domingo, 23 de dezembro de 2012

DE CARRO POR AÍ COM O NASSER


de carro por aí
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Coluna 5112  19.dezembro.2012

Alfa com plataforma Mercedes e motor Ferrari. É a globalização

Alficionados  - os fãs de Alfa Romeo - aguardam uma definição da controladora Fiat. Navegando entre quedas de vendas, de participação, prejuízos no mercado italiano, e sobrevivência de ser estrangeiro entre herdeiros titulares da companhia, Sergio Marchionne, canadense, executivo no. 1, deu novos sinais. A Alfa terá, além dos carros menores e do produto desenvolvido sobre a antiga – e boa e resistente - plataforma do Marea – antecipado mundialmente pela Coluna -, produto comum com a Chrysler, automóvel maior, com a tradicional tração traseira.
Curiosidade no universo de apreciadores de marca, ainda apegados aos valores antigos, como a tradição, a composição do automóvel pode chocar: plataforma do novo Chrysler 300, base do sedã Mercedes-Benz Classe E. O motor, Ferrari pequeno, V6, 3.000 cm3, 410 cv de potência. Transmissão mecânica, automatizada por dupla embreagem, possivelmente Fiat, tração traseira.

Outro mercado
Marchionne tenteia achar caminhos de comunizar produtos. Nos menores em tamanho, motorização e preços, para faixas inferiores de mercado, os novos Alfa dividirão plataforma e mecânica com Fiats; médios com a Chrysler; para clientela superior, o grande Alfa será interpretação do Maserati Quattroporte, sedã esportivo focando competir com Porsche Panamera e BMW Serie 7. Utilizará a plataforma Mercedes, motor maior, produzido na Ferrari, V8, 3.800 cm3, e 510 cv de potência.
O Quattroporte é primeiro resultado do investimento de 1,2B Euro na Maserati, lançado na semana passada com a aparentemente entusiasmada missão de vender 13.000 unidades em 2013, e atingir 50.000 vendas no próximo exercício. 2012 deve fechar com distantes 6 mil e poucas unidades. É uma incógnita. Custa 150 mil euro, contra 141 mil pedidos pelo Panamera, e terá foco nos dois maiores mercados do mundo: EUA, para clientes acima da crise, e China.

Maserati 2013, Alfa 2014
Pergunta instigante, porque a mistura de tantas marcas num carro só ?
Simples entender. A tomada de controle da Fiat sobre todas as marcas italianas – exceto Lamborghini, assumida pela Audi – padronizou produção de plataformas e motores. Assim, o motor V8 feito na fundição da Ferrari, em Maranello, é vendido em gradação: com cabeçotes e regulagens e produto Alfa custa x; se Maserati com o trato personalístico, mais x; e muitos x quando num carro com emblema Ferrari. Não é questão de técnica, disputa, mas coisa simplória, de marketing. Um Maserati tem posição mais refinada e superior que um Alfa, e um Ferrari gravita acima de todos os italianos.
E a plataforma ? indagará àrdego ( apressado, incontido ) leitor.  Fácil. A compra da Chrysler pela Mercedes fez migrar tecnologia e padronização de produtos. Negócio acabou, a Chrysler passeou pela rua da amargura e acabou recebida e controlada pela Fiat, que encontrou coisas boas: produtos com base e tecnologia Mercedes - o Cherokee sobre plataforma dos Mercedes ML, e o novo 300 tem com base da Classe E -; e rede com 2300 concessionários.
Nesta postura industrial, quem olha Maserati vê a trilha a ser seguida pela Alfa: utilitário esportivo já batizado Levante, e sedã pequeno, o Ghibli – nome de esportivo da marca nos anos ’70. Neste, caminho inverso - tração dianteira -, gerador versão de Dodge, de Alfa e, como anunciado, Maserati mais barato.

