Alta Roda nº 872 — Fernando Calmon — 19/1/16
DETROIT
SEM GRANDE IMPACTO
Foi uma das recuperações mais rápidas de
que se tem notícia. O mercado interno americano estava tão prostrado em 2009
com “apenas” 10 milhões de veículos vendidos, que nem dava para substituir a
frota sucateada a cada ano. Pois, em 2015, venderam-se 17,5 milhões de unidades,
recorde que perdurava desde 2000.
Além da crise financeira e imobiliária, o
preço de petróleo estava quatro vezes mais alto do que hoje. Essa virada se
explica por várias boas razões de fundo econômico, em especial pela exploração do
xisto ter diminuído a dependência do país de petróleo importado. O Salão de
Detroit, que vai até o próximo dia 24, tinha, assim, muito o que comemorar, mas
nem por isso apresentou tantos lançamentos de grande impacto. Na realidade,
apenas uma anomalia de cronograma, como comentou Bill Ford, dono da fabricante
homônima.
Gasolina barata impulsionou a venda de SUVs,
diminuiu a de modelos puramente elétricos (apenas 0,7% do mercado total) e até
de híbridos. Em dezembro último, por exemplo, os SUVs praticamente empataram
com os automóveis (hatches e sedãs) na preferência do consumidor, pela primeira
vez. Cada segmento ficou com quase 40% do total, sendo o restante de picapes e
monovolumes.
Entretanto, há uma severa meta de redução
de consumo de combustível fóssil imposta pelo governo americano para diminuir
emissões de CO2. A média de todos os modelos produzidos por cada
marca deverá ser de 23,2 km/l, em 2025. Dessa forma, elétricos puros (a exemplo
da versão final do Chevrolet Bolt lançado em Detroit) e híbridos plugáveis em
tomadas (caso do VW Tiguan GTE 4x4 Active Concept com bom desempenho 100%
elétrico fora de estrada) ajudarão a compensar picapes e SUVs pesados e
sedentos por combustível, mas o problema será convencer o cliente a substituí-los.
Quanto mais com a gasolina na faixa de R$ 2,40 o litro e tendência de baixa...
De interesse imediato para o Brasil, o
Cruze hatch (ver abaixo em Roda Viva) com seu estilo mais próximo ao europeu e
que agrada ao comprador aqui. Ford Fusion, produzido no México, recebeu leve
atualização estilística e já é praticamente igual ao Mondeo alemão.
Embora os monovolumes representem uma
parcela de apenas 7% do mercado americano, a FCA investiu bastante no Chrysler Pacifica,
em tudo superior ao Town & Country. É todo novo e inclui recursos como portas
corrediças e tampa traseira acionadas sem as mãos, teto solar triplo e até
aspirador de pó integrado. No campo dos ainda puramente conceituais, está o SUV
grande Kia Telluride, desenhado na Califórnia.
O Salão de Detroit deste ano destaca-se
justamente por alguns sedãs e cupês. A Mercedes-Benz lançou a nona geração do
Classe E, o mais tecnológico dos seus modelos: permite fazer ultrapassagens a
até130 km/h em modo autônomo (basta ligar a seta) e estacionar por meio de
controle remoto via aplicativo para telefone inteligente. Chegará ao Brasil no
segundo semestre. O cupê Lexus LC 500, além de linhas ousadas, é o primeiro
automóvel de tração traseira com caixa de câmbio automática de 10 marchas.
Pretende desafiar modelos das três marcas premium alemãs. O novo sedã Hyundai
Genesis G90, com grade inspirada na dos Audi, vai pelo mesmo caminho.
RODA VIVA
CRUZE já tem data de início de produção, em Rosario, Argentina, projeto chamado
lá de Fênix. Conforme fonte da Coluna, o sedã começa em maio e o hatch, em
novembro deste ano. Em geral o lançamento se dá entre dois e três meses depois.
Confirmado motor turbo (flex para o Brasil), de 1,4 litro e 150 cv cuja
montagem também será feita no país vizinho.
QUANDO a Fiat Toro chegar ao mercado em março próximo (ainda em dezembro
de 2015 o Registro Nacional de Veículos Automotores – Renavam já registrava 65
unidades emplacadas pela fábrica) surpreenderá também pelo preço. Apesar de maior
e mais cara de produzir do que o Renegade, tem IPI menor por ser picape e não
SUV. Pelo menos duas versões já têm nome: Freedom (entrada) e Volcano (topo).
ESTADO geral ao longo do tempo era o temor dos compradores de modelos
chineses. Um JAC J3 com 106.000 km rodados, cedido pelo importador, estava em
condições dentro da média, segundo o experiente engenheiro e dono de oficina Vinicius
Losacco. Resumo da avaliação: desempenho compatível, nível de ruído mais
acentuado e embreagem sem suavidade.
REFLEXO da saída de mercado de compradores de menor poder aquisitivo, os
automóveis com motores de 1 litro de cilindrada, de três e quatro cilindros,
diminuíram a participação nas vendas totais de 36,1% em 2014 para 33,8% em 2015.
Em parte devido ao avanço dos SUVs compactos. EcoSport renovado previsto para
novembro terá motor de três cilindros, mas de 1,5 litro.
TENTATIVAS de
golpe de estelionatários com a remessa de boletos falsos de cobrança do IPVA,
principalmente no Estado de São Paulo, demonstram a fragilidade do banco de
dados do Renavam. Acesso a endereços de '11proprietários não é permi+
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