Talvez poucos saibam, mas tenho uma relação especial com a motos de Mandello Del Lario, a cidade ao bordo do Lago de Como, na Itália. Trabalhei durante algum tempo com alguns amigos que resolveram fundar uma importadora de motos e ser representantes da Guzzi. Como era gente do mercado de carros usados importados, não tinham a mínima ideia do que é fazer uma empreitada desse tipo, tanto que trouxeram de cara 25 motos as nem um mínimo parafuso de peça de reposição. Foi uma luta convencer o povo da coisa não poder ir na base da garantia soy jo....
350 AURONE; CORTADOR DE PRESUNTO
Fui contratado para ser assessor de imprensa, mas como falo italiano e sou do ramo de duas rodas, ou pelo menos acho, fui assumido coisas adicionais aos poucos e quando vi estava fazendo garantia, pós-venda e estoque de peças, além de lidar com os três concessionários, que nunca acreditaram que a injeção era igual à das Ducati, portanto as peças e os manuais serviam... uma luta...e mal paga...um dia, com o coração partido fui em busca de mais prazer, já que os generosos dois mil reais por mês não eram nem parecidos com o que eu tinha que trabalhar....
500 DE 1947
A marca faz agora 90 anos, razão destas mal traçadas... Começaram três pilotos de caça (daí as asas), um deles Carlo Guzzi, em 1921 fabricando um projeto de Giulio Parodi, uma moto de um cilindro longitudinal deitado. Os 500 cm³ eram regularizados por um volante motor externo bem grandinho, até que depois da Segunda Guerra Mundial projetaram motos de baixa cilindrada e quatro tempos. Um detalhe importante que essa GuzzI de 175 cm³ foi a primeira moto do mundo a ter partida elétrica.
A GUZZI V8 COM A CARENAGEM DE LATA DE LIXO
As 500 eram muito parecidas com aquelas máquinas de fatiar presunto de padaria. Esse projeto levou a fábrica ao longo e várias mudanças de proprietários até que nos anos 60 a Guzzi projetou um motor de dois cilindros em "V" transversais (motor longitudinal) para ser usado em um minijipe para o exército Italiano. Mas a Fiat não quis saber disso e projetou um jipe chamado Campagnola, mais de acordo com o tamanho de seu célebre congênere americano. E o motor ficou lã, inclusive sendo oferecido à mesma Fiat para o 500, porém rejeitado. Como o motor estava pronto, o projetista dessa ocasião, Giulio Carcano, resolveu fazer uma moto para entrar na concorrência dos Carabinieri para uma moto de patrulha.
O MOTOR V-8 500 CM³
Desenhou uma moto com uns certos ares de Harley, grande, pesada e sólida com pneus gordos, a V7, que se tornou um ícone da paisagem italiana dos anos 60 em frente, sendo usada ate hoje tanto pela polícia Italiana bem como de vários países do mundo como Cuba. É uma moto muito bem adaptada a esse tipo de serviço, gordita, imponente e boa de durabilidade, sem truques excessivos de manutenção, portanto perdurou. Uma de suas variações foi a Idroconvert, a primeira moto do mundo com câmbio automático de conversor de torque, outra foi a Cafe Racer, uma moto esportiva que ficou lendária nos corações dos “lenhadores” de bar em suas várias séries,
A V7 ORIGINAL
Dela foram derivadas inúmeras versões sobre o mesmo tema, inclusive com umas variações de bloco pequeno. Projetadas por Lino Tonti, eram de 350 e 500 cm³, eram mais leves e maneiras, mas nunca tiveram o mesmo charme das grandes e pararam nos anos 90. Foi mais ou menos nessa época que foi instalado um sistema de freios original, em que um dos discos dianteiros era comandado pela mão e o outro pelo pé, junto com o freio traseiro, com o objetivo de facilitar a vida do piloto ao usar um só comando e poder modular a freada usando os dois dianteiros.
850 CAFE RACER
Um capitulo à parte foram as motos de corrida, com milhares de vitórias e dezenas de campeonatos nas guerras medievais entre a Gillera e a Guzzi. Foi desse tempo nos anos 50 que a Guzzi inventou a carenagem integral , chemada de "lata de lixo", que englobava a roda dianteira também. A moto mais louca jamais vista nas pistas até o advento da Honda NS 500 de pistões ovais foi a 500 V-8. Nessa época a Guzzi tinha uma mono 500 para pistas lentas e a velocíssima mas pesada V-8 para pistas mais abertas... Além do primeiro túnel de vento da indústria de motos do mundo. Uma marca ser sempre lembrada por suas motos meio Harley, meio BMW por balançar na acelerada, mas sempre com a qualidade de estrada dos veículos Italianos, sejam eles quais forem.
850 LE MANS
750 CLASSIC ATUAL
O TUNEL DE VENTO DE MANDELLO DEL LARIO
A MELHORDELAS, A V11 SPORT
UMA GUZZI V11 CAFE RACER ESCANDALOSAMENTE SEXY
UMA NO ESTILO INGLÊS, MAIS SEXY AINDA...
OS DETALHES SÓRDIDOS EM TODA SUA GRANDEZA....
2 comentários:
Aldo
disse...
Moto Guzzi... Sem a opulência das HD, sem a frieza da perfeição das BMW, mas com todo tempero das italianas. Uma bela maquina. Única.
Uma historinha que considero exemplar sobre as Guzzi.
João Guerreiro, um mecânico talentoso de Petrópolis, foi para a Califórnia trabalhar numa oficina especializada em carros esportivos clássicos europeus. Muito bem, certo dia, chega um novo profissional para se juntar à equipe, e vem montado numa Guzzi. Acontece que o sujeito era... alemão! Assim que tem a oportunidade, João lhe pergunta: –Escute aqui, o que te faz preferir uma moto italiana? E o boche responde: –Simples. Numa Guzzi eu posso sair daqui agora, ir ao Alaska e voltar, só enchendo o tanque e cuidando do óleo. Nenhuma moto alemã me dá essa tranquilidade.
2 comentários:
Moto Guzzi...
Sem a opulência das HD, sem a frieza da perfeição das BMW, mas com todo tempero das italianas.
Uma bela maquina. Única.
Uma historinha que considero exemplar sobre as Guzzi.
João Guerreiro, um mecânico talentoso de Petrópolis, foi para a Califórnia trabalhar numa oficina especializada em carros esportivos clássicos europeus. Muito bem, certo dia, chega um novo profissional para se juntar à equipe, e vem montado numa Guzzi. Acontece que o sujeito era... alemão! Assim que tem a oportunidade, João lhe pergunta: –Escute aqui, o que te faz preferir uma moto italiana? E o boche responde: –Simples. Numa Guzzi eu posso sair daqui agora, ir ao Alaska e voltar, só enchendo o tanque e cuidando do óleo. Nenhuma moto alemã me dá essa tranquilidade.
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