quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DE CARRO POR AÍ COM O NASSER


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Coluna 5310 29.dez.2010

2011. Um bom ano novo, de novo



O ano deve se encerrar com a venda de 3,36M de veículos, superando as 3,13M comercializadas em 2009. Resultado positivo contrariou previsões de especialistas e entidades apostando em retração ou empate. Ultrapassou a projeção otimista da Coluna, 0210, janeiro passado – 5% de expansão, pouco menos de 3,2M. Resultado bombado pelas eleições e seu fluxo de dinheiro, contabilizado ou não, indutores de consumo; pelo aumento de renda; pelas facilidades de financiamento; pelo incentivo da redução de impostos de amplo período para picapes e caminhões. O cenário mundial de retração ou congelamento levou o Brasil à quarta posição mundial.

2011


Para 2011 pode-se projetar crescimento percentual entre 5% e 10%, mesmo em cenário econômico diferente, sem as vendas aditivadas pelas eleições; das dificuldades como o aumento da inflação e de seus métodos de controle elevando os juros. Entretanto existirão fatores incentivadores de vendas: mesmo mantendo pífios níveis de crescimento, médios 4%, a expansão do mercado de automóveis deverá manter o índice dos últimos anos: 4 vezes superior ao crescimento do país.


Há adicionalmente como fator de indução, a sedimentação do conceito da posse do automóvel como elemento identificador de cidadania e de capacidade social – repetindo o ocorrido há 50 anos com a implantação da indústria da mobilidade no Brasil; e o espaço existente para o crescimento da massa de financiamentos relativamente ao PIB, soma de todas as riquezas produzidas pelo país. Nos países em expansão o financiamento imobiliário chega a 10%, e aqui arranhou 3,7%, mostrando amplo espaço para crescer. O financiar automóveis está na mesma categoria.


Na prática dos números: a motivação pela compra existe, e proibição das vendas sem entrada, e em prazo superior à vida confiável do veículo financiado, apenas re-acomodarão as fórmulas de criar prestações mensais do tamanho do bolso da fatia de mercado que usa financiamento. Afinal, deve-se lembrar o financiar veículos no Brasil é a atividade mais lucrativa de toda a cadeia econômica do automóvel. E será esta venda de financiamentos aditivo principal à continuidade da expansão.


Parâmetros


Mercado em crescimento atrai concorrentes estrangeiros e provoca ações domésticas. O ano será rico em novidades importadas e taxadas; importadas com isenção; domésticas.


Nem tudo são flores e, para balizar o mercado, há questões peremptórias exigindo ação política. Por exemplo: o Dólar barato relativamente ao Real insta as montadoras às compras de peças importadas, cujo percentual dentro dos carros nacionais veio crescendo e anda pela casa dos 20%. Quer dizer, a cada dia os carros nacionais estão cada vez menos nacionais, representando adicionalmente exportação de divisas, desequilíbrio da balança de pagamentos, desindustrialização interna. Ou, no balcão do seguro desemprego aumenta a fila dos metalúrgicos brasileiros cujos empregos foram suprimidos pelo crescendo das compras das auto-peças estrangeiros - que garantem vagas nos países de origem. Nesta parcela negativa deve-se observar o fato de o país mantém-se exportando itens de pouco valor agregado, para importar os manufaturados – como fazia há 50 anos.


Outro aspecto a ser olhado pelas autoridades nacionais: a crescente presença nas vitrines das montadoras aqui operando, dos automóveis feitos pela marca em países com acordos alfandegários com o Brasil. Há rápida expansão, e as marcas mais competitivas no mercado se socorrem destes produtos para enfeitar portfólios da montadora e vitrines dos concessionários. Numa olhada, entre variedade e volume, os importados beneficiados com tal isenção tributária do Mercolsul e México, estão atualizados tecnologicamente, enquanto a produção doméstica vai-se mantendo com veículos de menor preço, antigos, ou sobre eles desenvolvidos. Perigoso caminho para torná-los comparativamente em tecnologia e preços, algo de segundo nível.


Em resumo, para que se garanta a expressão nacional, há que se regrar o convívio com os veículos estrangeiros incentivados, em participação preocupantemente crescente.


Outra questão que pode criar balizamento durante 2011 é a dúvida do comprador sobre os carros chineses, aprovação ou repúdio, em especial sobre a adequabilidade ao uso local, assistência, garantia. Há uma dezena de importadores e marcas no mercado e, até agora, não existe conceito vivo sobre os novos participantes vindos da China.


