Alta Roda nº 890 — Fernando Calmon — 24/5/16
ESTATÍSTICAS
FURADAS
No momento em que o Brasil se volta,
finalmente, a investir em parcerias público-privadas para desatar o nó de uma
infraestrutura de altíssima deficiência cabem analisar alguns aspectos. Nada
menos de 80% das estradas brasileiras (cerca de 1,3 milhão de quilômetros no
total) não são pavimentadas. Essa proporção só se encontra em países muito
pobres.
Trata-se de referência bastante desfavorável
para uma nação que tem a quarta a maior superfície terrestre contínua do planeta
(quinta, com Alasca incluído como área descontínua dos EUA), a quinta população,
um PIB que o coloca em sétimo (tendência de cair) e um mercado interno de
veículos que já foi o quarto do mundo (hoje em sétimo e em queda). Nada
justifica uma rede asfaltada tão ridiculamente baixa dentro do conceito “rodoviarista”
de transporte de bens. Cerca de 60% das cargas viajam por caminhão e esse
percentual não é muito acima de alguns países europeus e mesmo dos EUA.
Só mais recentemente se abriu a possibilidade
de, além de conservação do piso, as concessionárias duplicarem as pistas e
mesmo construir novas vias. Outra realidade é a incapacidade do Contran de
controlar a frota real circulante. Se esse número fosse pelo menos próximo do real,
os interessados em infraestrutura estariam em condições de estimar o
crescimento do tráfego ao longo do tempo pois os contratos estabelecem, em
geral, 30 ou mais anos de concessão.
Essa falha de planejamento ocorre por
exigências exageradas para que motoristas deem baixa no veículo ao fim de sua
vida. Então são abandonados nas ruas (há multa de R$ 16.000 na cidade de São
Paulo, mas provavelmente ninguém a pagou até hoje), em galpões, deixados ao
relento no campo ou mesmo jogados em rios e represas.
Saber, porém, quantos modelos, de que marca
e tipo ainda circulam são tarefas essenciais para produção de componentes de
reposição. Por isso tanto o Sindipeças quanto a Anfavea publicam estudos há mais
de 10 anos. Em 2015, a primeira entidade estimou a frota brasileira (sem contar
motos) em 42.587.250 unidades. A segunda chegou a números bem próximos. Algo
como 35% abaixo do total divulgado pelo Contran e Detrans. Refletem apenas emplacamentos
originais (via Renavam) e um número quase irrelevante de baixas espontâneas de
registros: apenas 1,8 milhão de unidades entre 1990 e 2015. A maioria,
certamente, de seguradoras com PT (perda total) em acidentes.
Agora uma terceira fonte também estuda a
frota. A filial brasileira da consultoria Jato desenvolveu processo para
cálculo de veículos em circulação dividindo o mercado em 15 segmentos e
analisando, caso a caso, cada um deles. Estabeleceu curvas específicas de
descarte de produtos por impossibilidade mecânica de rodar ou consertar, roubos
(com desmanches) e PT. A empresa estima, em 2014, 38.564.843 veículos, uns 9%
abaixo das referências Sindipeças e Anfavea.
Em razão dos maus resultados de vendas
desde 2015 é provável a frota brasileira real diminuir, pois entrariam no
mercado menos carros e veículos pesados do que os que deixam de circular. As
futuras concessionárias de estradas que fiquem de olhos abertos.
RODA VIVA
NISSAN deu boa arrumada no meio ciclo de vida do Sentra 2017. Frente
modernizada e adição de itens de conforto e conveniência já na versão de entrada
somam-se a comando elétrico no banco de motorista e alto-falantes Bose. Agora
deixou de existir câmbio manual: todos têm o automático CVT. Melhorou economia
de combustível e a 120 km/h motor sussurra a 2.000 rpm.
QUANDO se exige mais do acelerador, mesmo na posição “L” do CVT, resposta
é um pouco lenta: rotação de torque máximo (20 kgfm) fica apenas 300 rpm abaixo
da de potência máxima (140 cv, pouco para um 2-litros aspirado). Turbo seria
ideal. Os preços aumentaram 7%, justificados por mais equipamentos, e são competitivos:
R$ 79.990 a R$ 95.990.
SOFISTICAÇÃO e equipamentos exclusivos estão no novo BMW 740 Li M Sport, sedã de
alta gama e referencial da marca alemã. Pretende vender até 100 unidades/ano ao
preço único de R$ 709.950. Nível de conforto para o passageiro do lado direito
do banco traseiro é ímpar. Alguns itens, de tão avançados, exigem homologação específica
no Brasil e não vêm agora.
VOYAGE 2017 não arrancou tão bem como o Gol em vendas. Mas a repaginada na
parte frontal e o novo painel interno (laterais continuam iguais e também a
parte traseira do sedã compacto) podem lhe dar mais fôlego. Impressiona bem o desempenho
do motor 3-cilindros/1 litro. No uso em cidade o deixa bem próximo ao
4-cilindros e com vantagem em economia.
OBSTÁCULOS no asfalto para sinalizar vias, como os temidos tachões ou
“tartarugas” e mesmo inocentes “sonorizadores”, estão proibidos por resolução
do Contran desde 2009. Mas, ainda se podem ver nas cidades e estradas em
desacordo com a lei. Afora os danos em pneus e suspensões dos veículos, essas
protuberâncias são muitas vezes causas de acidentes e danos no asfalto.
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