segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

FERRARI 612 SCAGLIETTI



O mito faz bater forte o coração enquanto me aproximo da escultura de alumínio – as mãozinhas suadas, trêmulas - que esperava estalando levemente no sol de São Paulo. Um amigo trabalhou muto e comprou esse carro que nunca foi avaliado no Brasil. Ele sabe usar a fera: acelera como um insano pelas avenidas de Sampa com uma trilha sonora que é o caos e a gloria ao mesmo tempo. Uma música inacreditável de uma máquina briosa e veloz. Ela pede a estrada em urros furiosos...



Lançada em 2005 como substituta da 456 GT, é ainda por alguns meses a Ferrari de quatro lugares vigente, a ser substituida em março por um derivada chamada de Ferrari FF. Esse carro é substancialmente igual, mas tem tração nas quatro rodas, o que deve torná-la ainda mais pesada. Pois apesar de todos os aluminios da carroceria e do chassi a 612 pesa mais de 1.900 kg. Mas o motor V12 de 5,7 litros tem 542 cv e 62 mkgf de torque. A cisa se torna rápida... Zero a cem km/h em 5 segundos, 330 km/h de final....confesso que não fui homem de ir até o fim do acelerador, ainda mais com o transito caótico de Saõ Paulo e da rodovia Castelo Branco.


Mas tive muito prazer assim mesmo. Um carro confortável para quatro passageiros, que veste como uma roupa esportiva de tecido macio. A posição é perfeita, o painel digital traz todo o necessário usando da melhor forma possível os instrumentos digitais e analógicos.

Um detalhe estranho é não háver alavanca de cambio como estamos acostumados, no centro do carro. Só um seletor de avante ou ré. A seleção de marchas quando em modo manual – há um modo automático total - é feita pro paletas por trás do volante. Ao acionar a da esquerda, que reduz a marcha, acontece um grito apaixonado do motor ao igualar a rotação e sente-se uma aceleração digna da Millenium Falcon.

Um pobre coitado em um carro alemão tido como veloz se aproximou demais da traseira quando o humilde escriba tentava se comportar na Castelo... O botão da hipervelocidade foi acionado e o pobrezinho desapareceu do espelho. Deve ter sido um 100 a 200 em uns cinco segundos. Medida de carro de corrida dos bons. 


Tudo nesse carro conspira contra a fleuma. Não é mais um dos carros de teste, mas uma verdadeira exaltação ao automóvel moderno da forma que pode estar desaparecendo. Dentro de alguns anos o politicamente correto vai forçar ao limbo esses supercarros em nome de um mundo alegadamente mais limpo. E menos emocionante.


Só olhar a cara dela de longe já lança adrenalina no sangue. E dirigir, nem que seja para ir ao supermercado –há espaço bom para bagagem – é uma ventura aos sentidos de quem gosta de automóiveis, que tem Passione... Só na itália seria possível fazer um carro desses, que atura mais de 1 G de aceleração lateral sem pestanejar, que se adapta ao seu modo dedirigir no momento, suave e macio quando você está devagar, firme e aderente aos limites mais extremos quando seu cérebro assim determina. É possível sentir a massa do carro, mas nunca achá-lo pesadão, lerdo de reações. 

E preciso lembrar que ali existem todas as defesas eletronicas de aceleração, frenagem e curvas, pois a casa cai fácil se tudo for desligado. Só possível para os bravos. O lado civilizado é ter direção hidráulica, ar-condicionado, trio elétrico e cambio F1, uma espécie de Duologic mais sofisticado com duas embreagens. Mecânico convencional mas de controle automatizado, é indispensável em cidades de transito como São Paulo, onde a famosa embreagem caminhonesca das Ferrari mataria os músculos da perna: uma mais grossa que a outra...


Isso tudo envelopado em um ambiente da mais fina classe italiana de design, com bancos do melhor couro macio Connoly, detalhes de pesponto nos bancos de um extremo bom gosto, um pefume de couro bem curtido como quase não há mais. Um carro para amar a estrada, para sair e andar 1.000 km sem parar, ir em busca do por do sol...com o tenor do capô ao fundo musical. Não entendo para que põem um rádio dos melhores nesse carro...



7 comentários:

Ricardo Oppi disse...

Você ouviu o som dos deuses,o vento dos deuses. Sentiu o odor dos deuses. Feliz para sempre.

Oppi

Unknown disse...

Onde eu assino pra mostrar q concordo com tudo o q vc disse?..rs....

Chahim disse...

Tá faltando a plaquinha MAHAR PRESS para colocar nos carros clicados, assim esconde a identificação do veículo e divulga o blog!
No mais, artigo bom de ler e reler!
Abraço!

Unknown disse...

Para ter poesia, um poeta.

Marcus Lauria disse...

Boa Mahar, quero dar uma voltinha também.

F250GTO disse...

Fico imaginando mesmo, o quanto as mãosinhas ficam tremulas, ao ter a oporunidade de sentar e acariciar "una bella donna" como esta "vera macchina".
E quem já teve a oportunidade de ouvir a sinfonia em sol maior para 12 cilindros, executada pela Scaglietti, já teve emoção de sobra.
Musica, poesia e belos sonhos...
Tudo ao mesmo tempo...
FORZA FERRARI!!!!!
Romeu

regi nat rock disse...

eita.
essa foi demais.
Quando tenho oportunidade de ouvir a sinfonia, meu dia está ganho.
Se puder, um dia, ter uma em minhas mãos, certamente ficarei - depois, é claro - em estado catatônico.
Que privilégio Mahar...