Aparentemente esta referência de marco poderá surgir a partir das operações, com formidável estrutura, pelo Grupo SHC, com a marca JAC Motors. Bem sucedido profissional do ramo, titular do negócio, o eng Sérgio Habib tem experiência na implantação e conquista de mercado, tendo trazido a Citroën, convencendo-a à montagem de fábricas de veículos e motores no Brasil. Tem grandes planos com a JAC, indo desde a especificação dos modelos ao gosto brasileiro; á montagem de rede com iniciais 50 concessionários – inaugurada no dia da apresentação da marca, em março. Se vitorioso os chineses serão vistos com olhos menos críticos. Se não, ...

Atrações


Alguns veículos serão pontualmente atrativos nas ruas. Dos novos franceses luxuosos – Renault Fluence e Peugeot 408; o Duster, espécie de ponto de vista Logan sobre o atual Ford EcoSport, delineado para ser líder na categoria, a começar pela tração total, fornecida pela Nissan. O próximo Eco, produto de exportação, será maior e apresentado neste ano.


Referência importante no segmento dos pequenos, o moderno March da Nissan ocupará espaços, apesar das reduzidas dimensões. Características nitidamente urbanas, racionais, inovará no setor, como projeto nascido para ter motor 1.0, ao contrário dos outros nacionais 1.0, veículos maiores movidos por motores com a capacidade cúbica garroteada em mil cm3.



 Nissan 1.0. Micra no México, March aqui.


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Dos maiores, já em mercado, o novo Ford Edge melhorado em aparências e com grandes ganhos em conteúdo; os Jeep Grand Cherokee, sobre plataforma de utilitário esportivo Mercedes, com novo motor Pentastar V6, 3.5, 289 cv, com ótimo equilíbrio entre performance e consumo.
Marca polêmica, a Hyundai propôs desafio ao mercado. Depois das boas vendas do sedã Azera, quer substituí-lo pelo Sonata, menor e mais caro. É para preparar compradores a pagar mais caro pela nova geração do Azera? Ou para iniciar aumento de preços em toda a linha, como o fez sem justificativa com o Ix35, que deveria custar o mesmo que o substituído Tucson ?
Aliada na origem, inimigas localmente, apesar de produtos com a mesma base e pequenas diferenças, Kia e Hyundai tem ações diferentes e, após 59 mil unidades vendidas no ano passado, os concessionários Kia cobram menores preços ao importador para enfrentar os Hyundai, que gozam de incentivos e, por isto, podem ter preço final menor.


Importado importante será o Audi A1. Configurado para o mercado brasileiro, para ser pequeno e Premium, a R$ 89 mil com a proposta de ser ágil, maleável, porém transportando 4 passageiros – impossível nos concorrentes Smart e problema no Mini. Quer exibir-se como a melhor fórmula urbana e criar moda – extremamente importante para o realce da marca.
Importados deverão ser atração da Volkswagen para suprir a faixa mais elevada de preço com o Jetta e ocupar a faixa onde hoje estão os envelhecidos Polo e Golf.


Em resumo, ano bom em vendas e com boas questões para ser respondidas, iluminando o futuro. Láureas e glórias tem seu problemas e o Brasil tem adiado regulamentar e criar planos e projetos para o mercado e seus automóveis. Aliás, para evitar omissões, já fizemos quase 60M de veículos; temos registros de patentes industriais no setor; somos recordistas ocidentais em quantidade de marcas; mercado ascendente em produção e consumo; quarto mercado mundial. Porém, explique isto a um estrangeiro que não entende o porquê de não termos uma indústria nacional e um carro brasileiro. Nem projetado aqui, nem construído para as verdadeiras situações de exigência do país, um pouco diferentes dos pavimentados estacionamentos dos shopping centers, piso para o qual são os projetos estrangeiros para serem adaptados e construídos aqui.





 New Ford Fiesta hatch, mexicano, motor brasileiro, será importado


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Roda-a-Roda


Evento - Para preencher sua agenda de despedidas, projeto emocionalmente caro, o presidente Lula pediu para haver uma pedra inaugural do que será a fábrica da Fiat no porto de Suape, em seu Pernambuco. Óbvio, a Fiat atendeu, mandou construir, e fez festa, penalizando a equipe que programara estar no recesso de fim de ano.


Mais um - O sistema de automatização de câmbio batizado de Dualogic - por funcionar com dois sistemas lógicos, para uso como se fosse mecânico ou automático, chegou a mais uma versão do Punto, a 1.6.


Gente – Phillip Derderian, 52, ex-no. 1 da Chrysler no Brasil, emprego novo.OOOO Diretor na Kia. OOOO Larga experiência na Mercedes. OOOO A Kia quer vender mais de 100 mil unidades em 2011 e precisa quadros com experiência – como no caso. OOOO


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