De Alfas
A fórmula de personalizar produtos com estrutura e motorização básica comum, diz a Fiat, gerará 9 modelos Alfa até 2016, a partir de três plataformas – Punto, ex-Marea, Mercedes E – com variáveis em tamanho, formas e potências.
Para o Brasil, especula-se a adequação dos Alfa MiTo para comercialização através dos revendedores Chrysler. Entretanto, considerada a escala diminuta não parece negócio atrativo a ser aceito pela rede Chrysler, que se desdobrará para distribuir e assistir a marca.
A produção do veículo baseado na plataforma do Marea e com motorização Fiat 1.4 Turbo, gerando produto Chrysler aqui a ser chamado de Dodge Dart, e outro, Alfa, com variações de estética e de acertos mecânicos para ter espírito diferenciado, está indefinida. Era prevista imaginária fumacinha branca saindo da sala do Comitatto – o comitê gestor da Fiat Automóveis – anunciando um Habemus Alfa, mas o ano acabou para as decisões da marca ou fumaça indicando início do projeto na cidade industrial que a Fiat monta em Goiana, Pe.
Aliás, no espírito da Coluna, para acicatar novas histórias, duas notícias: fornecedor da Fiat chegou a 250 cv de potência no pequeno motor 1.4T. A cavalagem é mais que a necessária para diferenciar a versão Fiat da versão Dodge. Outra, a Fiat analisa desenvolvimento e testa Punto tracionado por motor EtorQ 1.8 com turbo. Mudanças em comandos de válvulas, programa da injeção, soprando suaves 0,6 bar acusa 240 cv e arranha 30 quilos de torque desde as baixas rotações.


Foto 1 Coluna nº 5112 maserati-quattroporte
Maserati Quattroporte. O grande Alfa será versão

