As
escolinhas da Ford e da Fiat
Ford e Fiat estão num
programa muito interessante: oferecer informações a jornalistas, em especial
sobre o conteúdo tecnológico dos veículos. Há um ganho de engenharia muito
grande nos últimos anos, um aprimoramento de construção, sistemas, métodos, e
os rápidos cursos se destinam a atualização sobre o quê e porquê.
No caso da Ford, o amplo
leque das novidades sobre os novos motores, diesel ou flex, e o caminho traçado
pela matriz do uso de menor cilindrada e uso do turbo alimentador para
compensar em rendimento. Idem para transmissões de seis velocidades, do sistema
de tração nas 4 rodas, o emprego de direção com assistência elétrica para
reduzir consumo, e as benesses permitidas pelo uso de eletrônica –
estabilidade, freios, conforto.
Na Fiat, coisa mais
específica. Um curso montado em capítulos, iniciado por suspensão, demonstrando
os vários tipos e aplicações. Mas incluiu um aspecto muito interessante, como
começam os carros. Não é instigação da engenharia, mas de pedido da área
comercial, a construção como protótipo para testes e para otimização do conjunto
mecânico, a ampla série de avaliações, o fim do mito romântico dos testadores
de automóveis, verdadeiros tira teima humanos para sugerir desenvolvimentos –
ou até mudança de sistema para conseguir o resultado buscado. Exemplo da
avaliação da equipe de testes gerando mudanças no produto ocorreu no
desenvolvimento do Gran Siena. Esbarraram nos limites de comportamento da
suspensão traseira, e um diretor de escritório aceitou a ponderação de não se
conseguir resultado de conforto e rolagem agradável com uma suspensão mais
prática e mais barata, autorizando substituí-la por outra, mais elaborada, mais
cara, porém de melhor comportamento.
Na prática outro
resultado: aumenta o conhecimento dos jornalistas, levando-lhes atualização e
visão mais próxima do produto.
Espera-se maior
periodicidade e frequência. A escolha, inexplicável, de alguns veículos como
melhor do país mostra, com clareza, que alguns jornalistas ditos
especializados, devem aumentar seus conhecimentos básicos.
Os bons tempos da Volkswagen
Momento ótimo para a
Volkswagen: caminha para marca possivelmente única na história, cinquenta anos
de liderança de vendas em dois produtos, em mercado estrangeiro, 26 com o Gol e
24 com o Fusca; tem crescido acima da média nacional e recuperou, junto à
administração maior, um patamar de status perdido há alguns anos, o de empresa
na primeira linha de administração.
Piloto da estratégica
recuperação tem nome: Thomas Schmall, austríaco naturalizado brasileiro, 42,
administrador de empresas. No Brasil há 13 anos, foi gestor da fábrica que produzia
VWs e Audis em Curitiba. Deu jeito na Volkswagen, que era fábrica com picos e
vales em produtos, instalações e qualidade construtiva, ascendeu aos olhos da
matriz por ter-se ligado, como agente atuante, no aproveitamento da expansão do
mercado brasileiro. Os números, incluindo não divulgados lucros, o fato de o
Brasil ser o segundo mercado da marca – maior que na Alemanha, menor apenas que
na China – serviram de âncora para a enorme projeto de renovação de produtos,
instalações, entrosamento industrial e comercial com as outras fábricas da
marca.
A história da Volkswagen
no Brasil tem agora três nomes que podem ser identificados com o rótulo de Fazedor. Friedrich – Fritz - Schultz-Wenk, o ex piloto da
Luftwaffe, responsável pela desconhecida marca e seu insólito produto na
América do Sul, agente de convencimento e partícipe da montagem da fórmula que
permitiu a instalação. Levou-a de 1953 a 1968, traído por um câncer.
A VW foi plataforma para
que Rudolf Leiding, seu sucessor, chegasse ao comando geral, e para que o jovem
Werner Schmidt fosse presidir a Audi.
Outro fazedor, lúcido
negociante, foi Wolfgang Sauer. Mais novo dos comandantes da VW no Brasil, foi
cedido pela Bosch para dirigi-la. Foi a cara da VW de 1973 até 1988. Fez a
transição da marca, então mono produto, para o Brasília, o Passat, o Gol.
