Todas as indústrias asiáticas começaram copiando as tecnologias ocidentais. Isso aconteceu no Japão dos anos 50, na Coreia nos anos 80 e agora é uma prática que corre solta na China, o maior mercado do mundo atual. Com UM BILHÃO E MEIO de habitantes isolados do mundo automobilístico e uma taxa de motorização ínfima, há lugar para tudo, desde os sofisticados BMW fabricados em joint ventures até as caricaturas da LIFAN, pastiches de MINI.
Nesse mercado tão diversificado, com mais de 150 marcas, há quem tenha feito o dever de casa, como a JAC Motors, que encomendou o desenvolvimento de trens de força a empresas como a austríaca AVL e carrocerias à estúdios italianos, o que resultou em carros surpreendentes (estamos esperando um para testar). Mas não parece ser o caso do controvertido Chery QQ, apresentado essa semana ao público brasileiro.
Filho de uma controvérsia brava com a GM, que acusou a Chery de copiar um projeto de sua subsidiária coreana Daewoo, o Matiz, o Chery é o bom e o ruim juntos na mesma carroceria. Membro do que se poderia chamar de K Car no Japão, o Chery tem 3,55 m de comprimento total e pesa 890 kg, ou seja, é um carro bem pequeno, ideal para viver nas grandes cidades apinhadas do Patropi.
Aqui temos a versão Big Block com 1.100 cm³ e 68 cv, capaz de 130 km/h e zero a cem km/h em 14 segundos, e 11/15 km/l cidade/estrada. Isto é média dos Mil Flex do mercado nacional. Aliás, é contra eles que o Chery é diretamente dirigido, custando o mesmo que um Uno Mille pelado. Só que vem com todos os brinquedos, tais como ar, direção, trio elétrico, MP3, airbags e ABS de primeira geração, um nível de equipamento de fábrica nem sonhado nessa classe de preço na Terra Brasilis.
Tem um espaço interno razoável apara quatro pessoas, desde que não se vá a Brasília em um turismo bagos de pedirá. Aliás, o porta-malas não permitiria mesmo: 190 litros.
O acabamento interno não é nível Mercedes, nem poderia ser nessa classe de preço, mas é bem razoável: alguém se aplicou nisso para tirar o ar de feira livre dos plásticos, o painel tem boas informações digitais por barras, o ar funciona bem, o rádio tem som de boa qualidade.
Os problemas começam onde não é só copiar ou se inspirar, mas onde é preciso ter conhecimento de causa: o isolamento acústico – embora não esperando um Omega de silêncio a esse custo, é preciso repetir – sofre na comparação com a concorrência, os Milles e Celtas da vida. Circula na internet um vídeo feito por uma revista russa mostrando o triste fim de um Chery contra uma parede em um crash test que o destruiu totalmente, onde a coluna A quase se juntou à coluna B e a roda entrou dentro da cabina. Segundo a revista russa que o realizou, o interior teria ferido seriamente os ocupantes. A Chery do Brasil afirma categoricamente que esse teste é de sete anos atrás e que o carro evoluiu muito nesse tempo, mas evoluir no caso seria ter uma estrutura muito reforçada aplicando tecnologia a sério na coisa...
A estrutura do carro não parece muito forte, como foi possível perceber nos parcos seis km do test drive de lançamento; na Av. Pasteur, na Urca, Rio de Janeiro, as irregularidades de terreno que fariam um Mille rir causaram tremores e barulhos de suspensão assustadores, dando a impressão da casa caindo. Pior foi o comportamento na Freeway, onde andando a 80/90 por hora foi necessário usar de habilidade muito acima da média para andar reto, sinal inequívoco de falta de inclinação para trás do eixo de rotação da direção ou ângulo de cáster. Quanto mais pronunciado mais estável direcionalmente o carro fica. E isso só deve mudar com uma intervenção mais profunda de estrutura. Ou seja, é preciso segurar o volante com a ponta dos dedos e jamais se distrair em velocidades um pouco mais elevadas.
Mas o ponto alto do test drive foi uma curva no começo do Aterro, onde qualquer ônibus faz a 80 por hora sem problema e onde o Chery deu uma balançada ameaçadora, oscilando duas vezes como um Corcel I com os amortecedores traseiros mortos. Devem ser feitos pela Kibon e ter marca Marshmallow. Em suma, dependendo de ser possível dar ao menos um pouco mais de câmber e cáster na frente e achar um par de amortecedores decentes para instalar atrás, coisa fácil para uma Suspentécnica resolver, o Chery tem jeito possível.
A posição de dirigir é boa, o câmbio é fácil e macio, o carro tem bom desempenho para os 1.100 cm³. Ou seja, ele não é um horror. Na próxima geração eles já devem ter aprendido a fazer carro barato. Enquanto isso a escolha é sua: brinquedos e equipamentos ou um carro enorme em relação a ele como é o Mille, mas com menos luxos.
