ECONOMIA
EM CONTA-GOTAS
Por Fernando Calmon
Os carros brasileiros terão que cumprir
normas obrigatórias de controle de emissão de gás carbônico (CO2).
Na realidade, deverão ficar mais econômicos, pois a diminuição de consumo de
combustível é a única forma de reduzir o volume daquele gás em motores de
combustão interna. Não se discutirão nesse artigo nuances políticas da questão
– e são muitas. O foco está nas alternativas para atingir metas de economia.
Deve-se, antes, demonstrar a enorme
evolução técnica dos automóveis, nos últimos 35 anos, em termos de desempenho e
economia. O consultor inglês Roger Bishop, especialista em tecnologia
automobilística, estabeleceu comparação não entre versões de entrada do VW Golf
(carro mais vendido no mundo, somando-se o sedã Jetta dele derivado), mas dos
atléticos GTI.
O primeiro surgiu, em 1975, com motor
aspirado de 1,6 l/110 cv, injeção eletrônica indireta, peso de 810 kg,
velocidade máxima de 177 km/h. Consumo médio de gasolina: 9,5 km/l. A sexta
geração do GTI tem motor com turbocompressor de 2 l/211 cv (mais 92%), injeção
direta, peso de 1.393 kg (mais 72%), velocidade máxima de 240 km/l. O consumo médio
deste Golf, no entanto, melhorou nada menos de 30%: 13,7 km/l.
Apesar do grande salto, há muita novidade a
caminho no campo dos motores. Compressores elétricos, velas de ignição a laser
ou de plasma e até eliminação de velas, caso se chegue ao chamado diesotto em que motores a gasolina
(preferencialmente) poderão trabalhar com ignição por compressão, como se
fossem a diesel, pelo menos em parte do ciclo operacional. A propulsão híbrida,
que combina motores elétricos e a combustão, também terá forte expansão.
No entanto, há muito por fazer para tornar
um veículo mais econômico, além de trabalhar apenas no motor. As pesquisas
apontam várias partes e componentes de um automóvel a serem modificados,
visando economia direta ou indireta de combustível. Um simples sensor de
pressão de pneus, por exemplo, tem potencial de cortar o consumo em 2%, se o
motorista corrigir logo a desatenção ao item.
O estudo de Bishop apontou outras
intervenções com percentuais de redução do consumo de combustível e do CO2
associado diretamente:
Assistência elétrica: 7%
Câmbio automatizado de dupla embreagem: 5%
Regeneração de energia dos freios: 3%
Diminuição de peso: 10%
Pneus de baixa resistência ao rolamento: 3%
Direção de assistência elétrica: 4%
Melhora aerodinâmica: 3%
Redução de arrasto nos freios: 2%
O problema está nos custos agregados às
novas tecnologias. Teriam de ser repassados ao comprador do veículo, pelo menos
em parte. Não é decisão fácil porque afeta o crescimento do mercado, tanto em
países ainda com enorme potencial, como outros onde a frota precisa de
renovação e, por ser tão grande, levará a ganhos ambientais expressivos. Para complicar,
governos endividados nos países centrais contam com poucos recursos para
estímulos fiscais.
E para ninguém pensar que um Golf GTI só
melhorou, sem apresentar a conta, aqui vão referências. No caso, a Suíça, país
de moeda estável e baixíssima inflação. Em 1975, custava cerca de 16.000
francos suíços; hoje, 42.000 francos suíços. Descontada a inflação do período,
o carro teve um aumento real de quase 60%. E continuará subindo de preço.
Um comentário:
Espera um pouco! Consumo médio do golf 13,7 km/l é dose ein.
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