Alta
Roda nº 878 — Fernando Calmon — 1/3/16
AJUSTAR
VELAS
A eterna rivalidade entre otimistas e pessimistas
sobre o que ocorrerá este ano com o mercado interno de veículos atingiu seu
ápice nas últimas semanas. Stefan Ketter, presidente da FCA (Fiat Chrysler
Automobiles) para a América Latina e principal executivo do grupo no Brasil, primeiro
a se manifestar a uma pergunta direta deste colunista, não fez previsões
diferentes da Anfavea, que ainda acredita em um segundo semestre de reação e um
resultado final de menos 7,5% (2016 x 2015) ou algo em torno de 2,38 milhões de
veículos leves e pesados
Ele acrescentou: "O brasileiro é
extremamente crítico quando fala de si, o que não faz sentido. É preciso
acreditar mais no seu talento, acreditar mais em nosso povo.” Uma posição surpreendente
talvez porque a Fiat, líder de mercado, tenha dois produtos novos este ano
(picape Toro já lançada e subcompacto Mobi no próximo mês). A outra marca da
FCA, Jeep, também vai bem com uma fábrica inteiramente nova em Pernambuco.
Quatro dias depois, Dan Ammann, presidente
mundial da GM, veio ao Brasil e manifestou enorme preocupação com os rumos da
economia e política brasileiras. “Teremos que reavaliar os investimentos de R$
6,5 bilhões no Brasil, se a situação não se alterar até meados de 2017”, disse
ao jornal O Estado de S. Paulo. Acrescentou que o país não é competitivo de um
modo geral, inclusive para exportar automóveis, nem que o dólar suba para R$
4,50. Ele prevê que este ano se vendam no máximo dois milhões de unidades, um
recuo expressivo de 22% que se juntando aos 27% de 2015 contra 2014, chega a
55%.
O presidente da Volkswagen do Brasil, David
Powels, dois dias depois da Ammann, reconheceu plenamente as dificuldades da
indústria automobilística, mas não falou em diminuição de investimentos e
adiamento de planos. Centrou-se na marca, que sofre desgaste de imagem com os problemas
dos motores diesel, e preferiu falar sobre os esforços para aumentar produtividade
e qualidade nas suas quatro fábricas com muito treinamento. “Continuaremos a incrementar
nossas exportações”, acrescentou.
Passaram-se mais quatro dias e o presidente
da JAC Motors, Sérgio Habib, considerado mestre das estatísticas, comparou o
que acontece hoje no Brasil com outros países que tiveram quedas bastante expressivas
nos anos recentes: EUA, Espanha, Itália e Portugal. “Nada indica que somos
diferentes dos outros. Este ano teremos nova queda superior a 20% e será
difícil chegar a dois milhões de veículos vendidos (incluídos os pesados).
Regredimos para o ano de 2006”. Quanto ao futuro foi ainda mais ácido: só entre
2022 e 2023 voltaremos ao patamar já atingido em 2013.
O balanço entre as afirmações de quatro
executivos tendem nitidamente para um tempo de suor e lágrimas. Desemprego em
alta, inflação fora da meta e desajustes fiscais de fato desanimam. William Ward,
teólogo católico inglês (1812-1882), cunhou a frase: “O pessimista se queixa do
vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.” O grande
problema do Brasil é saber como e quem vai ajustar as velas. Se os políticos
deixarem.
RODA VIVA
Entre os quatro produtos de uma nova arquitetura de compactos até 2018, tudo
indica a transformação do Fox num crossover para atender o mercado de SUVs
compactos em que a VW está ausente (CrossFox é paliativo). Mudanças devem ser
mais profundas que no Honda WR-V, na realidade uma evolução no Fit Twist com a
tradicional criatividade brasileira.
JAC
T5 é um SUV compacto que demonstra a evolução
chinesa principalmente em relação ao estilo em parceria com casas italianas de
desenho. Interior muito espaçoso, boa posição ao volante e porta-malas grande
(600 litros, mas aqui há exagero no método de medição). Suspensão passa
sensação de firmeza e segurança, apesar da altura típica desses modelos.
MOTOR de 1,5 L/127 cv (etanol) do T5 junta-se a câmbio manual de seis
marchas para reduzir consumo (automático CVT disponível em agosto). Lista de equipamentos
do T5 é generosa. Sistema multimídia com tela de 8 pol. (só encontrável em
veículos de maior porte) permite espelhar telefones Android e aplicativo Waze.
Preços são bem competitivos: R$ 59.990 a R$ 68.990.
SEGUNDO o Cesvi (Centro de Experimentação e Segurança Viária) a chave de
ignição presencial, entre outras vantagens práticas como acionar o veículo sem necessidade
de inserir a chave no painel ou coluna de direção, tem características adicionais
interessantes. Ela dificulta a localização de antenas de curto alcance e
equipamentos usados em furtos de automóveis.
SITE especializado em cotações de preços de seguros para automóveis – www.comparaonline.com.br/seguroauto
– é boa ferramenta para quem quer economizar. Não inclui a totalidade das
seguradoras, mas permite pesquisas abrangentes, em especial pelo valor da
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