AJUDA EM BOA HORA
A forte
queda de vendas de veículos novos este ano, que ficará entre 22% e 25% em
relação a 2014, não se deve apenas ao clima de insegurança gerada pelas crises
política e econômica (uma autoalimenta a outra). Veio também de uma conjugação
de fatores herdada de tempos recentes. Da mesma forma que os financiamentos
foram facilitados nos tempos de aumento de poder aquisitivo, agora estão mais
restritos mesmo para aqueles que aparentemente oferecem baixo risco para bancos
e instituições de crédito.
Os erros
cometidos na condução da macroeconomia ao longo dos últimos cinco anos, mais ou
cedo ou mais tarde acabariam se refletindo em forma de aumento de inflação e aprofundamento
da recessão. Sustentar vendas por meio de reduções temporárias de impostos se
esgotou. Cria o indesejável efeito sanfona. As indústrias automobilística e de
eletrodomésticos demoraram a perceber que o movimento de antecipação de compras
cobraria alto ônus adiante. Ninguém pensou que ia dar errado, mas deu.
O consumidor
reagiu indo em direção ao carro seminovo, assim considerado aqueles com até
três anos de uso. Seu preço ficou atraente porque a desvalorização normal se
deu a partir da referência de IPI reduzido e de antes do aumento de custos com
os itens de segurança obrigatórios (airbags e ABS). No primeiro semestre deste
ano pela primeira vez o número de veículos seminovos financiados ultrapassou o
de novos.
Neste fim de
2015, porém, essa válvula de escape travou. Em outubro, a venda total de
seminovos, usados jovens (quatro a sete anos), usados veteranos (oito a onze
anos) e velhinhos (12 anos ou mais) recuou 9% em relação a setembro. É possível
que a única boa notícia do ano – comercialização de usados em alta sobre 2014 –
nem se confirme.
Ajudaria a
oxigenar o mercado se o sistema de consórcio fosse alterado. O estoque de cotas
contempladas sem que o consorciado retire o bem para o qual se inscreveu acaba
gerando distorções. No passado havia um prazo de três meses para o interessado decidir
o que comprar. Essa obrigatoriedade foi revogada em tempos de congelamento de
preços, há 20 anos, quando um carro usado chegou a ser mais caro que um novo em
razão de planos econômicos heterodoxos sempre fracassados.
O consórcio
hoje se tornou mais um instrumento de poupança paralela, sem nenhuma ação de
equilíbrio entre tempos bons e bicudos da produção de bens. Não comprar nada significa
um bom investimento com correção garantida e baixo risco. Por isso bancos de
varejo passaram a atuar neste segmento de olho na polpuda taxa de administração.
Devolver uma
cota contemplada, depois de noventa dias, para uma nova rodada de sorteio e
lance pode melhorar sensivelmente a mecânica de funcionamento de consórcios. Se
alguém não está com pressa ou não pode comprar no momento o seu veículo novo ou
usado, que ceda a vez a outro que aguarda a oportunidade muitas vezes com
ansiedade para ter acesso ao bem. O direito do consorciado que abriu mão de sua
contemplação seria naturalmente restabelecido, pois voltaria a concorrer em
novo sorteio.
Uma mudança
da regra atual poderia aquecer a economia, sem gerar efeitos colaterais ruins
no combate à inflação.
RODA VIVA
PRIMEIRA renovação em cinco anos do
Citroën Aircross, principalmente grade e faróis, acrescentou versão de entrada
por R$ 49.990 sem estepe externo. Conforme esta coluna adiantou, o monovolume
C3 Picasso parou. Motor flex de 1,5 L/93 cv (etanol) ainda mantém partida a
frio auxiliada por gasolina. Com motor de 1.6 L/122 cv e câmbio automático sai
a R$ 58.900.
AIRCROSS evoluiu em economia de
combustível porque está até 45 kg mais leve, utiliza agora direção
eletroassistida, pneus verdes e diferencial alongado em 5% para alcançar nota A
no programa de etiquetagem veicular. Tela multimídia de 7 pol. e câmera de ré
estão na versão de topo por R$ 69.290. Suspensões recalibradas melhoram a
dirigibilidade e o conforto de marcha.
OITAVA geração do Passat acaba de
chegar. Estilo segue a escola evolutiva da marca, porém sua estrutura está mais
rígida. Motor de 2 litros, turbo, sistema de injeção dupla, 220 cv/35 ,7 kgf.m e câmbio automatizado de 6 marchas
formam um conjunto instigante e eficiente. Bom espaço atrás. Impostos empurram
preço para R$ 144.500.
PERUA Mini Clubman Cooper S é pouco
fotogênica. Precisa ser vista ao vivo para se mudar de opinião e entender sua
proposta alternativa aos SUVs e crossovers atuais. Dimensões internas estão
entre os pontos altos, mas o porta-malas de 360 litros fica no limite do
aceitável. Motor 2-litros turbo de 192 cv garante agilidade. Suspensão é dura
como o preço de R$ 179.950.
ENTRE as surpreendentes mudanças de
comportamento no mercado brasileiro está a escolha do câmbio automático.
Peugeot, em campanha por tempo limitado, oferece essa opção sem custo,
equivalente a um desconto em torno de R$ 4.000. No site de classificados
Webmotors a oferta de veículos com câmbio automático cresceu 30% em um ano.
fernando@calmon.jor.br
www.facebook.com/fernando.calmon2
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