terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A CADILLAC 1968 DA POSSE



O outro carro da cerimônia de posse sábado passado foi um veiculo que me atrai muito. Talvez um lado perverso e pervertido de minha alma, nesses tempos tão verdes e politicamente corretos, GOSTA MUITO da Cadillac 1968 Conversível. Obra-prima de proporção e design de William Mitchell, a série começou em 1965 com o mesmo chassi perimetral e durou até 1970 com evoluções estéticas e mecânicas, mas era basicamente o mesmo carro.



Em 68 a coisa estava ficando pesada para o V8 429 (7 litros) de 340 cv. Os 2.300 kg do carrinho estavam exigindo mais força. A Cadillac respondeu com uma delicadeza de 7.740 cm³, o primeiro 472. Sua potência máxima era de 375 cv a 4.400 rpm. Mas o torque, hermanito, era digno de Scania: 71,2 kgfm a 3.000 rpm. Simplesmente o maior motor de carro de linha até aquele momento, só superado em alguns anos depois, quando foi aumentado para 8.200 cm³ por causa das leis antipoluição que lhe roubaram potência. Mas o pesinho continuava a ser 2.300 kg... O conversível é o mais pesado dos chassis curtos, pois tem muitos reforços estruturais, como, aliás, todo conversível precisa ter pela perda da capota e sua estrutura.


Essa força toda era necessária porque até o quebra-vento era elétrico... Fora os bancos, capota, vidros, tranca da mala e o ar-condicionado capaz de refrescar uma cidade pequena, mais sentinela de farol que abaixava o facho quando vinha outro carro. Os limpadores eram articulados para varrer até o canto do para-brisa de quase dois metros de largura. Imagine então que o alternador era de 130 ampères... O resto do carro era bem convencional, com eixo rígido atrás e triângulos superpostos na frente. Nesse ano também, Hallelujah, foi oferecido pela primeira vez, ainda opcional, o freio a disco dianteiro com servo. Outra modificação foi o capô mais longo, que chegava até o para-brisa e escondia os limpadores.

Foi também o último ano dos faróis empilhados verticalmente. Esse modelo tem 3.289 mm de entre-eixos, comprimento total de 5.707 mm, largura de 2.029 mm, mais de dois metros por quase seis de comprimento... os pneus são de boa medida para um SUV: 9.00-15 significa um bom 245/75-15 de hoje.


A marcha na estrada estava mais macia ainda, com amortecedores gordos para controlar o casco da embarcação. O consumo de gasolina pura, sem álcool, era dado como 4 km/l na cidade e 6 km/l na estrada, a uns 100 por hora. Nessa velocidade o motor girava pouquíssimo, 1.800 rpm em Drive com o longo diferencial de relação 2,94:1. Ou seja: 60 km/h por 1.000 giros na última marcha, relação bem longa, como a do Malibu atual. O câmbio é o suavíssimo automático Turbo Hydramatic 400 de três marchas na coluna de direção. Sem trava no conversor, é capaz de trocas de marcha imperceptíveis. Ainda por cima, o motor era muito bem balanceado, dado o seu custo e o do carro em que ia instalado: não se percebe o funcionamento.

Só dando uma acelerada a usina balança o carro de leve. Com nervos de aço, a Cadillac pode ser levada contra sua vontade a mais de 160 quilômetros por hora, velocidade em que se sente a proximidade do Senhor... andar nessas velocidades, apesar de ter gente que embrabece esses motores e lhes espreme mais de 600 cv, não tem nada a ver. Andar nesse carro e surfar na vasta onda de torque, usar todos os confortos disponíveis e apreciar a vida com calma...
As fotos acima foram feitas por um êmulo planaltino da Fundação Mahar, do mesmo carro que foi usado no desfile da posse. Mas há mais duas que gostaria de repartir com vocês: uma ambulância 1966 no estilo "Ghostbusters", dos tempos em que não eram UTI´s móveis, e uma limusine Série 75 de fábrica, do mesmo ano. Havia uma em São Paulo, de uma imobiliária. Fina...

 

6 comentários:

Carlos Scheidecker disse...

Mahar,

Mais negócio ser o vice pelo jeito.

Já quanto a ambulância, no caso do Ghostbusters o ectomobile era na verdade um Cadillac 1959, diferente dessa da foto que é mais moderna.

Paulo Jr disse...

1965 e não 1966

Mister Fórmula Finesse disse...

A bem da verdade; eu só tinha olhos para o Cadillac - meio escondidinho - no dia da posse.

Meu coração bate mais por ele do que pelo fleumático Rolls..estou louco ou mais alguém compartilha disso?

A ecto meteor, mesmo na versão mais moderna, é linda!!

Roberto Costa disse...

Alguém saberia informar se o Cadillac também pertence ao Governo?

José Rezende - Mahar disse...

Não, foi alugado de um colecionador de Brasilia: 4 mil Reais por 5 dias.

Dino disse...

Dos Cadillacs dos anos 60 esse é o + impressionante. Afinal é a cara do Galaxie 66. hehehe Abx