A estrutura do carro não parece muito forte, como foi possível perceber nos parcos seis km do test drive de lançamento; na Av. Pasteur, na Urca, Rio de Janeiro, as irregularidades de terreno que fariam um Mille rir causaram tremores e barulhos de suspensão assustadores, dando a impressão da casa caindo. Pior foi o comportamento na Freeway, onde andando a 80/90 por hora foi necessário usar de habilidade muito acima da média para andar reto, sinal inequívoco de falta de inclinação para trás do eixo de rotação da direção ou ângulo de cáster. Quanto mais pronunciado mais estável direcionalmente o carro fica. E isso só deve mudar com uma intervenção mais profunda de estrutura. Ou seja, é preciso segurar o volante com a ponta dos dedos e jamais se distrair em velocidades um pouco mais elevadas.
Mas o ponto alto do test drive foi uma curva no começo do Aterro, onde qualquer ônibus faz a 80 por hora sem problema e onde o Chery deu uma balançada ameaçadora, oscilando duas vezes como um Corcel I com os amortecedores traseiros mortos. Devem ser feitos pela Kibon e ter marca Marshmallow. Em suma, dependendo de ser possível dar ao menos um pouco mais de câmber e cáster na frente e achar um par de amortecedores decentes para instalar atrás, coisa fácil para uma Suspentécnica resolver, o Chery tem jeito possível.
A posição de dirigir é boa, o câmbio é fácil e macio, o carro tem bom desempenho para os 1.100 cm³. Ou seja, ele não é um horror. Na próxima geração eles já devem ter aprendido a fazer carro barato. Enquanto isso a escolha é sua: brinquedos e equipamentos ou um carro enorme em relação a ele como é o Mille, mas com menos luxos.
UMA SEGUNDA OPINIÃO POR MEU ASSISTENTE :
Um Carro Honesto.
Por. Thiago Valladão
FoI sob essas palavras que o Chery QQ (lê-se “Que-Que”) desembarcou em terras tupiniquins escrevendo mais um capitulo da invasão chinesa. Quinto modelo da marca que iniciou suas atividades no Brasil em meados de 2009, o QQ é um carro pensado para conviver bem com transito pesado e vagas escassas.
Com uma única versão custando pouco menos de R$23 mil, o QQ vem com um pacote de itens de série recheado, tendo destaque nos freios ABS e no Airbag duplo, itens que normalmente habitam veículos bem maiores e mais caros. Além disso, o carrinho vem também com um sistema de som com entradas auxiliares USB e cartão SD capaz de reproduzir arquivos em MP3. Possui regulagem elétrica dos faróis, luzes de neblina, direção assistida e do quase indispensável (pelo menos no calor do Rio de Janeiro) ar condicionado. Completando a vida a bordo, o compacto chinês tem bancos em um padrão de tecido agradável ao toque e aos olhos e um painel digital bem completo (com conta-giros, marcadores de temperatura e nível de combustível, data, hora e consumo instantâneo), porém de gosto duvidoso.
Saindo da marina da Glória para um breve passeio com o carrinho o mesmo demonstrou um bom casamento entre o pequeno motor de 1.1l e 16v e a caixa de velocidades, dando a impressão de ter um motor bem maior do que realmente ostenta. Com relações curtas, o pequeno motor gira alto, mas nada que incomode em um test drive de pouco mais de seis km, deixando claras as suas aptidões urbanas. Já se for cair na estrada é bom levar um cd do seu artista favorito e aumentar o som, pois o ronco pode incomodar um pouco. Ainda no Aterro, ficou claro que QQ definitivamente não foi feito para andar rápido. Com uma suspensão traseira demasiadamente mol e o carro “mexe” bastante nas curvas, passando certa insegurança ao motorista. Talvez um amortecedor traseiro com um pouco mais de carga e uma geometria diferente na suspensão resolva esse problema. Se a suspensão não agradou, os freios cumpriram e muito bem seu papel. Equipado com discos simples na frente e tambores atrás , ambos com ABS, o carro demonstrou muita desenvoltura em todo tipo de frenagem (seja apenas para diminuir a velocidade ou em uma frenagem de emergência).
Saindo do Aterro e entrando no pesado transito típico do final da tarde carioca, o QQ se sente de casa. Com seus míseros 3.5m ele entra em qualquer espaço e com uma boa área envidraçada a troca de faixas é sempre segura, pois o ponto cego é praticamente nulo. Alegria na hora de estacionar, já que o chinesinho é menor que um Ford Ka (!!!), e de abastecer pois seu pequeno tanque comporta apenas 35L de gasolina ( uma versão Flex. ainda está por vir).
Retornando a marina da Glória, observamos um bom espaço interno capaz de acomodar 3 adultos com um certo conforto. Agora se o espaço interno é bom o mesmo não se pode dizer o porta-malas. Minimalista, tem apenas 190L de capacidade, suficientes para duas pequenas malas ou algumas compras no supermercado. Como foi dito no inicio, o Chery QQ é um carro honesto, que cumpre aquilo que foi projetado para fazer e com um pouco de conforto. Por pouco menos de R$23. Mil.
3 comentários:
Imagino o erudito Mahar com todos os seus conceitos basilares de automobilismo fazendo um test drive de concessionária como um comprador de sábado a tarde acompanhado da família em algo que não sei se é a regressão do automóvel ou a evolução de um velocípede ou dos antigos "galan kart" da minha época de criança.
Meu primo está de parabéns por falar o que é preciso. Nos testes das revistas o QQ parece um pequeno Rolls-Royce.
Excelente texto como sempre, Mestre Mahar. O jornalisno automotivo brasuca precisa de mais gênios corajosos como o senhor.
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