ESPAÇO
PARA CIMA
Por Fernando Calmon
Embora nos grandes centros urbanos dos
países centrais o crescimento da frota seja quase exclusivamente vegetativo,
ainda continua a aumentar. Como espaço para ampliação das vias está esgotado,
algo precisa acontecer para manter o fluxo de veículos no futuro dentro de
parâmetros razoáveis. Até entre os emergentes o problema de circulação vai se
agravar ao longo do tempo.
Se não se torna possível alargar ou abrir
novas ruas e avenidas, o jeito é diminuir o tamanho dos veículos. Carros
estreitos apresentam limites. Há planos da Volkswagen, mas até agora não existe
um citadino de produção seriada, de dois lugares, em que o passageiro viaje
atrás do motorista, reduzindo de forma drástica a largura. Outra forma é
encurtar o comprimento. Mas também aí os ganhos são limitados.
A única dimensão em que os automóveis podem
crescer, sem ocupar espaço viário, é para cima. Assim, mais pessoas se
acomodariam a bordo, sem agravar tanto os problemas de trânsito. Elevar o teto
aumenta área frontal e piora a aerodinâmica, porém não é problema em baixas
velocidades dos deslocamentos urbanos.
Agora surge um carro-conceito da visionária
empresa suíça Rinspeed. O fundador e principal executivo, Frank Rinderknecht,
consegue todos os anos, no Salão de Genebra, apresentar algo novo. Sempre
criativo, às vezes propõe coisas que beiram o delírio, mas dessa vez decidiu
não exagerar.
Na próxima edição do salão, de 7 a 17 de
março, Frank apresentará o microMAX que, para ele, revolucionaria a locomoção de
curta distância, capaz de juntar os meios de transporte pessoal e público. “Recursos
modernos de compartilhamento de veículos são baseados na internet e em
telefones inteligentes, em tempo real. Para ir ao trabalho ou às compras pode
consultar quem está disposto a oferecer ou aceitar uma carona. O microMAX
oferece flexibilidade única em razão dos bancos que permitem motoristas e
passageiros sentar eretos sem causar incômodos em curtas distâncias”, explica.
O carro tem apenas 3,6 metros de
comprimento (9 cm menos que um Mille, por exemplo) e espaço amplo para
motorista, três passageiros e um carrinho de bebê ou de compras. Com 2,2 metros
de altura, permite instalar bancos em que as pessoas viajam quase em pé, sem
perder muito conforto, e protegidas por cintos de segurança de três pontos. A
sensação é de estar em uma sala de casa, pois inclui máquina de café, minibar
refrigerado e sistema completo de conectividade e entretenimento.
O executivo espera que o seu veículo não
sirva apenas como táxi, mas também possa atrair pessoas engajadas na ideia do
transporte solidário e preocupadas em diminuir os congestionamentos e as
emissões de CO2. Ele também imagina que um modelo desse tipo deva utilizar
apenas propulsão elétrica. Nada comentou como conseguiria homologar o microMAX
sem bolsas de ar e itens de segurança passiva.
Viajar em posição quase em pé ou
semissentada surgiu na companhia aérea irlandesa de baixo custo Ryanair. A
proposta era diminuir ainda mais as tarifas em voos curtos, ao transportar mais
passageiros no mesmo espaço. Até os cintos de três pontos eram semelhantes. A
ideia, porém, não prosperou.
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