Alta Roda nº 718 —
Fernando Calmon — 29/1/13
INSPECIONAR
CARROS NOVOS?
Debater a inspeção
veicular ambiental na cidade de São Paulo, que tem a maior frota do país e
equivalente à de vários Estados, voltou ao centro das atenções, pois outras
regiões metropolitanas deverão também tomar decisões. Afinal, o prefeito
Fernando Haddad prometeu em sua campanha isentar da inspeção os veículos leves com
até cinco anos de uso e não cobrar mais tarifas dos demais.
Arroubos políticos
precisam ser criticados. Está corretíssimo – e sempre foi a posição desta
coluna – dispensar da inspeção automóveis novos que passam por rigorosos testes
e usam equipamentos antipoluição confiáveis (garantia mínima de cinco anos) depois
de apenas quatro meses do primeiro emplacamento. É assim, aliás, em todos os
países: obrigação do quarto ano ou quinto ano de uso em diante. Não parece justo,
entretanto, impor tarifa gratuita em um serviço que só beneficia parte dos
contribuintes, apesar de potenciais ganhos indiretos.
Ainda há muito falatório,
sem base técnica. A Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SMVA) da Prefeitura
saiu com essa pérola: “O impacto para a qualidade do ar será relevante, uma vez
que os veículos mais novos contribuem com cerca de 12% de toda a
poluição." Nada mais falso. A SVMA deveria focar suas preocupações em
veículos a diesel e, eventualmente, motocicletas, sujeitos a desvios de padrão
com a tecnologia atual. Donos de automóveis que alteram centrais eletrônicas
para aumento de potência são em número ínfimo e nem sempre pegos na inspeção.
Monóxido de carbono
(CO), por exemplo, há muito deixou de constituir preocupação. Material
particulado (MP) exige atenção em motores diesel, mas estes estão apenas em
algumas picapes e SUVs caros. Podem continuar a ser inspecionados até a
tecnologia Proconve P7 estar disseminada. Resta o ozônio, cujos precursores são
óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC). Não se faz medição de NOx
porque exige o motor em carga, ou seja, sobre rolos embutidos no solo, o que
nem se cogitou na ânsia de inspecionar de qualquer jeito.
Dispensa dos veículos
com até quatro anos de uso representaria aumento nas emissões de HC mais
reativas (somente veículos a gasolina) de apenas 0,1% da frota que comparece às
estações, perda desprezível para a eficiência do programa. E o impacto na
atmosfera não é de proporção linear, exigindo mais estudos e menos palpites.
Bobagem, repetida por
“ecochatos”: motores feitos aqui são inferiores aos produzidos no exterior e os
combustíveis, também. O programa brasileiro de controle de poluição segue bem
de perto as normas de outros países. Tanto o diesel (agora com teor de enxofre
de apenas 10 ppm, ou S10) como a gasolina (já em 2014) estão alinhados às
melhores especificações internacionais. Automóveis no Brasil nem utilizam
motores a diesel.
Ganho ambiental para
a capital paulista seria expandir a inspeção restrita e focada para ao menos a
metade dos outros 38 municípios da região metropolitana. Países europeus e a
Cidade do México já proíbem a circulação livre de carros com mais de 20 anos de
uso nas regiões centrais das capitais, mas que político teria essa coragem?
Mesmo ajustados, essa frota polui até 50 vezes mais que a de carros novos.
RODA
VIVA
ANO de 2012 mostrou
que forte concorrência entre 49 marcas de autos e veículos comerciais no
mercado brasileiro já bateu na lucratividade dos fabricantes e importadores
oficiais. Remessas a matrizes no exterior caíram 56%, em relação a 2011. Ainda
assim, US$ 2,4 bilhões enviados representaram 2% do faturamento de US$ 120 bilhões
do setor.
COM 4,9 metros de
comprimento e 1.600 kg de peso, BMW 528i é um automóvel grande, mas ao mesmo
tempo ágil, seguro e relativamente fácil de manobrar com a câmera de ré, em
tela de 7 pol, no centro do painel. Incrível elasticidade do motor 2-litros turbo/245
cv/36 kgf∙m, ao mesmo tempo suave e sonoro. Conforto garantido por 2,97 m de
entre-eixos.
HYUNDAI acertou ao
agir, de certo modo discretamente, na decoração do HB20X. Ao contrário das
versões normais do compacto, cujo curso limitado das suspensões gerava pancadas
secas em lombadas foras do padrão, a “aventureira” não toma conhecimento. Isso
sem comprometer demais a estabilidade em curvas e retas no asfalto e no fora de
estrada leve.
COMEÇARAM vendas do Toyota
Prius, primeiro híbrido que deu certo no mundo e até hoje o mais vendido.
Preço, de fato, é bem salgado, R$ 120.830, apesar do subsídio da fábrica. Tem
136 cv de potência. Há perda internas no trem de força, pois o motor a
combustão entrega 99 cv e o elétrico, 82 cv. Consumo de gasolina em cidade é inferior
ao anotado em estrada.
GENERAL MOTORS também
resolveu aderir às caixas de câmbio automatizadas de duas embreagens. Até agora
resistia à sua adoção, ao dar preferência aos tradicionais automáticos com
conversor de torque. Primeira fábrica está em fase de conclusão no México.
Aplicações devem começar na linha Sonic/Trax produzida naquele país.
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fernando@calmon.jor.br
e www.twitter.com/fernandocalmon
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