quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Bristol quer voar alto novamente


Por Jason Vogel

Eis que, de repente, a Bristol mostra um novo modelo. Seria algo normal, não fosse o fato de que essa fábrica inglesa não produz um carro sequer desde 2011. Coisas de uma pequena marca de esportivos de luxo que sempre primou pela discrição.

Sua história começa logo após o fim da Segunda Guerra, quando os funcionários da fábrica de aviões Bristol Aeroplane (criadora do caça-bombardeiro Beaufighter, entre outros tantos modelos) já não tinham muito o que fazer.



Decidiram, então, unir-se à Frazer Nash, que fora representante oficial da BMW na Inglaterra antes da guerra. E foi a partir de projetos expropriados da marca alemã (os ingleses levaram até o engenheiro-chefe Fritz Fiedler) que nasceram os primeiros carros Bristol, em 1947. Eram clones britânicos do BMW 327 — e a fábrica ficava em um aeródromo.

Com o passar do tempo, vieram outros modelos, quase sempre cupês de luxo, que permaneciam por décadas em produção. De início, usavam motores Bristol com projeto BMW. Depois, adotaram os enormes V8 da Chrysler.

Quando a empresa pediu concordata e demitiu os funcionários, em março de 2011, já não produzia mais do que 20 automóveis por ano.

O recomeço



Vendida ao grupo Kamkorp, especializado em veículos elétricos, a Bristol Cars teve suas contas saneadas e foi mantida viva de maneira muito discreta: preservou somente uma concessionária, em Londres, passando a se dedicar apenas à manutenção e à restauração de carros da clientela fiel.


Agora, a surpresa: para celebrar os 70 anos da marca, a companhia anunciou que fará artesanalmente uma tiragem limitada de 70 exemplares de um novo modelo, o Bristol Bullet. A produção terá início no ano que vem em Chichester (a 210km da fábrica original, em Filton) e estima-se que cada carro custará £ 250 mil, algo como R$ 1 milhão, pela cotação atual da libra.

O estilo do novo speedster vem diretamente dos modelos 404 e 405 (fabricados entre 1953 e 1958). Estão lá mesma frente comprida, a bocarra “aberta” para o radiador, os faróis redondos e as delicadas barbatanas a ornamentar os para-lamas traseiros.


O para-brisa se resume a um defletor de ar transparente, Capota? Não há... Forrado de couro cor de caramelo, o interior encanta por ser limpo e quase sem botões.


Com carroceria inteiramente feita de fibra de carbono, o Bullet pesa apenas 1.130 quilos. Deve andar uma barbaridade, dado que seu motor é um V8 de 4,8 litros fornecido pela BMW (vejam aí outra volta às raízes).

São 375cv de potência e 51kgfm de torque, o que permite ir de 0 a 100km/h em 4s e chegar à máxima de 250km/h, limitada eletronicamente.


Fruto de um projeto batizado de “Pinnacle” (apogeu), o protótipo fez sua primeira demonstração pública, ainda com camuflagem, no festival da velocidade de Goodwood, no mês passado. Mas nem tudo é tradição: o fabricante já fala em uma futura versão movida a eletricidade.


Nenhum comentário: