Alta Roda nº 726 — Fernando Calmon — 26/3/13
VOLTA
POR CIMA
Ter-se transformado no quarto maior mercado
de veículos do mundo significa, afinal, que a defasagem generalizada de modelos
lançados no País começa a desaparecer. Exemplo evidente, o todo novo Peugeot
208 chega às ruas agora em abril, apenas 11 meses depois do mercado europeu.
Posicionado no padrão mais alto de
equipamentos, o hatch compacto da marca francesa parte de R$ 39.990 (Active,
motor 1,5/93 cv) e vai a R$ 54.690 (Griffe, motor 1.6/122 cv, automático). Seu
preço de entrada, curiosamente, é igual ao do Citroën C3, marca do mesmo grupo,
só que oferece mais. No ano passado, ao contrário do resto do mundo, Citroën superou
em quase 10% as vendas da “matriz” Peugeot, sem novidades em tempo recente. A decisão
estratégica do grupo, agora, é evitar essa situação em todos os mercados. Meta
é vender de 2.500 a 3.000 unidades do 208 por mês, factível por sua
diferenciação.
Estilo arrojado, vincos marcantes e luzes diurnas
de LED (Griffe) destacam o modelo entre tantos. Com a maior distância entre
eixos dos hatches compactos (2,54 m), coloca-se muito bem em termos de espaço
interno, mas o porta-malas de 285 litros se alinha à média dos concorrentes.
Destaque para o maior teto fixo panorâmico de vidro (0,66 m²), disponível de
série a partir da versão intermediária Allure, embora o para-brisa estendido do
C3 provoque melhor sensação. Em ambos, aliás, estão ausentes as úteis alças de
teto.
Direção de assistência elétrica com regulagem
da coluna em distância/altura (de série), ar-condicionado de duas zonas de
resfriamento (inédito em compactos nacionais) e apliques cromado e preto piano
nas versões mais caras colocam o carro como referência do segmento, embora
plásticos menos rígidos fossem desejáveis. Tela de toque multimídia de 7 pol inclui
GPS (mapas da América Latina), diversos recursos e operação intuitiva.
Um dos pontos altos do carro é a posição de
guiar, diferente dos outros. Volante tem diâmetro horizontal de 35 cm (cerca de
10% menos que o convencional) e vertical de 33 cm. Permite, assim, visão do
quadro de instrumentos por cima do volante, de forma natural e desvio mínimo do
olhar. Se todos adotassem esse arranjo, não seria má ideia, pois a tendência de
uso generalizada de direção assistida dispensa volante de maior diâmetro. Regulagem
do banco em altura (de série) é fácil e de modo correto, ao contrário de
concorrentes como Onix e HB20.
Ideal no dia a dia é o motor mais potente,
porém o de 1,5 l também mostra seu valor. Acerto de suspensões muito bom, como
a grande maioria dos carros aqui afinados, apesar da altura livre do solo 1 cm
acima do versão europeia. Câmbio manual poderia ter cursos de engates mais curtos,
enquanto o automático de quatro marchas é caro (R$ 4.000) para o que oferece em
termos de suavidade.
Estratégia da Peugeot, a exemplo de outros,
é reposicionar os atuais 207 sedã e hatch em torno do R$ 30 mil. Quando o motor
de 3 cilindros/1 litro estiver disponível, em menos de um ano, o 208 terá
versão mais acessível para brigar por volume. E o SUV compacto 2008
complementará a linha no início do segundo semestre de 2014 para a árdua luta
pela quinta colocação no mercado com Hyundai, Renault, Honda e Toyota.
RODA VIVA
FORD prevê ao menos dobrar vendas, a partir de 20 de abril, do novo Fiesta
hatch graças ao início da produção em São Bernardo do Campo (SP). Antes importado
do México, só tinha versões de topo. É primeiro carro de classe mundial
produzido no município que foi berço da indústria automobilística e perdeu
investimentos ao longo do tempo por problemas sindicais.
SINCRONIZAR saída de cena do Gol G4 e entrada do inteiramente novo subcompacto
Up!, entre o final deste ano e o começo do próximo, toma as atenções da VW que
completa 60 anos no Brasil. Posicionamento de preço é segredo bem guardado.
Tanto pode posicioná-lo abaixo como acima do atual Gol G5, numa gaveta
estratégica que pode incluir realocação do Fox.
COMEÇA a se consolidar a solução híbrida para carros médios e
principalmente grandes em vários dos principais mercados mundiais do Hemisfério
Norte. No Hemisfério Sul o preço continua um grande empecilho. Primeiro híbrido
com motor turbo, VW Jetta acaba de ser lançado com objetivo de fazer frente às
boas vendas do Prius, em especial nos EUA.
RÁPIDA avaliação do Jetta híbrido, nos arredores de Genebra (Suíça), impressionou.
Apesar de a bateria acrescentar 104 kg ao peso total, quando o motor elétrico
entra em ação em paralelo ao de combustão (5-cilindros/2,5 litros) a sensação
de colar as costas no banco é quase a de um esportivo. Pormenor: ponteira de
escapamento foi escondida para lembrar um elétrico puro.
NOVA regulamentação que estimula produções brasileiras na TV por
assinatura abre oportunidades a programas dedicados ao automóvel. No próximo
dia 8, canal +Globosat, estreia Oficina Motor em horário nobre, 21 horas. Com 52
min. (uma hora, no ar) é responsabilidade da produtora carioca Midmix.
____________________________________________________
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário