TEIMOSIAS E AS
ENCRENCAS
Durante os três dias do 23º Congresso da SAE Brasil,
realizado recentemente em São Paulo, o tema central não poderia ser mais atual.
O mote “Construindo a mobilidade inteligente – os veículos do futuro”
representa uma vasta gama de interesses e de mudanças disruptivas que a
indústria e a sociedade já iniciaram. Engenheiros da mobilidade têm enormes
desafios pela frente e, no caso do Brasil, ainda mais em razão da atual situação
econômica. A própria exposição agregada ao congresso encolheu 10% este ano.
Muitos dos avanços gravitam em torno da sigla ITS (em
inglês, Sistema Inteligente de Transportes) e suas ramificações. Além de trazer
soluções, ITS impõe novo conceitos para racionalizar o trânsito e dar mais
segurança. Afinal, em 2020, o mundo terá mais de 1,2 bilhão de veículos leves e
pesados em circulação, sem contar motos e bicicletas. Uma das preocupações é
que os automóveis mostram longevidade maior que muitas das tecnologias atualmente
nele aplicadas. Algum tipo de harmonização ou de atualização precisa ser avaliado.
Basta um exemplo. Os programas de navegação em tempo real,
disponíveis para qualquer telefone celular inteligente, começam a ser
alternativa aos caros sistemas de navegação GPS nos painéis com seus mapas que
precisam de atualização e não indicam rotas alternativas. Hoje isso é
fundamental para aproveitar melhor as vias menos congestionadas, gastar menos
tempo e combustível, sem contar menor poluição.
Sensores, câmeras e radares também já representam enorme
ganho em segurança. Citou-se o exemplo da Alemanha, onde 31% dos acidentes em
congestionamentos aconteciam porque não se freava a tempo. Computação de bordo
emite alertas e pode parar o carro de forma independente. Agora, funciona em
linha reta, mas em breve também em curvas. O que se tem certeza é de que essas
pequenas intervenções no modo de conduzir abrem as portas a sistemas autônomos plenos.
Para o palestrante Frank Karstner, da Bosch, o prazer de
dirigir sempre existirá, mas direção autônoma extinguirá os erros e as colisões.
Ivan Tocchetto, da TRW Brasil, lembrou que airbags e cintos de segurança
trabalharão de forma mais integrada e inteligente. O próprio conceito de colisões
começa a mudar depois dos exageros e voluntarismos dos programas de avaliações
de carros novos (NCAP, em inglês), especialmente o europeu e o latino. Hoje é quase
impossível um veículo pequeno alcançar cinco estrelas em proteção infantil. Mas,
a partir de 2015, serão usados também manequins de crianças de 6 a 10 anos (além de 0 a 3 anos existentes) e haverá
ainda teste contra barreira a 50
km/h (hoje, 64 km/h) apenas para o motorista.
Claro, propulsão elétrica sempre desperta grande interesse em
congressos técnicos. Porém, vozes surgiram para lembrar que por uma fração do que
se investe em carros elétricos – em especial suas baterias ou pilhas a
hidrogênio – é possível melhorar em 50% a eficiência dos motores a combustão. Ersnt
Winklhofer, do Instituto Real de Tecnologia da Suécia, passou um pito em quem apenas
aplica as mesmas técnicas de injeção direta, por exemplo, de motores a gasolina
ao etanol.
Hubert Friedl, da consultoria de engenharia AVL, relembrou
uma tendência, sempre citada e defendida nesta coluna: a distância em termos de
consumo entre motor diesel e de ciclo Otto (gasolina, etanol e gás) será
significativamente reduzida nos próximos anos. Isso reverterá a encrenca em que
os fabricantes europeus se meteram ao investir em apenas uma tecnologia e só
agora caem na realidade.
RODA VIVA
PARA a consultoria
econômica E&Y, 88% dos automóveis vendidos em 2025 terão conectividade
avançada. Até lá novos recursos estarão disponíveis e um deles é a conexão
automática de qualquer telefone celular inteligente ao sistema multimídia, logo
ao entrar no carro. Operações atuais de primeiro pareamento são demoradas, às
vezes confusas e sem padronização.
ENTRE aplicativos
mais desejados destaca-se o que leva o motorista, pela tela do celular, até uma
vaga livre em estacionamentos. Para isso é necessário que a infraestrutura
interna do local esteja preparada. Em alguns países já existe em
estacionamentos subterrâneos e o próximo passo será em pátios ao ar livre.
PREÇO já não
atrai como antes, mas Kia Soul ainda oferece vantagens de espaço interno e
acabamento/equipamentos por até R$ 92.900 com câmbio automático. Nessa nova
geração as dimensões internas e externas (menos a altura) foram ampliadas.
Motor de 1,6L/128 cv (mesmo do HB20) sofre um pouco para lidar com seus quase
1.400 kg de peso (ordem de marcha).
SALÃO do Automóvel de São Paulo, a partir do dia 30, espera atrair os mesmos 750.000 visitantes de 2012. Organizador Reed Alcantara instalará sistema de ventilação mais eficiente este ano. Essa restrição pode acabar já na edição de 2016. Um grupo francês investirá até R$ 300 milhões no atual Centro de Exposições Imigrantes e pretende conquistar este e outros salões.
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