sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NASSER DIXIT: FABRICA DA FIAT EM PERNAMBUCO



A Fiat terá fábrica e vantagens em Pernambuco

Roberto Nasser


A Fiat Automóveis anunciará terça feira, 14, a implantação de nova fábrica de veículos no país. Será em Jaboatão dos Guararapes, na grande Recife. Aproveitará a sequencia de viagens do final do governo Lula para fazer festividade e fornecer vago desenho de seu projeto industrial, baseado na atual fábrica da TCA, fabricante de instalações elétricas automotivas.
A montadora mineira quer disseminar-se industrialmente, ampliando suas bases operacionais, hoje concentradas em Córdoba, Argentina e Betim, no Brasil, e a anúncio representará a cereja do bolo expansionista.
A Fiat brasileira tem posição ímpar relativamente à matriz: lidera o mercado brasileiro de veículos há quase uma década, e no conjunto Fiat fornece sólidos lucros ao processo de salvação e expansão. Operacionalmente, em Betim, a Fiat busca ganhos operacionais na relação veículo x m3 em sua fábrica, hoje recordista mundial em volume - 800 mil unidades/ano sob o mesmo teto.

Expansão
Embora a empresa não divulgue pontualmente seus planos ou indique os veículos a ser produzidos após implementar fisicamente e equipar as antigas instalações do que foi a primeira montadora de veículos da região, a Willys-Overland, inaugurada em 1965, o pacote legal baseando tal expansão permite muitos planos, incluindo importação-exportação facilitados pelo vizinho Porto de Suape, Pe. A Medida Provisória 512, de 25 de novembro, ampliou, em nome do desenvolvimento regional, as vantagens oferecidas pela Lei 9440 de 1997, e que permitiu a instalação de três montadoras: Troller, hoje a base de operações incentivadas da Ford; MMC – Mitsubishi; e CAOA em Goiás e, na operação de autopeças, a expansão das Baterias Moura e da TCA. Pacote amplo, reduz o IPI, isenta ou reduz o Imposto de Importação sobre máquinas e componentes, pagar PIS-Cofins com créditos-prêmio, permite vender carros importados da marca com menor IPI. O crédito-prêmio sobre produção vigirá até 2020. Na prática significa margem de lucro sobre os concorrentes que não contam com tais vantagens. Das quatro líderes do mercado nacional, ditas as Quatro Grandes, Fiat, Volkswagen, GM e Ford, as marcas dos extremos terão estas facilidades.
Vantagens, incentivos, renúncias fiscais concedidas por medidas do governo tem a finalidade de dinamizar a região incentivada e desenvolver o setor. A escolha de Pernambuco ocorreu pelo fato de a TCA ter seu projeto enquadrado na Lei 9440 e pelos incentivos estaduais a ser concedidos pelo governo pernambucano. Busca-se, além do mais que os projetos incentivados realizem exportações para amortizar a conta das vantagens. No caso da TCA-Fiat projeta-se que a renúncia fiscal seja de R$ 4,5B até 2014.
A TCA foi recentemente adquirida pela MagnetiMareli, empresa Fiat de autopeças, e imagina-se que a Fiat invista aproximadamente R$ 3B na nova operação, remanejando seu projeto de aplicar R$ 10B em expansão industrial – carros, caminhões, tratores, motores, auto-peças.
Instalada em Joaboatão em 1965 ali a Willys-Overland, que acabara de perder a liderança de mercado, montou Jeeps, Rural e picape. A Ford encerrou a operação e substituiu a produção de veículos por roupas industriais, luvas, equipamentos de segurança. Após, iniciou produzir os chicotes com a instalação elétrica de seus veículos, e há mais de década vendeu a operação para a TCA, de capital argentino. A nova empresa conseguiu se enquadrar nos incentivos de fomento regional, mas com dificuldades econômicas decidiu vender suas ações – sem saber que da próxima e inesperada extensão de benefícios em muito valorizaria seus direitos...

2 comentários:

Ricardo Muza disse...

Saudade dessa dupla: Nasser e Mahar. Belos textos. Informação idem.

Helio Herbert disse...

Essas medidas são muito importantes para fixar a população em seu próprio território e evitar assim a migração para outros estados.