quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Histórias da pista para a passarela por Jason Vogel

Mostra no Salão de Paris liga o estilo dos carros à evolução da moda

Entre muitos lançamentos, sempre há lugar para um pouco de história. A cada edição do Salão de Paris há uma mostra especial dedicada a temas da sociologia automotiva. Já houve retrospectivas sobre os táxis do mundo, os carros na publicidade e os automóveis nos quadrinhos.

Na edição de 2014, aberta até o próximo domingo, a exposição no Pavilhão 8 de Porte de Versailles mostra as influências da indústria da moda no estilo dos carros (e vice-versa).

Os modelos vão do Ford T que emprestou seu nome ao vestido pretinho básico de Coco Chanel, em 1926, a um Smart modificado por Jeremy Scott, o fashion designer que pôs asas nos tênis da Adidas. Acompanhe conosco esta visita, sem tropeçar na passarela.

Volvo 240 de Hermès (1987)


Criada no século XIX para fazer arreios de cavalos, a Maison Hermès forrou também os primeiros automóveis de luxo. Eis que, em 1987, Jean Louis Dumas quis reviver tal tradição em seu carro particular. Como resultado, esta prosaica caminhonete Volvo 240 ganhou o melhor acabamento do mundo!


Smart Forjeremy (2011)


As cooperações entre estilistas de moda e fábricas de automóveis em geral se resumem à escolha de materiais para forrações internas e cores especiais. Com Jeremy Scott, fashion designer de estrelas como Madonna e Lady Gaga, essa união foi além: ele foi convidado pela Smart para modificar as linhas de um Fortwo elétrico. E assim Jeremy soltou a imaginação, adicionando cromados e incluindo na carroceria as asas que já havia posto nos tênis da Adidas. O modelo é usado em exposições.

Mini Paul Smith (1997)


Este Mini foi modificado pelo estilista inglês Paul Smith para o Salão de Tóquio. A pintura, com 86 faixas de cores diferentes, foi inspirada numa saia criada pelo designer. No interior há detalhes em tons cítricos. Apenas dois carros foram decorados desta maneira. Em 1998, contudo, o nome de Paul Smith foi usado em uma das muitas séries especiais do Mini. Foram 1.800 exemplares com acabamento mais luxuoso e aparência bem mais discreta, sem as listras supercoloridas: podiam ser azuis, pretos ou brancos. Só uma cor de cada vez...

Voisin C28 Aérosport (1935)


A Avions Voisin fez alguns dos carros mais incríveis do pré-guerra. Estar diante do C28 Aérosport emociona apaixonados por automóveis. Cupê da época de ouro das carrocerias, é vestido com alumínio e aerodinâmica futurista. O interior foi primorosamente forrado com couro caramelo pela Hermès. É um símbolo do tempo em que até a moda se inspirava no estilo Art déco e vestidos pesados eram trocados por roupas práticas.


Range Rover Vogue (1987)


Lançado em 1970, o Range Rover foi o pioneiro dos utilitários de luxo. Em 1981, a fábrica bolou um exemplar com cores exclusivas e interior ainda mais caprichado — a ideia era que se destacasse dos Range Rover comuns. O carro foi emprestado à revista "Vogue", usado como fundo em ensaios fotográficos e levado à semana de moda em Biarritz para promover artigos de luxo. Daí veio uma série limitada In Vogue que, em 1983, se transformou na versão Vogue. O nome é usado até hoje.

Mercedes C111-II (1970)


Inspirados pela Era Espacial, estilistas de moda como Pierre Cardin criaram roupas com silhuetas futuristas e linhas geométricas, complementadas por "capacetes de astronautas" (como se vê na foto ao fundo). Paralelamente, a alta costura automotiva criava protótipos com linhas puras, como o C111-II. Sua carroceria em cunha pintada de laranja metálico esconde um motor Wankel com quatro rotores e 350cv. Isso permitia ao Mercedes alcançar 300km/h — mas sua função principal era brilhar nos salões. Do mesmo período e com estilos igualmente limpos e radicais são os conceitos Alfa Romeo Carabo (1968) e o Maserati Boomerang (1971), também na exposição.


Courrèges Bulle (1969-2002)



André Courrèges fez história nos anos 60 difundindo calças femininas, mini-saias e mini-vestidos radicalmente futuristas (com formas geométricas e, de preferência, brancos). Mas vestuário não era tudo. Em 1969, Coqueline Courrèges, mulher de André, apaixonou-se pelos carros elétricos e concebeu um protótipo em escala reduzida. Em 2002, ela finalmente transformou sua maquete em realidade: La Bulle ("a bolha", em francês). Desde então, a estilista já construiu outros dois veículos.


Nenhum comentário: