quarta-feira, 15 de junho de 2011

CITROËN RASGA A FANTASIA

C3 Picasso não tem a roupa fora de estrada do irmão Aircross e se comporta melhor:


Que o Citroën C3 Picasso feito no Brasil é irmão mais novo do Aircross, está na cara. Mas entre um e outro há mais diferenças do que uma penca de enfeites. Foi o que pudemos perceber ao rodar com o modelo recém-lançado, entre cidade e estrada.

Para começar, a aparência do C3 Picasso é bem mais limpa do que a do Aircross. Saem de cena todas aquelas alegorias "fora de estrada": estepe externo, estribos, grandes adesivos e apliques prateados...
 
Com isso, o preço caiu bastante: enquanto o Aircross sai por, no mínimo, R$ 54.350, o C3 Picasso custa a partir de R$ 47.990.

As alterações não são apenas estéticas, mas também no comportamento. Mais baixo do que o Aircross e com um novo conjunto de molas e amortecedores, o C3 Picasso é fruto de uma nova tendência de minivans altas boas de curva (a pioneira foi a Fiat Idea Sporting).


Nos sinuosos caminhos entre o Rio e Petrópolis, o novo Citroën nacional mostrou um equilíbrio muito bom entre estabilidade e conforto (que o Aircross absolutamente não tem).

Os pneus Pirelli 195/55R16 — para asfalto, em vez de uso misto — são bons de aderência e conforto. Em contrapartida, fazem muito barulho de rolagem: a 110 km/h, são a maior fonte de ruído no carro.
Uma das novidades do C3 Picasso é o câmbio automático (que o AIRCROSS ainda não tem). E é justamente aí que está o maior problema do modelo recém-lançado. Este câmbio tem apenas quatro marchas, quando deveria ter cinco, ou até seis, para ser compatível com um carro de 1.300 kg equipado com um motor de 1,6 litro e 113 cv.

Com apenas quatro velocidades, existe um "vale" entre a terceira marcha (muito longa) e a segunda (bem curta para dar um mínimo de agilidade ao carro). A cada redução, o motor berra desesperado a qualquer mínima provocação do pé direito no acelerador, quando o que ele quer mesmo é jogar duas pra baixo e sair gritando sua falta de marchas...


Depois da inércia inicial, o motor até que se vira muito bem na estrada. Coisas da caixa curta: a 100 km/h, em quarta, o ponteiro do contagiros indica exatas 3.000 rpm, razão de transmissão que se aproxima muito das vistas nos carros "mil".

A posição de dirigir é muito boa e o banco, confortável como um colo de mãe. Ajustes de altura no volante e no banco permitem que gente de qualquer tipo físico logo encontre a posição ideal. O volante, aliás, tem a parte inferior reta, qual os Chrysler e Dodge do fim dos anos 50.

A direção hidráulica tem o nível correto de assistência. Não é nem anestesiada, nem pesada demais. Pena que os freios sejam tão assistidos e difíceis de modular — e olha que o ABS só é oferecido na versão topo de linha...


O espaço interno é semelhante ao do Chevrolet Meriva e superior ao do Fiat Idea. Além disso, o C3 Picasso é forrado no capricho. Seus bancos trazem um tecido navalhado (ou seria lembrando renda de bilro?) bem transado. Em se tratando de uma minivan, o porta-malas deixa a desejar em área e formato.

É muito interessante o recurso de ter duas colunas finas (com um vidro no meio) em cada lateral do para-brisa. Assim, se evita o ponto cego do C3 tradicional e do Xsara Picasso — aquela sensação equina de se usar antolhos...

Já a tela do GPS, presente no C3 Picasso topo de linha, não abaixa. Sua luz intensa perturba — tentei desligar o aparelho e não tive sucesso (talvez o nerd de 15 anos, filho do dono do carro, consiga). Ao menos, achei um comando de iluminação que deixa o monitor mais escuro. E o GPS não tem sinal de arrecadação eletrônica, os pardais...


Em resumo: o C3 Picasso é estável, confortável, fiel de comandos e facilmente controlável. Em situações de emergência, é amigo e não faz gracinhas diante de erros do motorista menos íntimo das máquinas.

Imperdoável, só o consumo, inevitável em um carro tão grande, de perfil tão alto e pesado para o motorzinho 1.600 de dentista. Mesmo andando com "pezinho de vovó" no acelerador, tentando pegar trechos livres de trânsito, o C3 Picasso não passou de 5,5 km/l com álcool na cidade. Assustador...

2 comentários:

Anônimo disse...

...na minha opinião:

- "Vai se dar mto bem, ...he,he !!!"

(...eu até duvidava daquele... 'fantasiado'...errei)

Ronaldo

Anônimo disse...

Eu não duvidava que o fantasiado fosse vender bem, os outros "fantasiados" tambem vendem bem, logo para certas pessoas quanto mais enfeitado melhor (como diz um amigo meu "mais enfeitado que burro de cigano").
Devo confessar algo, quando passo até olho para a cara do dono tentando formar um perfil do cara que paga por estas aberrações.
Ah! já ia me esquecendo...dentre as aberrações pode listar e por na minha conta os carros da Ssangyong que monstros!

Acostas