quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

AS INGLESAS DO SOL NASCENTE

Mês passado falamos da XS 650, a moto inglesa que funcionava monotonamente todos os dias, que incrivelmente tinha luz, cuja ignição era confiável, em suma, um saco de moto eficiente. Lá por 1973 a Yamaha apresentou duas motos mais evoluídas, mas de feeling ainda muito britânico: as TX 500 e 750. Ambas eram bicilíndricas e twin, tinham avanços técnicos inéditos para a época, e nem sonhados na Velha Albion: quatro válvulas por cilindro, dois comandos de válvulas no cabeçote e EIXOS CONTRA-ROTANTES e motor de quatro tempos. Imagine o leitor, uma moto de dois cilindros grande, ou média, sem vibrar! O mundo está perdido... Pesava 207 kg em ordem de marcha e tinha 48 cv a OITO MIL E QUINHENTAS RPM, rotação nunca vista em uma moto de 500 cm³. O segredo era o curso curto dos pistões. O som era mais agudo que o de uma moto inglesa, mas a maneabilidade era igual, ou melhor...pneus modernos, amortecedores decentes, um quadro de tubos circulares de boa rigidez, em suma, só coisa boa.

Ambas tinham o meu grande fetiche motociclístico, os lindíssimos aros de alumínio com as bordas reviradas. Bem mais leves que os de aço cromado, eles ajudavam a manter as rodas copiando fielmente o chão, sem pular com a inércia do peso. Isso e as primeiras suspensões decentes de moto japa foram uma revelação para quem tinha Honda CB350, a moto que vinha de fábrica com uma dobradiça no meio do quadro...
A 500 era bem leve para o seu tamanho, andava quase 180 de final e tinha um comportamento digno de uma moto de 50 kg a menos. Em uma 500 Milhas de Interlagos desses anos veio uma equipe japa oficial da Yamaha com dois jóqueis de 50 kg cada um que andavam muito bem e arrasaram contra o Denísio e o Tucano, gigantes em comparação....mas os caras eram do tipo guarda pó branco impecável: uma mancha de óleo na roupa e o hara kiri seria inevitável...ali se demonstrou que a tecnologia de quadro e suspensão das japonesas estava evoluindo, um marco importante.
A outra moto que é tema desse mês é sua irmã maior, a TX750, 5ttambém DOHC e 16 válvulas, com 67 cv e também curso curto, mas indo só a 6.100 rpm, também com eixos contra-rotantes anti-vibração. Tinha 210 kg, só três a mais que a 500, mas com porte bem maior, entre-eixos mais longo: uma moto grande. No Brasil elas vieram juntas, mas a 750 era anterior à 500 nos mercados mundiais. E pagou por isso. Tinha uma deficiência de lubrificação no virabrequim que causou um dos primeiros recalls da indústria brasileira de motos. Trocavam o motor inteiro, porque quando dava as cacca o cárter ia junto com o eixo. Mas o som era incomparável:: forte, grave e encorpado, dava prazer imenso acelerar o motão nas estradas, curtir a onda de torque do motor modernos e bom de girar, e sem vibrações insuportáveis. As famosas manoplas acolchoadas da Yamaha matavam os últimos resquícios de vibração e a moto entusiasmava. 
Eu tinha CB 500 brava na época, mas andei muito nas duas motos de amigos do peito. Engraçado, a 500 tinha guidão Manx nas canelas, bom pra acelerar e fazer curvas rápidas, mas a 750 tinha um guidão digno de uma Harley, largo e alto. E mesmo assim ela se saía bem nas curvas, com o vagalhão de torque evitando pedalar no câmbio. Era um VRRRUUUM só e vamos em frente que atrás vem gente... E as malditas rodas de alumínio que me matavam de tesão e inveja...bons tempos...

2 comentários:

Helio Herbert disse...

Minhas motos preferidas na época.
Em 1974 comprei uma XSF1 650 1972
e em 1976 comprei uma TX 650-B
Tenho foto delas em meu blog.
www.helioherbert.blogspot.com/

Milton disse...

Já salvei a foto da amarela com faixas no meu notebook, grandes motos, saudades.

ABS