sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

DE CARRO POR AÍ COM O NASSER






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Coluna 4912  05.dezembro.2012


As escolinhas da Ford e da Fiat
Ford e Fiat estão num programa muito interessante: oferecer informações a jornalistas, em especial sobre o conteúdo tecnológico dos veículos. Há um ganho de engenharia muito grande nos últimos anos, um aprimoramento de construção, sistemas, métodos, e os rápidos cursos se destinam a atualização sobre o quê e porquê.
No caso da Ford, o amplo leque das novidades sobre os novos motores, diesel ou flex, e o caminho traçado pela matriz do uso de menor cilindrada e uso do turbo alimentador para compensar em rendimento. Idem para transmissões de seis velocidades, do sistema de tração nas 4 rodas, o emprego de direção com assistência elétrica para reduzir consumo, e as benesses permitidas pelo uso de eletrônica – estabilidade, freios, conforto.
Na Fiat, coisa mais específica. Um curso montado em capítulos, iniciado por suspensão, demonstrando os vários tipos e aplicações. Mas incluiu um aspecto muito interessante, como começam os carros. Não é instigação da engenharia, mas de pedido da área comercial, a construção como protótipo para testes e  para otimização do conjunto mecânico, a ampla série de avaliações, o fim do mito romântico dos testadores de automóveis, verdadeiros tira teima humanos para sugerir desenvolvimentos – ou até mudança de sistema para conseguir o resultado buscado. Exemplo da avaliação da equipe de testes gerando mudanças no produto ocorreu no desenvolvimento do Gran Siena. Esbarraram nos limites de comportamento da suspensão traseira, e um diretor de escritório aceitou a ponderação de não se conseguir resultado de conforto e rolagem agradável com uma suspensão mais prática e mais barata, autorizando substituí-la por outra, mais elaborada, mais cara, porém de melhor comportamento.
Na prática outro resultado: aumenta o conhecimento dos jornalistas, levando-lhes atualização e visão mais próxima do produto.
Espera-se maior periodicidade e frequência. A escolha, inexplicável, de alguns veículos como melhor do país mostra, com clareza, que alguns jornalistas ditos especializados, devem aumentar seus conhecimentos básicos.