Corajoso, negociante de balcão, trocou Passats brasileiros por petróleo árabe,
exportou o Voyage para os EUA.
Na renca de sucessores,
figuras lamentáveis apenas tapando buraco e tornando a Volkswagen do Brasil uma
ilha de produtos superados e rentáveis. Exceção para Herbert Demel, também
austríaco e ex-vice presidente da Audi, que recebeu o navio com casco furado e
conseguiu deter a queda e iniciar a recuperação. Fez revolução de qualidade com
os produtos, reformulou a manufatura, expurgo na diretoria, e lançou o Polo,
melhor dos Volkswagen.
Schmall assumiu na hora
certa, após gestão apenas bem intencionada de administrador de locadora
inglesa, distante de uma fábrica de automóveis, e de um engenheiro que botou
ordem, deixou de perder dinheiro na produção - só. Sua promoção sinalizou ter
acabado o tempo de apenas contemporizar e contar os lucros, mantendo processos
de produção e produtos superados.
Sua gestão dá à
Volkswagen a estrutura de competição e capacidade ascendente de vendas e
participação, amplia capacidade industrial de Taubaté e da fábrica de motores
em São Carlos, SP. A sagração internacional de seu prestígio deu-se com a
matriz VW organizando no Brasil aMedia Night, festa mundial na noite
anterior aos grandes salões do automóvel, onde reúne seus diretores e a
imprensa mundial. E expor próxima
versão mundial do UP!.
Schmall é um Fazedor. O Fritz e o Sauer dos
dias atuais.
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Schmall. A VW do Brasil tem outro fazedor
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Argentina se
volta às pequenas fábricas
A Câmara dos Deputados na
Argentina aprovou projeto que restaura a capacidade de pequenas fábrica em
produzir e licenciar veículos de pequena produção. É a Lei de Autos Artesanais.
Projeto dos deputados Eduardo Amedeo e Paula Bertol, resgata uma
das boas competências dos vizinhos e dá aura de legalidade local aos produtos
que antes eram apenas exportados. Bom para o Mercosul, onde não mais existem
estes veículos. A matéria vai ao Senado, e pela falta de oposição do governo
Kirschner, deve ser aprovado.
Antigomobilismo
perde Steinbruch
Um homem
educado, com foco em colecionar automóveis, especialmente os nacionais. Autor
de livros, em processo de implantar, no município mineiro de Monte Sião, ao
lado de Águas de Lindóia, SP, uma
verdadeira disneylândia cultural do automóvel, didático museu, hotelaria.
Dedicado ao
tema, criou o Alfa Romeo Clube, e foi seu aval pessoal que permitiu introduzir
no país as provas dinâmicas e as corridas de automóveis antigos. Sempre
interessado, disponível, participou de todas as edições do Carro do Brasil, em Brasília, pioneiro evento
destinado aos nacionais. Numa das edições, quando o Veteran Car Club da cidade
titubeou e ficou em dúvida, encheu uma cegonha mandando-os ao evento. Entendia
sua extensão nacional, a importância para preservar a história do Brasil, e
queria exibir isto claramente.
Fábio
faleceu numa queda de moto. Aparentemente uma costela perfurou um pulmão e não
houve agilidade no atendimento para perceber o perigoso evento.
Foi-se o bom
cidadão, o amigo confiável. Fábio Steinbruch, aos 51, era o melhor e mais
socialmente útil dos antigomobilistas de sua geração. Uma perda muito sentida.
A Coluna por si e falando pelo Museu Nacional
do Automóvel, leva à família seus sentimentos.
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Fábio Steinbruch
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Roda-a-Roda
Família – Citroën lança o segundo modelo de sua família Premium, a DS. No caso,
o DS 5. Refinado em construção, couro, alumínio bouchonée, painel refletido no
parabrisas, confortos como câmera de ré. Motorização festejada, o motor em
sociedade com a BMW, 1.6, turbo, 165 cv, caixa automática de 6V.
