Alta Roda nº 710 — Fernando Calmon — 4/12/12
NEGÓCIOS
DA CHINA
A competição no mercado brasileiro não se
faz mais apenas com lançamentos de automóveis, mas também ampliações e novas
instalações industriais. Semana passada, enquanto o Grupo SHC, de Sérgio Habib,
assentava a pedra fundamental da fábrica de Camaçari (BA) para 100.000
unidades/ano, já circulavam rumores de que o Grupo Caoa, de Carlos Andrade, anunciaria,
nas próximas semanas, investimento para aumentar a capacidade instalada (mais
60.000 veículos/ano), em Anápolis (GO), para produção de três novos modelos da
Hyundai, um deles o ix35.
A ousadia de Habib já é conhecida. Apostou
numa marca chinesa desconhecida e se preparou para a mudança dos ventos que se
delineava. Planejou a guinada de simples importador para industrial, além de
convencer a JAC Motors a acompanhá-lo, inicialmente com apenas 20% e agora com
34% de um desembolso total de R$ 1,2 bilhão. Os 3.500 novos empregos diretos da
cidade baiana se juntam aos 10.000 do pioneiro complexo da Ford, recém-ampliado
para 300.000 unidades/ano.
A fábrica estará pronta no final de 2014 e,
conforme a coluna antecipou, produzirá os sucessores da atual linha J3, hatch e
sedã, além da versão aventureira do hatch. O carro terá dimensões maiores, estilo
todo novo e lanternas traseiras de desenho ousado.
Para agitar a cerimônia, em geral insossa,
o executivo resolveu parodiar a iniciativa da cidade americana de Tulsa que, em
2007, desenterrou um Plymouth Belvedere depois de 50 anos. Agora, enterrou um
dos primeiros J3 de teste, com mensagens e objetos atuais no interior.
Pretendia mandar recuperar essa cápsula do tempo também em meio século, contudo
reduziu para 20 anos, a pedido do governador Jaques Wagner.
Habib é mestre dos números. Mostrou estudo
comparando o preço, em dólares, de um Corolla no Brasil, EUA, Alemanha, China e
Japão. Para equilibrar o poder aquisitivo, mostrou quantas unidades de Big
Macs, jeans Levi’s, TV LG, revista automobilística e valor do frete eram
necessárias para adquirir o mesmo veículo em cada país. Apesar de câmbio desfavorável
e os maiores impostos do mundo, o carro produzido aqui aparece em posição
intermediária nessa comparação, ao contrário de análises alopradas. Para ele,
“somos um país caro, em tudo”.
Simultaneamente, a empresa lançou o simpático
subcompacto J2 que recebeu mais de 300 modificações específicas para o Brasil.
O motor é o de 1,35 litro/108 cv, em substituição ao vendido na China com
apenas 1 litro. Versão única e completa sai por R$ 30.990 e inclui vidros
elétricos nas quatro portas, volante com regulagem de altura, direção de
assistência elétrica e ar-condicionado, entre outros. Apesar de possuir sensor
de estacionamento traseiro, não há sustentação para o protetor de bagagem
(porta-malas de 120 litros) e nem tampa do porta-luvas.
Ao rodar em cidade exige poucas trocas de
marcha pois a massa do J2 é de apenas 915 kg. Ótimo para estacionar, com apenas
3,53 m de comprimento (1 cm menos que o Fiat 500). A agilidade ao ultrapassar
em estrada é sua característica, porém em velocidades mais altas surge certa
imprecisão direcional. A visibilidade dos instrumentos precisa melhorar a
exemplo de outros modelos da marca.
RODA VIVA
PRESIDENTE da aliança Renault Nissan, Carlos Ghosn, havia comentado, poucos
dias antes de Habib, a questão dos preços no Brasil. Chamou atenção para altos
custos e impostos. Afirmou que margens de lucro aqui se assemelham às de Europa
e Japão. Disse ainda que, entre países emergentes, Rússia tem operações mais
rentáveis do que no Brasil.
FUSCA perdeu algumas ligações com o carro original, mas evoluiu graças ao
competente trem de força (motor turbo, 200 cv, câmbios manual e automatizado de
dupla embreagem, seis marchas), suspensão e interior. Posição de dirigir é
impar e visibilidade à frente melhorou pela coluna dianteira reposiocionada.
Preços: R$ 76.600 a R$ 80.990.
VOLKSWAGEN lança agora sedã-cupê reformulado CC, seu automóvel topo de linha,
por R$ 208.024. Tração nas quatro rodas, motor V6/300 cv/35,6 kgf.m e câmbio
automatizado de dupla embreagem. Há recursos sofisticados: assistência ao estacionar
em vagas paralelas e perpendiculares, detector de fadiga e abertura do
porta-malas sem usar as mãos.
ECOSPORT é o primeiro veículo nacional com caixa automatizada (seis marchas)
de duas embreagens, a partir de R$ 63.390. Por enquanto, só motor 2.0/147 cv. Três
bons recursos: “creeping”, desacoplamento da embreagem em neutro e modo esporte.
Pesa 20 kg menos e até 10% mais econômica que automática convencional. Trocas
são rápidas, suaves e seleção manual no pomo da alavanca, prático.
VERSÃO 4x4 do EcoSport (começa em R$ 66.090) estreia caixa manual de seis
marchas. Único motor disponível será sempre o 2-litros. Evoluiu em relação ao
sistema anterior de acoplamento do eixo traseiro sob demanda. Agora tração nas
quatro rodas é permanente, gerenciada por diferencial eletrônico, o que melhora
desempenho fora de estrada.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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