Os bons tempos da Volkswagen
Momento ótimo para a Volkswagen: caminha para marca possivelmente única na história, cinquenta anos de liderança de vendas em dois produtos, em mercado estrangeiro, 26 com o Gol e 24 com o Fusca; tem crescido acima da média nacional e recuperou, junto à administração maior, um patamar de status perdido há alguns anos, o de empresa na primeira linha de administração.
Piloto da estratégica recuperação tem nome: Thomas Schmall, austríaco naturalizado brasileiro, 42, administrador de empresas. No Brasil há 13 anos, foi gestor da fábrica que produzia VWs e Audis em Curitiba. Deu jeito na Volkswagen, que era fábrica com picos e vales em produtos, instalações e qualidade construtiva, ascendeu aos olhos da matriz por ter-se ligado, como agente atuante, no aproveitamento da expansão do mercado brasileiro. Os números, incluindo não divulgados lucros, o fato de o Brasil ser o segundo mercado da marca – maior que na Alemanha, menor apenas que na China – serviram de âncora para a enorme projeto de renovação de produtos, instalações, entrosamento industrial e comercial com as outras fábricas da marca.
A história da Volkswagen no Brasil tem agora três nomes que podem ser identificados com o rótulo de Fazedor. Friedrich – Fritz - Schultz-Wenk, o ex piloto da Luftwaffe, responsável pela desconhecida marca e seu insólito produto na América do Sul, agente de convencimento e partícipe da montagem da fórmula que permitiu a instalação. Levou-a de 1953 a 1968, traído por um câncer.
A VW foi plataforma para que Rudolf Leiding, seu sucessor, chegasse ao comando geral, e para que o jovem Werner Schmidt fosse presidir a Audi.
Outro fazedor, lúcido negociante, foi Wolfgang Sauer. Mais novo dos comandantes da VW no Brasil, foi cedido pela Bosch para dirigi-la. Foi a cara da VW de 1973 até 1988. Fez a transição da marca, então mono produto, para o Brasília, o Passat, o Gol. Corajoso, negociante de balcão, trocou Passats brasileiros por petróleo árabe, exportou o Voyage para os EUA.
Na renca de sucessores, figuras lamentáveis apenas tapando buraco e tornando a Volkswagen do Brasil uma ilha de produtos superados e rentáveis. Exceção para Herbert Demel, também austríaco e ex-vice presidente da Audi, que recebeu o navio com casco furado e conseguiu deter a queda e iniciar a recuperação. Fez revolução de qualidade com os produtos, reformulou a manufatura, expurgo na diretoria, e lançou o Polo, melhor dos Volkswagen.
Schmall assumiu na hora certa, após gestão apenas bem intencionada de administrador de locadora inglesa, distante de uma fábrica de automóveis, e de um engenheiro que botou ordem, deixou de perder dinheiro na produção - só. Sua promoção sinalizou ter acabado o tempo de apenas contemporizar e contar os lucros, mantendo processos de produção e produtos superados.
Sua gestão dá à Volkswagen a estrutura de competição e capacidade ascendente de vendas e participação, amplia capacidade industrial de Taubaté e da fábrica de motores em São Carlos, SP. A sagração internacional de seu prestígio deu-se com a matriz VW organizando no Brasil aMedia Night, festa mundial na noite anterior aos grandes salões do automóvel, onde reúne seus diretores e a imprensa mundial. E expor  próxima versão mundial do UP!.
Schmall é um Fazedor. O Fritz e o Sauer dos dias atuais.
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Schmall. A VW do Brasil tem outro fazedor
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Argentina se volta às pequenas fábricas
A Câmara dos Deputados na Argentina aprovou projeto que restaura a capacidade de pequenas fábrica em produzir e licenciar veículos de pequena produção. É a Lei de Autos Artesanais.
Projeto dos deputados Eduardo Amedeo e Paula Bertol, resgata uma das boas competências dos vizinhos e dá aura de legalidade local aos produtos que antes eram apenas exportados. Bom para o Mercosul, onde não mais existem estes veículos. A matéria vai ao Senado, e pela falta de oposição do governo Kirschner, deve ser aprovado.
Antigomobilismo perde Steinbruch
Um homem educado, com foco em colecionar automóveis, especialmente os nacionais. Autor de livros, em processo de implantar, no município mineiro de Monte Sião, ao lado de Águas de Lindóia, SP,  uma verdadeira disneylândia cultural do automóvel, didático museu, hotelaria.
