Alta Roda nº 879 — Fernando Calmon — 8/3/16
POTÊNCIA
E SUV DOMINAM SALÃO
Novidades realmente não faltam na 86ª
edição do Salão do Automóvel de Genebra, a se encerrar no próximo domingo. Por
mais que se fale em modelos híbridos e elétricos, o fato é que alta potência
ainda atrai o público, mesmo muito distante do bolso dos simples mortais.
Agora a referência máxima sobe para 1.500
cv obtidos de formas diferentes. O francês Bugatti Chiron continua sendo o mais
potente apenas com motor a combustão por meio de um W-16 e quatro
turbocompressores. No caso do sueco Koenigsegg Regera trata-se de um híbrido
com três motores elétricos e um V-8 biturbo. Ainda aparece o britânico Arash AF
10 que, além de um V-8, usa quatro motores elétricos. Este pequeno fabricante
calcula a potência à maneira “esperta” de nada menos que 2.110 cv e 232 kgfm de
torque. Na realidade fica em torno dos 1.500 cv reais, mas não deixa de
surpreender.
Uma versão especial do Aventador, nomeada
Centenario (100 anos do seu fundador Ferruccio Lamborghini), graças a um aspirado
V-12/6,5 litros alcança 770 cv, potência nunca vista na marca italiana. A
Porsche faz a apresentação oficial do seu carro esporte 718 Boxster, um
roadster de quatro-cilindros turbo com potência superior ao seis-cilindros aspirado
anterior. Este não será mais o modelo de entrada da marca alemã. Seu
cupê-irmão, Cayman, assume esse posto, mas só aparece em abril no Salão de
Pequim.
Alfa Romeo apresenta a aguardada versão
“civil” do Giulia, sem os aparatos mecânicos e aerodinâmicos da versão de briga
Quadrifoglio (510 cv). Depois de sofrer atrasos, anunciou-se em Genebra que as
encomendas podem ser feitas a partir do próximo mês, mas sem marcar uma data de
entrega certa.
Os europeus já não torcem mais o nariz para
SUVs e crossovers, pois essa categoria continua a crescer e – Genebra demonstra
– nos dois extremos de preço e tamanho. A Maserati estreia o Levante, de 5
metros de comprimento, e a Audi tem o Q2 compacto, de 4,19 metros. O primeiro
será importado para o Brasil e a Audi ainda faz contas em razão dos impostos e
real enfraquecido.
A Toyota resolveu ousar em termos de estilo
no seu SUV compacto C-HR, cuja produção se inicia no México no próximo ano. De
lá vem para cá e os japoneses parecem menos preocupados com o tamanho do porta-malas,
pois o Renegade também pouco brilha nesse aspecto. Peugeot apresenta a primeira
revitalização do crossover 2008, três anos depois do lançamento lá mesmo em
Genebra. Espera-se que no máximo em um ano também chegue aqui.
E a Volkswagen também decidiu –
tardiamente, é verdade – entrar para valer nesse segmento de crossovers
compactos. O modelo conceitual T-Cross Breeze, que divide a mesma arquitetura
MQB com o Q2, aparece disfarçado em versão conversível, mas as linhas
principais estão bem nítidas. O mercado nacional tão depressivo indica que só
por volta de 2018 a produção começa aqui. Investimentos continuam, em geral,
mas os planos da maioria dos fabricantes aqui instalados estão na fase de pé no
freio e não no acelerador.
Por fim, o empenho da Renault em dar
sustentação ao segmento de monovolumes médios. Há um Scénic todo novo (4ª
geração), porém se trata, possivelmente, de uma luta inglória frente aos
crossovers.
RODA VIVA
MERCADO continuou em forte baixa nos dois primeiros meses deste ano (menos
31,3%) em relação ao mesmo período de 2015, quando ainda havia carros mais em
conta por conta do IPI reduzido. Produção caiu 31,6% para reduzir os estoques
totais de 51 para 46 dias e só foi não pior pela reação forte das exportações
que subiram 26,8% no primeiro bimestre.
TENDÊNCIA de crescimento de vendas ao exterior pode arrefecer um pouco a
queda no nível de emprego. Mês passado a Fiat contratou dois mil dos atuais colaboradores
terceirizados e isso amenizou, estatisticamente, o número total da indústria.
Incluindo veículos pesados, a indústria ocupa apenas 46% de sua capacidade
instalada em três turnos (normal é 80%).
PICAPE média Toyota Hilux mostrou-se mais refinada na avaliação da Coluna em
termos de estabilidade, dirigibilidade, equipamentos e ruído interno frente ao
modelo anterior. Bom casamento entre motor diesel/câmbio automático 6-marchas.
Suspensão tem maior curso, mas ainda sofre em pisos irregulares. Pena a falta
de capota marítima como opcional de fábrica.
SITE Focus2Move divulgou a relação dos hatches compactos (segmento mais
importante no mercado brasileiro) de maior venda na soma de todos os países
pesquisados, em 2015. Liderança é do VW Polo, seguido por Ford Fiesta, Renault
Clio, Toyota Yaris, Honda Fit, Peugeot 208, Kia Rio, Opel Corsa, Hyundai i20 e
Maruti (Suzuki) Alto.
VOLVO é reconhecida por sua ênfase à segurança e a meta de nenhum
ocupante de seus modelos morrer em acidentes até 2020. Apelo marqueteiro, pois
há colisões em que ninguém sobrevive mesmo. Exagerou nos argumentos em filme
institucional recém-lançado: www.youtube.com/watch?v=UKY6zHTH9Fg. Desrespeitou
concorrentes e até fãs do automobilismo.
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