Alta Roda nº 718 — Fernando Calmon — 5/2/13
CONSCIÊNCIA
COLETIVA
Depois de algumas mudanças, a lei realmente
seca para dirigir foi regulamentada pela Resolução nº 432, do Contran, semana
passada. Este será o primeiro Carnaval em que estreia a tolerância zero para
qualquer traço de bebida alcoólica em exame de sangue ou de 0,05 mg de álcool por
litro de ar expelido captado por etilômetro (bafômetro). O segundo limite
apenas corrige um possível erro de leitura do instrumento.
Antes dessa regulamentação era possível ao
motorista tomar um copo de cerveja ou uma taça de vinho – até o dobro disso se
esperasse pelo menos duas horas para que o organismo eliminasse 50% do excesso.
A polêmica em torno da recusa de se submeter ao bafômetro, alegando direitos
constitucionais de evitar prova contra si mesmo, levou ao endurecimento da lei.
O Contran também reiterou, de resolução antecedente, os sinais de alteração de
sobriedade e outras provas: testemunhais, fotos e imagens.
Ainda se discute se o limite anterior – 0,3
mg/l – deveria ter sido reduzido pela metade para se enquadrar como crime de
trânsito. Na maioria dos países europeus o limite é de 0,25 mg/l (em alguns 0,1
mg/l ou até zero), nos EUA 0,4 mg/l (em alguns estados americanos também se
consideram outras evidências a partir de 0,25 g/l). No Japão, a legislação
mudou e foi zerado. Quem se recusa, no exterior, a soprar o bafômetro não tem
escapatória constitucional, mas nunca aparece quem aponte a realidade mundial. Aqui
nem há certeza de como agirão os tribunais, apesar da nova lei e sua
regulamentação.
Um erro comum é achar que alguém está obrigatoriamente
bêbado, quando superasse o antigo limite de 0,3 mg/l. Depende de cada organismo,
se homem ou mulher, condições de saúde, além de outras condicionantes. Ele ou ela
poderá até dirigir devagar e em linha reta, sem cometer erros, mas será
pesadamente multado, terá a carteira de habilitação suspensa, impedido de
prosseguir ou preso em flagrante, de acordo com a legislação de cada país, se
ultrapassar a indicação legal no bafômetro.
Estudo da Universidade de Yale, de 1992,
indica que há nove vezes mais chance de acidente fatal se o motorista tiver
concentrações entre 0,25 mg/l e 0,45 mg/l. Entretanto, existe no Brasil a
cultura de certa permissividade quanto ao fato de beber e, em seguida, assumir
o volante. E há também o péssimo hábito da dose de “saideira”, quando muitos já
atingiram o perigoso estágio de alegria fácil e o bom senso indicaria esquecer
o banco do motorista.
Fiscalização,
praticamente, não existia no Brasil até 2008, quando o Congresso aprovou a
chamada lei seca que, na realidade, nem era, pois até 0,1 mg/l indicado no
bafômetro nada acontecia. Hoje, em várias cidades, a fiscalização é constante,
rigorosa e alguns motoristas são presos. Mas quantos foram condenados, de fato?
Se alguns tivessem ido para a cadeia por ultrapassar o antigo limite de 0,3
mg/l, o efeito de inibição seria, provavelmente, equivalente ao de 100 blitze.
Resta saber por quanto tempo o rigor das
fiscalizações será mantido. Mas se ajudar a mudar a consciência coletiva, terá
sido um grande passo em prol da segurança do trânsito.
RODA VIVA
AINDA não se estabeleceu uma data para a BMW promover cerimônia da pedra
fundamental de sua fábrica em Araquari (SC). Cronograma de início de vendas permanece
para o final de 2014: primeiro produto é o crossover X1, seguido, a cada dois
meses, pelo hatch Série 1 e sedã Série 3. Os três modelos respondem por mais de
80% das vendas da marca aqui.
PEUGEOT considera o novo 208 como produto da virada no Brasil, a partir de
abril. Presidente mundial do grupo francês, Philippe Varin, e Thierry Peugeot,
da família controladora, estiveram em Porto Real (RJ) para lançamento industrial
do hatch. SUV compacto 2008 é para 2014, mas a empresa descarta produção do sedã
301, apesar da base comum com o 208.
MOTOR flex 2 litros/155 cv dará impulso ao Civic ano-modelo 2014, já neste
mês. Com etanol não há mais injeção de gasolina na partida em dias frios . Mostra
disposição e harmonia com câmbio automático de cinco marchas. Preço de R$
83.890 poderia incluir acessórios como retrovisor fotocrômico. Motor 1,8 litro
ganhou vida graças ao novo câmbio manual de seis marchas.
INSPEÇÃO ambiental na cidade de São Paulo tem absurdos burocráticos: a cada
ano, carros com motores dois-tempos devem pedir dispensa e quem precisar trocar
o para-brisa vai penar para obter segunda via do selo anual. Novo Secretário do
Verde e Meio Ambiente extrapolou ao comparar vidas salvas pelos cintos de
segurança e pela melhoria do ar.
PARA defender seu negócio de venda de carros usados, Associação
Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA) criticou a redução do IPI no ano
passado, que desvalorizou sua frota. Só faltava essa. Empregos salvos na
indústria não parecem ter a menor importância para a entidade. Que, aliás,
compra carros novos com descontos mais que generosos.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Um comentário:
Fernando, concordo com voce que uma eventual reducao do numero de acidentes neste Carnaval deve ser creditado ao maior numero numero de fiscalizacao do que a reducao do limite de alcool no sangue.
Como tudo no Brasil, FALTA FISCALIZACAO e PUNICAO para que este pais de a volta por cima e torne-se um lugar prazeroso de se viver.
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