Dedicado ao tema, criou o Alfa Romeo Clube, e foi seu aval pessoal que permitiu introduzir no país as provas dinâmicas e as corridas de automóveis antigos. Sempre interessado, disponível, participou de todas as edições do Carro do Brasil, em Brasília, pioneiro evento destinado aos nacionais. Numa das edições, quando o Veteran Car Club da cidade titubeou e ficou em dúvida, encheu uma cegonha mandando-os ao evento. Entendia sua extensão nacional, a importância para preservar a história do Brasil, e queria exibir isto claramente.
Fábio faleceu numa queda de moto. Aparentemente uma costela perfurou um pulmão e não houve agilidade no atendimento para perceber o perigoso evento.
Foi-se o bom cidadão, o amigo confiável. Fábio Steinbruch, aos 51, era o melhor e mais socialmente útil dos antigomobilistas de sua geração. Uma perda muito sentida. A Coluna por si e falando pelo Museu Nacional do Automóvel, leva à família seus sentimentos.
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Fábio Steinbruch
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Roda-a-Roda
Família – Citroën lança o segundo modelo de sua família Premium, a DS. No caso, o DS 5. Refinado em construção, couro, alumínio bouchonée, painel refletido no parabrisas, confortos como câmera de ré. Motorização festejada, o motor em sociedade com a BMW, 1.6, turbo, 165 cv, caixa automática de 6V.
Conjunto – O automóvel reúne o melhor disponível em segurança e confortos, conteúdo. Para mostrar que o processo não é importação pontual, dá garantia de 3 anos e tem plano de revisões com preços fixos. A R$ 124.900.
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Citroën DS 5. Premium – elegante e topo de linha
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Na real – Para limpar pátio, sem “micar” modelos mais antigos, a JAC diminuiu preços de seus veículos mais vendidos. O J3 foi reduzido de R$ 35.990 a R$ 33.990; J3 Turin também perdeu R$ 2 mil, indo a R$ 35.990. e J6 Diamond, de R$ 54.990 a 52.990.
Reconhecimento  O Chrysler Group foi escolhido “Anunciante do Ano” pela Advertising Age, um dos mais importantes grupos de Marketing e Mídia do mundo. Fundamentação pelas campanhas publicitárias, adequadas à crise norte americana. Seus anúncios assinados são “Imported from Detroit”. Desde 2009, sob comando da Fiat, a Chrysler recuperou mercado, de 8,.9% para 11,5%.
Lembrança – No Salão de Los Angeles a Ford aproveitou a profunda mudança que impõe aos seus luxuosos Lincoln para expor modelos antigos, demonstrando sua história.
Vizinho – Mês passado o mercado argentino caiu 12% em relação a novembro de 2011. O Gol Power superou o Chevrolet Classic.
Mais uma – A austríaca de motor KTM decidiu fabricar na Argentina, aproveitando o crescimento da região. Também quer fazer moto peças.
Mercado – Se você quer comprar carro novo, corra. A redução ao IPI irá apenas até o final do mês.
Alinhamento – O novo jipe Troller, mostrado no Salão do Automóvel, será lançado no primeiro semestre. Mudança total. Deixa a origem do modelo projetado no Ceará e passado a limpo pela Ford, e será montado sobre a maior quantidade possível de peças do picape Ranger
Bom negócio – A Mercedes conseguiu vender 2.600 chassis de ônibus OF 
2.600 chassis OF 1519 R para ônibus rural escolar. Terão carroçaria Caio e integrarão o programa “Caminho da Escola”, do Ministério da Educação. O ônibus tem maior altura, facilidade para acesso e tração nos dois eixos, para garantir trafegabilidade em estradas ruins e elameadas.
Trilhos – Nova fábrica de locomotivas em Sete Lagoas, MG, a Electro-Motive Diesel, empresa Caterpilar. O transporte ferroviário no Brasil cresce a passos muito curtos.
Gente  Carlos Roberto Henriques da Costa, 68, jornalista, fiscal da natureza em meio período. OOOO Jornalista, diretor de comunicação social da Citroën, Carlão resolveu se aposentar. OOOO Fará projetos para a indústria do automóvel. OOOO Quer mais tempo à toa. OOOO

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma pena que o "downsizing" no Brasil fique só no papel, no papo. Veículos equipados com motores 1.0 poderiam se beneficiar da adição de turbo, para melhor aproveitamento de potência e aumento na economia. Infelizmente toda vez que o tal turbo é adicionado a um motor no Brasil, a preguiça faz as fábricas desistirem de explicar a mudança para o consumidor. Toma o caminho mais fácil (e rentável) de colocar o veículo numa posição mais top e vendê-lo como esportivo, haja vistam, por exemplo, os carros Fiat equipados com o motor 1.4 T-Jet. Não venham me dizer que a tecnologia não é possível de ser fabricada no Brasil. Poupem-me. Cabe, na minha opinião, primeiro às montadoras, e em segundo à imprensa especializadas, eliminar mais esse mito de que carro com turbo é esportivo.

Wellington Cassiano
Brasília, DF