Conjunto – O automóvel reúne o melhor disponível em segurança e confortos,
conteúdo. Para mostrar que o processo não é importação pontual, dá garantia de
3 anos e tem plano de revisões com preços fixos. A R$ 124.900.
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Citroën DS 5. Premium – elegante e topo de
linha
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Na
real – Para limpar pátio, sem “micar” modelos mais antigos, a JAC
diminuiu preços de seus veículos mais vendidos. O J3 foi reduzido de R$ 35.990
a R$ 33.990; J3 Turin também perdeu R$ 2 mil, indo a R$ 35.990. e J6 Diamond,
de R$ 54.990 a 52.990.
Reconhecimento – O Chrysler Group foi escolhido “Anunciante
do Ano” pela Advertising
Age, um dos mais importantes grupos de Marketing e Mídia do mundo.
Fundamentação pelas campanhas publicitárias, adequadas à crise norte americana.
Seus anúncios assinados são “Imported
from Detroit”. Desde 2009, sob comando da Fiat, a Chrysler recuperou
mercado, de 8,.9% para 11,5%.
Lembrança – No Salão de Los Angeles a Ford aproveitou a profunda mudança
que impõe aos seus luxuosos Lincoln para expor modelos antigos, demonstrando
sua história.
Vizinho – Mês passado o mercado argentino caiu 12% em
relação a novembro de 2011. O Gol Power superou o Chevrolet Classic.
Mais uma – A austríaca de motor KTM decidiu fabricar na
Argentina, aproveitando o crescimento da região. Também quer fazer moto peças.
Mercado – Se você quer comprar carro novo, corra. A
redução ao IPI irá apenas até o final do mês.
Alinhamento – O novo jipe Troller, mostrado no Salão do
Automóvel, será lançado no primeiro semestre. Mudança total. Deixa a origem do
modelo projetado no Ceará e passado a limpo pela Ford, e será montado sobre a
maior quantidade possível de peças do picape Ranger
Bom negócio – A Mercedes conseguiu vender 2.600 chassis de
ônibus OF
2.600 chassis OF 1519 R para ônibus rural escolar. Terão carroçaria Caio e integrarão o programa “Caminho da Escola”, do Ministério da Educação. O ônibus tem maior altura, facilidade para acesso e tração nos dois eixos, para garantir trafegabilidade em estradas ruins e elameadas.
2.600 chassis OF 1519 R para ônibus rural escolar. Terão carroçaria Caio e integrarão o programa “Caminho da Escola”, do Ministério da Educação. O ônibus tem maior altura, facilidade para acesso e tração nos dois eixos, para garantir trafegabilidade em estradas ruins e elameadas.
Trilhos – Nova fábrica de
locomotivas em Sete Lagoas, MG, a Electro-Motive Diesel, empresa Caterpilar. O
transporte ferroviário no Brasil cresce a passos muito curtos.
Gente – Carlos
Roberto Henriques da Costa, 68, jornalista, fiscal da natureza em meio período. OOOO Jornalista, diretor de
comunicação social da Citroën, Carlão resolveu se aposentar. OOOO Fará projetos para a
indústria do automóvel. OOOO
Quer mais tempo à toa. OOOO
Um comentário:
Uma pena que o "downsizing" no Brasil fique só no papel, no papo. Veículos equipados com motores 1.0 poderiam se beneficiar da adição de turbo, para melhor aproveitamento de potência e aumento na economia. Infelizmente toda vez que o tal turbo é adicionado a um motor no Brasil, a preguiça faz as fábricas desistirem de explicar a mudança para o consumidor. Toma o caminho mais fácil (e rentável) de colocar o veículo numa posição mais top e vendê-lo como esportivo, haja vistam, por exemplo, os carros Fiat equipados com o motor 1.4 T-Jet. Não venham me dizer que a tecnologia não é possível de ser fabricada no Brasil. Poupem-me. Cabe, na minha opinião, primeiro às montadoras, e em segundo à imprensa especializadas, eliminar mais esse mito de que carro com turbo é esportivo.
Wellington Cassiano
Brasília, DF
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