Mostra no Salão de Paris liga o estilo dos carros à
evolução da moda
Entre muitos lançamentos, sempre há lugar para um
pouco de história. A cada edição do Salão de Paris há uma mostra
especial dedicada a temas da sociologia automotiva. Já houve retrospectivas
sobre os táxis do mundo, os carros na publicidade e os automóveis nos
quadrinhos.
Na edição de 2014, aberta até o próximo domingo, a
exposição no Pavilhão 8 de Porte de Versailles mostra as influências da
indústria da moda no estilo dos carros (e vice-versa).
Os modelos vão do Ford T que emprestou seu nome ao vestido pretinho
básico de Coco Chanel, em 1926, a um Smart modificado por Jeremy Scott, o
fashion designer que pôs asas nos tênis da Adidas. Acompanhe conosco esta
visita, sem tropeçar na passarela.
Volvo 240 de Hermès (1987)
Criada no século XIX para fazer arreios de cavalos, a Maison Hermès
forrou também os primeiros automóveis de luxo. Eis que, em 1987, Jean Louis
Dumas quis reviver tal tradição em seu carro particular. Como resultado, esta
prosaica caminhonete Volvo 240 ganhou o melhor acabamento do mundo!
Smart Forjeremy (2011)
As cooperações entre estilistas de moda e
fábricas de automóveis em geral se resumem à escolha de materiais para
forrações internas e cores especiais. Com Jeremy Scott, fashion designer de
estrelas como Madonna e Lady Gaga, essa união foi além: ele foi convidado pela
Smart para modificar as linhas de um Fortwo elétrico. E assim Jeremy soltou a
imaginação, adicionando cromados e incluindo na carroceria as asas que já havia
posto nos tênis da Adidas. O modelo é usado em exposições.
Mini Paul Smith (1997)
Este Mini foi modificado pelo estilista inglês Paul
Smith para o Salão de Tóquio. A pintura, com 86 faixas de cores diferentes, foi
inspirada numa saia criada pelo designer. No interior há detalhes em tons
cítricos. Apenas dois carros foram decorados desta maneira. Em 1998, contudo, o
nome de Paul Smith foi usado em uma das muitas séries especiais do Mini. Foram
1.800 exemplares com acabamento mais luxuoso e aparência bem mais discreta, sem
as listras supercoloridas: podiam ser azuis, pretos ou brancos. Só uma cor de
cada vez...
Voisin C28 Aérosport (1935)
A Avions Voisin fez alguns dos carros mais
incríveis do pré-guerra. Estar diante do C28 Aérosport emociona apaixonados por
automóveis. Cupê da época de ouro das carrocerias, é vestido com alumínio e
aerodinâmica futurista. O interior foi primorosamente forrado com couro
caramelo pela Hermès. É um símbolo do tempo em que até a moda se
inspirava no estilo Art déco e vestidos pesados eram trocados por roupas
práticas.
Range Rover Vogue (1987)
Lançado em 1970, o Range Rover foi o
pioneiro dos utilitários de luxo. Em 1981, a fábrica bolou um exemplar com
cores exclusivas e interior ainda mais caprichado — a ideia era que se
destacasse dos Range Rover comuns. O carro foi emprestado à revista
"Vogue", usado como fundo em ensaios fotográficos e levado à semana
de moda em Biarritz para promover artigos de luxo. Daí veio uma série
limitada In Vogue que, em 1983, se transformou na versão Vogue. O nome é usado
até hoje.
Mercedes C111-II (1970)
Inspirados pela Era Espacial, estilistas de moda como
Pierre Cardin criaram roupas com silhuetas futuristas e linhas geométricas,
complementadas por "capacetes de astronautas" (como se vê na foto ao
fundo). Paralelamente, a alta costura automotiva criava protótipos com linhas
puras, como o C111-II. Sua carroceria em cunha pintada de laranja metálico
esconde um motor Wankel com quatro rotores e 350cv. Isso permitia ao Mercedes
alcançar 300km/h — mas sua função principal era brilhar nos salões. Do mesmo
período e com estilos igualmente limpos e radicais são os conceitos Alfa Romeo
Carabo (1968) e o Maserati Boomerang (1971), também na exposição.
Courrèges Bulle (1969-2002)
André Courrèges fez história nos anos 60 difundindo
calças femininas, mini-saias e mini-vestidos radicalmente futuristas (com
formas geométricas e, de preferência, brancos). Mas vestuário não era tudo. Em
1969, Coqueline Courrèges, mulher de André, apaixonou-se pelos carros elétricos
e concebeu um protótipo em escala reduzida. Em 2002, ela finalmente transformou
sua maquete em realidade: La Bulle ("a bolha", em francês). Desde
então, a estilista já construiu outros dois veículos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário