músculos residuais do côto. Um receptor tipo fio em espiral dentro da prótese pega os impulsos e os transmite sem fio ao computador do membro robótico. Os sensores e o membro robótico agem como uma coluna cibernética: em vez do usuário conscientemente controlar os movimentos do membro, o usuário envia um comando inconsciente à prótese, que controla o movimento.
Thorvaldur Ingvarsson, líder do projeto da prótese controlada pela mente, diz que “A tecnologia permite que a experiência com a prótese se torne intuitiva e integradora. O resultado é o movimento físico instantâneo da prótese da maneira que o amputado quer. Ele não precisa mais pensar a respeito dos movimentos, porque seus reflexos inconscientes são automaticamente convertidos em impulsos myoelétricos que controlam sua prótese biônica.”
Dois voluntários tiveram a tecnologia implantada durante um ano como a parte 'primeira-num-homem'. Ambos os amputados são muito positivos a respeito do projeto e os testes continuam.
Jon Sigurdsson, presidente e CEO da Össur assevera que “As pernas prostéticas biônicas controladas pela mente são uma extraordinária revolução. Adaptando-as não apenas aos movimentos intencionais do indivíduo, mas às ações intuitivas, estamos mais pertos do que nunca da criação de próteses verdadeiramente integradas com seus usuários.”
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JOSÉ LUIZ VIEIRA - WWW.TECHTALK.COM.BR
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