Roda-a-Roda
Que coisa – Ninguém sabe ou projeta a penetração da internet na vida da gente. Exemplo recente a JAC Motors colocou filminho no Youtube, com o novo modelo J2 no tema “Parado é pop, andando é rock” , enfatizando o rendimento pelo baixo peso e o motor 1.4 VVT com 108 cv.
O que – Dura 60s, criado pela agência Ogilvy & Mather, trilha sonora Highway Star da banda inglesa Deep Purple. Em 42 horas de exibição 1 milhão de acessos. Quer ver?  https://www.youtube.com/watch?v=HgWI7KwN7Lw
Caminho – Tração integral, com o refinamento do torque variável, até agora equipamento para veículos de maior preço, tem novo foco pela Mercedes-Benz: carros menores, com motor transversal, os Classe A e B. Na prática sinaliza, a empresa espera grande crescimento neste segmento, o que inclui, como a Coluna antecipou mundialmente, o sedã Classe A produzido em Rezende, RJ.
Negócio – Forma jurídica de mandar mais, repassar tecnologia para ampliar vendas, mercados e garantir sobrevivência, a aliança Renault-Nissan e a Russian Technologies fizeram joint venture. O mercado russo é o terceiro para a Aliança e projeta-se será, a médio prazo, o maior da Europa.
Grana – Da mesma Renault, decisão de vender sua participação na Volvo Caminhões, recebendo e aplicando os US$ 1.92B na operação automóveis.
De fora – Jaguar Land Rover, empresa controlada pelo indiano grupo Tata, assinou memorando para instalar fábrica para 50 mil Land Rover/ano, na Arábia Saudita, utilizando alumínio e aço locais. Decisão sobre fábrica no Brasil, nada.
Prêmio – O pequeno Fiat 500 começa carreira ascendente no Brasil. O prêmio “Os Eleitos” da revista 4 Rodas apurou 103,3 pontos, total nunca alcançado nas 11 edições anteriores. O número, acima de 100, indica para os 2.544 proprietários consultados, o carro supera as expectativas.
Casamento – A Randon S.A. com sede em Caxias do Sul, RS, aplicará R$ 500M em fábrica em Araraquara, SP: vagões ferroviários. A cidade é cruzamento de estradas de ferro e está em área de produção sucro alcooleira. Já acertou com a Vale o fornecimento de 403 vagões.
Hermanos – Consequência da prensa que Dona Cristina Kirshner aplicou nos frequentadores do mercado argentino, exigindo nacionalização, a Agrale lá ampliará investimentos na fábrica de chassis para ônibus e aplicará US$ 12,5M no fazer tratores.
Concentração – A organização mundial da Fiat concentrará empresas: Iveco, de motores, câmbios, caminhões e ônibus, e outras marcas, como Magirus, e a área de tratores e colheitadeiras hoje sob a sigla CNH, em empresa única sub dividida em continentes.
Efeito – A América Latina será comandada por Marco Mazzu. A designação parece um trilho para levá-lo à posição regional de Capo di tutti Capi,  hoje exercida por Cledorvino Belini.
Menos uma – Outra empresa brasileira assumida por capital estrangeiro. A pioneira Branco Motores agora é da norte americana Briggs & Stratton. R$ 57M.
Si, señor – O Centro de Experimentação e Segurança Viária, CESVI, da Argentina, concedeu dos prêmios aos Ford. New Fiesta e Transit considerando-os Carro e o Furgão curto mais seguros.
De novo - Imprevisto para muitos, frustração para poucos, o Governo Federal flexibilizou a isenção de impostos para os automóveis e veículos leves. Por período maximo ate março manterá a alíquota Zero para os um-ponto-idem. Depois começa lenta ascenso para chegar aos 7% de tabela ao meio do ano. Caminhões, cujo mercado teve abalo por conta da mudança dos motores, do diesel difícil de achar, pelo aumento de preços, vistos como objetos de trabalho, manter-se-ao com Imposto sobre Produtos Industrializados igual a Zero. 
Na pratica - O Governo descobriu haver um dado mágico para promover consumo e manter empregos baixar o preço final de veículos, material de construção, linha branca, através da redução de impostos. O problema, entretanto, e um só a junção de segmentos extremos buscando resultado comum. Para a indústria automobilística, vender carros. Para os metalúrgicos, manter empregos. Mas e para o público que espera serviços e investimentos bancados pelos impostos. Interessa deixar de ter a estrada, o posto de saúde, a escola, em troca da venda de mais carros ou geladeiras:
Regra – A partir de fevereiro os motoboys, agora pomposamente ditos motofretistas, serão fiscalizados para conferir se fizeram curso de formação. As motos deverão ter placa de Aluguel e equipamentos aptos à função.
Acidentes – Fez-se o óbvio: o Ministério da Justiça juntou o de Transportes, Cidades e Saúde em torno da operação Rodovida 2012/2013, para reduzir acidentes nas estradas. Justificou José Eduardo Cardozo, da Justiça, a queda de 16,8% nas mortes com o Rodovida 2011. Fiscalização, bafômetros para mudar a tradição mortífera no fim do ano. Idéia boa, mas resta saber se haverá a parte educativa ou apenas o faturamento pelas multas por pardais ou conversinhas de Polícia Rodoviária a respeito da sede ou do custo de vida.
Antigos – Mais divertido dos eventos antigomobilísticos, o “Pé na Tábua – Corrida de Calhambeques” de 25 a 27 de janeiro, em Franca, SP, inscrições abertas. Tem os dois extremos: velocidade e marcha lenta. Primeira modalidade, esqueça: o tri campeão de Fórmula 1 vai para ganhar. Na prova de marcha lenta ganha o Fordeco que mais demorar para andar entre duas marcas e, o piloto caminha ao lado do carro, acertando os bigodes, as varetas que comandam acelerador e ignição sob o volante. Mais? www.penatabua.com

Foto 02 Coluna nº 5112 pénatabua
O gaiato cartaz do Pé na Tábua

Namoro – Finalmente Eduardo Pessoa de Melo, presidente do Auto Union DKW Club do Brasil, conseguiu se aproximar da Audi – marca sobrevivente à Auto Union. Para comemorar 33 anos do clube faz passeio de S Paulo a Jundiaí, 60 km, visita ao Centro de Peças e Competência Tecnológica e ouvem palestra sobre as novidades tecnológicas dos novos Audi.
História – É desconcertante a maneira pela qual quase todas as fábricas e importadoras de veículos no Brasil desprezam sua história. Algumas mantém grandiosos museus no país de origem, mas aqui agem como colonizadores em fugaz passagem, sem compromisso com o passado ou o futuro.
Marcos – No caso Audi, para lembrar, a Auto Union teve representação oficial no país; enorme presença através da Vemag autora de quase 120 mil unidades; foi recordista mundial em vitórias em corridas; conseguiu a maior potência sobre os motores 1.0; bateu o recorde brasileiro de velocidade. Os intelectuais de marketing da Audi não capitalizam isto.


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