segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MALIBU, O SÍMBOLO DO RENASCIMENTO

Desde o passamento do saudoso Omega 2,2 e 4,1 em 1998 que a linha da GMB teve um indiscutível vácuo. Embora alvo de varias tentativas de ocupação com derivados do Astra, nunca foi devidamente preenchido. Enquanto o sublime Omega australiano em seus vários modelos assumiu o alto na linha de produtos com razoável sucesso - merecia mais - o buraco ficou lá até o começo de 2009, quando começou a ser importado Estados Unidos o Chevrolet Malibu LTZ, seu nome oficial.

Verdadeiro sedã de perna cruzada, o que significa a distância entre os bancos dianteiro e traseiro ser grande, o Malibu soa estranho para quem sabe o carro que levou esse nome até pouco tempo atrás, como vimos no MPress na semana passada em um post sobre carros de aparência inocente. Era um sedã de tração traseira sem maiores pretensões esportivas, como costumava ser nos carros da GM americana nos anos 80. Um resultado de engenharia assoberbada por leis antipoluição. No fim dos anos 90 chegou ao mercado americano um Malibu de tração dianteira que não era propriamente uma Brastemp, mas um raio de esperança no modernismo. Esse raio se materializou no Malibu de 2008, um filho da plataforma Epsilon de tração dianteira com o moderníssimo motor 2,4 Ecotec. Esse duo foi criado no seio da Grande Mãe para o Saab 9-5, um carro grande da marca, hoje em dia separada da GM.

Mas a qualidade do projeto remanesceu e passou ao Malibu. Esse sim é o legitimo descendente do Vectra II, com sua suspensão traseira independente multibraço capaz de perdoar muita coisa dos nossos pisos. Mesmo com seus descomunais pneus de aro 18, o Malibu absorve bem o chão ruim. A frente tem ainda algo a melhorar em uso extremo, fora do envelope esperado pelo comprador médio desse carro. Talvez pelo excessivo tamanho dos pneus a direção tenha uma passarinhada leve em aceleração muito forte em retas de piso irregular, puxando levemente de lado para lado como se passasse em cima de trilhos de trem. É preciso repetir aqui não se tratar de uma crítica importante, porque na vida normal e até um pouco mais o carro é firme, confortável e seguro. Mesmo descendo serras em ritmo forte, a pior situação para um sedã grande com tração dianteira, o vasto Chevrolet se comporta muito bem. E para quem quer um comportamento realmente esportivo está aí o Omega australiano, um atleta confirmado e diplomado. Ou o Camaro...

Mas há o reverso da medalha: quem dera que o Vectra Elite 2,4 tivesse a economia do motor bolado pela Saab. Na estrada a 110/120 constantes ele é capaz de mais de 12 km por litro, marca extraordinária para um carro de 1.600 kg e 171 cv. É a caixa de seis marchas atuando com uma relação para cada situação. Na cidade, no anda e para, ele encosta em sete por um, quase o mesmo do antigo Omega 2,2 dos anos 90. Essas são marcas extraordinárias, talvez mais importantes que o comportamento esportivo de um carro de família.

No interior, o Malibu tem um acabamento meio restrito, com muito plástico duro no painel e portas que lembra um Celta, mesmo que tenha frisos cromados em profusão, bem ao gosto de nossos irmãos do Norte. Os bancos são bastante confortáveis, envolvendo e sustentando bem o corpo. Até seu revestimento de couro sintético é macio e agradável ao toque. Os comandos estão todos bem colocados, com acionamento instintivo. O detalhe são coisas americanas como o comando do ar-condicionado e, mais importante, as paletas de para uso manual do câmbio no volante, que fazem as duas coisas nos dois lados, reduzir e alongar marchas, diferentemente do que estamos acostumados por aqui, o padrão Tiptronic de um lado para cada coisa. A frenagem é bem durável, como vimos na descida animada da serra de Friburgo. As respostas do carro são bem de acordo com sua missão na vida. A direção responde bem às ordens, o carro acelera rápido, indo de zero a 100 em dez segundos e chegando fácil a 180 km por hora, mais do que suficiente para arranjar problemas nos dias de hoje, em que o Big Brother vigia o tempo todo. E o importante, sem barulhos, vibrações e ruídos, como um bom carro de luxo: suave como a brisa da tarde. Ai, se meu Opala 4 fosse assim...

Ao fim e ao cabo dessa avaliação tão agradável de um carro americano renascido, é preciso salientar que o visual é moderno, tem boa presença de rua, um ar assim imponente que faz valer os 80 mil reais praticados para ele. Embora não seja tão extremamente bom de curva como o Fusion , no fim do dia a escolha é mais pelo visual que pela qualidade mecânica ou comportamental. Um belo carro, símbolo nítido do renascimento da GM.


Um comentário:

Unknown disse...

Zé, se me permite comentar, faltou o comando de abrir/fechar portas e vidros na chave (ele tem aquele apenso feio e desconfortável à la Fiesta) e um tiquinho mais de capricho nos painéis de porta e painel. Gostei da ergonomia, o carro me acolheu bem e tudo está bem ao alcance das mãos e pés. No quesito "carros mudernos" é dos mais bonitos e isso faz diferença hoje, com todos tão iguais. E anda legal também...