Alta Roda nº 720 — Fernando Calmon — 12/2/13
MUDANÇA
DE CENÁRIO
Decisão já esperada, a Volkswagen acaba de
anunciar a produção no México da sétima geração do Golf, automóvel mais vendido
na Europa e, somada sua versão sedã Jetta, a família de modelos de maior venda
no mundo, à frente das famílias Corolla e Focus. Está prevista sua importação a
partir de 2014.
Este é mais um sinal da baixa
competitividade de produção no Brasil, pois aqui o Golf estacionou na quarta
geração. Porém, o México se fortaleceu por vários motivos. Além da moeda
desvalorizada e baixos custos trabalhistas e de fabricação, tem a vantagem de se
situar na zona de livre comércio da América do Norte, de onde importa autopeças
produzidas em escala gigantesca e, portanto, a preços menores. O país também
acertou acordos com a União Europeia e o Japão, além do Brasil/Mercosul. Não à
toa a Audi confirmou, antes, sua fábrica mexicana para 2016. De lá poderá
exportar, sem impostos, para três grandes blocos econômicos.
Novo Golf é o segundo modelo da arquitetura
MQB (sigla em alemão para Matriz Transversal Modular). A partir dela, o Grupo
VW vai desenvolver nada menos de 40 produtos, de compactos a médios-grandes e
SUVs, de cinco marcas diferentes. O Brasil está na rota da MQB, que mostra flexibilidade
de adaptação a linhas de montagem convencionais, segundo Ulrich Hackenberg, vice-presidente
do grupo. Ele declinou de comentar quando e quais modelos, mas admitiu que, se
o mercado continuar em crescimento e alcançar custos competitivos, o Golf
também poderá ser feito aqui.
Abre-se, entretanto, uma janela para
fabricação de compactos de entrada, em que o País mostra ainda ser
razoavelmente competitivo. Até pouco tempo, os grandes grupos automobilísticos tinham
margens de ganho bem pequenas em carros desse tipo e, assim, pouco interesse em
desenvolvê-los. Mas a Renault começou a mudar esse cenário ao lançar o Dacia
Logan, de sua subsidiária da Romênia, em 2004. Hoje, são seis derivações que
utilizam uma arquitetura antiga e já amortizada, da própria Renault, voltada
para oferecer bastante espaço a preço baixo. Real alternativa para quem só
podia adquirir carros usados.
Não tardou a marca se expandir. Vendeu-se
quase um milhão de unidades, em 2012, em 36 países, dois terços das quais com
logotipo francês. A lucratividade está em torno de 9% por unidade, estimada
pelo banco Morgan Stanley, muito acima das minguadas margens nos combalidos mercados
maduros, em especial Europa. Claro, outros fabricantes estão de olho.
Primeira a anunciar um projeto de baixo custo
foi a Nissan. Fará renascer a marca Datsun e utilizará plataforma Lada, marca
russa que já esteve no Brasil, e hoje na aliança Renault-Nissan. Pretende
produzir um carro por apenas 3.000 euros (R$ 8.000), fora impostos, vendê-los
em mercados como Índia, Rússia e Indonésia e ainda ganhar dinheiro.
Agora, Volkswagen e Fiat anunciaram, quase
ao mesmo tempo, estudos para esse promissor filão, igualmente com marcas novas.
Ambas precisam ver que arquiteturas poderiam lançar mão e em que países a
produção seria viável. Nada se sabe, ainda, sobre chances no Brasil, mesmo
porque até o momento carros rústicos são pouco atraentes aqui. Mas oportunidades
de exportação poderiam surgir e viabilizar a produção.
RODA VIVA
ANO começou bem com o melhor janeiro, em produção e vendas, da série
histórica. O que ajudou foi o estoque formado em dezembro do ano passado: permitiu
não repassar o primeiro dos três aumentos de IPI desse semestre. Ainda assim,
ritmo de vendas diárias caiu e subiram os estoques totais de 24 dias (dezembro)
para 29 dias (janeiro). Criaram-se 1.156 empregos novos.
APESAR do investimento de US$ 500 milhões para adaptar o Fiat 500 às
regras de segurança dos EUA e mudanças nas linhas de montagem da Chrysler
mexicana, seu sucessor, em 2015, deverá ser fabricado apenas na Polônia, onde o
subcompacto chique começou em 2007. Vindo da Europa, ficará bem mais caro, como
era antes, em razão do imposto de importação de 35%.
ESPAÇO interno (em relação às dimensões externas), motor de 1,35 l/108 cv
e equipamentos de série são pontos vantajosos no subcompacto JAC J2, por R$
32.000. Faltam coisas simples: destravamento das portas por botão central ou relógio
que não obrigue desligar o rádio para saber a hora. Direção e suspensões
precisam também melhorar.
PROFESSOR da PUC Minas e advogado, Leonardo Vilela acredita que Lei Seca para
motoristas ainda suscita dúvidas jurídicas. “Um dos problemas anteriores era
exigência de grau alcoólico. Isso continua dúbio. O Superior Tribunal de
Justiça, em 2011, decidiu que, se a lei prevê uma referência, não se pode
presumir. Ou seja, tem que haver prova efetiva deste grau.”
LOGO depois do Carnaval, aumenta em 50% o número de motoristas que
procuram o serviço de reparo de para-brisas, de acordo com a Carglass, empresa
especializada. Além do maior fluxo de carros nas estradas, é necessário
observar certa distância da traseira de caminhões, principalmente.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
2 comentários:
O nosso boom nao foi administrado a tempo e simplesmente virou fogo de artificio...
Rogerio Machado
Não deixa de ser engraçado ver, na mesma coluna, primeiro dizer que o país é muito caro para produzir para, mais abaixo, comemorar recordes de vendas... É caro de produzir mas também é muito lucrativo. Então vamos parar com esse papo furado, a GM fabrica Cruze, a Fiat faz o Bravo, a Ford faz o Focus, até quando a VW vai continuar fazendo um carro de 1998 - vou escrever por extenso para ver o tamanho da vergonha, de MIL NOVECENTOS E NOVENTA E OITO?
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