Alta Roda nº 813 — Fernando Calmon — 2/12/14
SEM
PERDA DE TEMPO
O Programa Nacional de Renovação da Frota
de Veículos Automotores (PNRF), por enquanto, não passa de uma proposta, mas
segue longe das prioridades do governo federal. Até agora, depois de um ano,
não veio resposta para a iniciativa de dez entidades, incluindo sindicatos, que
propõem um programa inicial de substituição de caminhões com mais de 30 anos de
uso. Estima-se que até 200.000 desses veículos ainda circulem por ruas e
estradas em condições precárias de funcionamento, manutenção deficiente (ou
mesmo sem nenhuma) e sob ameaça constante de se envolver em acidentes. Na
melhor das hipóteses sujeitam-se a panes constantes que poderão atrapalhar o
trânsito.
No estudo se apontou que veículos pesados
representam em torno de 7% da frota de caminhões, mas respondem por 25% dos
acidentes graves no País. O objetivo é até modesto: trocar 30.000 unidades/ano
por modelos usados menos velhos e, se possível, por seminovos ou até novos em
segmentos como os leves. De fato, o governo deveria criar algum incentivo – a
exemplo de outros países – para viabilizar a proposta. Sem contar enormes prejuízos
humanos e materiais, apenas a economia de combustível alcançaria R$ 5 bilhões
em 10 anos.
Entretanto, a situação fiscal do governo se
deteriorou nos últimos 12 meses. Se já era difícil quando das sugestões
iniciais, no momento está ainda pior. Fala-se apenas em aumento de impostos ou
retirada de incentivos. Triste, mas a solução não aparece nem mesmo no
horizonte.
Infelizmente, certas iniciativas
parlamentares mais atrapalham do que ajudam. Na semana passada, a primeira
comissão da Câmara dos Deputados a avaliar um projeto de lei, de 2011, sobre o
tema, optou pela rejeição. A proposição está bem longe da realidade: determina
a troca obrigatória (grifo da Coluna)
de qualquer veículo com tempo de uso superior a 15 anos, além de criar
incentivos para a substituição. Segundo a Agência Câmara, o Poder Público
ofereceria linha de crédito para compra do carro novo, enquanto os usados
seriam aceitos como parte do pagamento do financiamento.
O projeto ainda passará por quatro
comissões na Casa, mas se trata de pura perda de tempo mesmo que as finanças
públicas não estivessem em situação tão ruim. De pouco adianta reconhecer o problema,
sem se debruçar sobre alternativas viáveis.
Renovação de frota deve ser precedida por
um programa bem elaborado de inspeção veicular. É inadmissível que um País com frota
real de 40 milhões de automóveis e veículos comerciais, mais 13 milhões de motocicletas
deixe de submetê-los a controles de segurança, manutenção e emissões. Claro que
inspeção técnica veicular (ITV) deve começar apenas no quarto licenciamento (três
anos de uso em diante), ser bienal até o décimo ano e anual depois desse prazo.
Em outros termos, já existe escala bastante
alta para regulamentar o serviço em vários Estados brasileiros e a preço
razoável. A partir da inspeção, viriam iniciativas de reciclagem e a renovação
de frota ocorreria a reboque. A Câmara dos Deputados ajudaria muito se
desengavetasse estudos de mais de 15 anos e criasse condições econômicas e
técnicas para a ITV. Sem mais perda de tempo.
RODA VIVA
DESDE
o último dia 1º de novembro o ESC (sigla em inglês
para controle eletrônico de estabilidade) passou a ser obrigatório em todos os
carros novos vendido nos EUA e também na Europa. É complementar ao ABS (obrigatório
aqui) por uma relação custo-benefício bem razoável. Falta o Brasil estabelecer
prazo de aplicação escalonada, no que a Argentina já se adiantou.
CRUZE
2015 recebeu modificações discretas: grade frontal
mais elegante, luzes diurnas de LED e novas rodas de aro 17 pol. Câmbio
automático ficou um pouco mais rápido nas trocas ascendentes e reduzidas. Motor
não recebeu modificações, mas para concorrer com Corolla e Civic de igual para
igual deveria oferecer também um 2-litros para assegurar mais torque.
MUITO
prática a seleção de marchas por botões, no lugar
da alavanca, no Uno Sporting de câmbio automatizado. Usando só uma embreagem ainda
há limitações, mas já se vê evolução. Se esta opção não combina com a sigla Sporting
e nem com o motor de 1,4 L (mesmos 85 cv), o carro melhorou muito em acabamento
e equipamentos: até câmera de ré opcional no espelho interno.
PRINCIPAL
executivo da Jaguar Land Rover, Ralph Speth, veio
ao Brasil para a pedra fundamental da nova fábrica de Itatiaia (RJ), primeira
100% do grupo, fora da Inglaterra. Confirmado o Discovery Sport nacional para o
início de 2016, continua a dúvida sobre o segundo produto. Empresa foi evasiva
na resposta, mas pelo menos não negou que estuda o sedã Jaguar XE.
INAUGURADO
na Grande São Paulo um conceito diferente de
abrigar até 400 veículos antigos de colecionadores. A empresa Box 54 se
assemelha a uma marina de barcos. Além do aluguel do estacionamento em amplo
galpão, o serviço completo inclui conservação e possibilidade de fazer
funcionar regularmente carros, motos e até tratores.
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fernando@calmon.jor.br
e twitter.com/fernandocalmon
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