SUSTENTÁVEL
LEVEZA DO METAL
Por Fernando Calmon
Um dos campos em que a indústria
automobilística instalada e a instalar no Brasil, de acordo com o regime
Inovar-Auto (2013-17), terá que concentrar atenções é eficiência energética. Afinal,
a média dos produtos novos vendidos (incluindo importados) por cada fabricante deverá
melhorar o consumo médio cidade/estrada em 13,6%, isto é, 1 L/15,9 km com
gasolina e 1 L/11 km com etanol.
Pode parecer objetivo modesto. Longe disso,
equivale à exigência na Europa em 2015, porém a norma de medição lá é mais
branda do que a utilizada no Brasil (NBR 7024, por sua vez baseada nos ciclos
americanos US-75 modificados).
Fabricantes
receberão ainda estímulo adicional: modelos que consumam 15,5% menos ganharão abatimento de um ponto percentual de
IPI; 18,8% menos, dois pontos percentuais de IPI. Essa meta voluntária começa
depois de 2017. Portanto, objetivo final é alcançar 1 L/17,26 km (gasolina)
e 1 L/11,96 km (etanol). Hoje, o consumo médio nacional situa-se em 1 L/14 km
(gasolina) e 1 L/9,71 km (etanol).
Atingir o alvo exige vários e onerosos aperfeiçoamentos
em motor, transmissão, aerodinâmica e peso do veículo. Injeção direta de
combustível e turbocompressor são passos essenciais, mas insuficientes. Aperfeiçoar
o coeficiente aerodinâmico é trabalhoso. Câmbio automatizado de duas embreagens
também tem custo alto.
Avançar na redução de peso parece o caminho
mais prático e rápido. Assim, ampliar o uso de alumínio está em foco.
Automóveis brasileiros, no momento, carregam apenas pouco mais de 50 kg desse
metal. A simples substituição, em carro médio-compacto, do bloco do motor em
ferro fundido, de 31 kg, por um em alumínio diminui o peso do veículo em 14,5
kg e outros 3,5 kg de forma indireta.
Reduzir massa em 10% significa economia de
5% a 7% no consumo de combustível, se bem aproveitada. Na Europa, a média é 140
kg de alumínio por automóvel. Modelos têm maior porte médio nos EUA e carregam
155 kg do metal, mas há previsão de 250 kg até 2025.
Painéis de alumínio possuem maior espessura
que um de aço, mas a economia de peso alcança 50% e chega a 65%, em função do
projeto e processo de fabricação. Podem substituir capô, portas, tampa do
porta-malas e até o teto. Uso em rodas é tradicional. Carros vendidos nos EUA terão
55% dos capôs em alumínio até 2025. Para-choques e respectivas caixas de absorção
de impacto são outras aplicações típicas.
Automóvel e alumínio nasceram, por
coincidência, no mesmo ano, 1886. Estão juntos de novo nos Mercedes-Benz, por
exemplo (foto). Ferro e aço, porém, avançaram bem mais basicamente por razão de
custo. Reciclabilidade infinita, imunidade à corrosão, condutividade térmica, ductilidade,
maleabilidade, resistência à fadiga são algumas vantagens da sustentável leveza
do metal.
Produzir alumínio primário, no entanto,
exige enorme quantidade de energia elétrica e reflete no preço. Simples troca
do bloco do motor pode encarecer o custo de um carro compacto em mais de 2%, o
que abala sua competitividade. Agora, com queda no preço da energia e corrida
em direção ao menor consumo de combustível, chegou a vez do alumínio, apesar de
plásticos e, no futuro, matérias compostos também estarem nesse jogo.
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