sábado, 10 de setembro de 2016

Étoile Filante volta a Bonneville

Por Jason Vogel


Nos anos 50, os carros a turbina pareciam ser o futuro. Um dos fabricantes a testar a novidade foi a Renault que, em 1954, começou a projetar o Étoile Filante (estrela cadente). Com carroceria aerodinâmica de fibra de vidro desenvolvida em túnel de vento, turbina Turbomeca de 270cv, rodas de magnésio e pesando apenas 950 quilos, o bólido foi levado ao deserto de sal de Bonneville, em Utah, nos Estados Unidos. 

Lá, em 4 de setembro de 1956, o Étoile Filante estabeleceu um recorde de velocidade até hoje não superado por carros a turbina de sua categoria (menos de 1.000 quilos): 308,85km/h. Ao volante estava Jean Hébert (1925-2010), piloto e engenheiro de provas da fábrica.


Na década de 90, a Renault restaurou o Étoile Filante para exibi-lo em sua coleção de automóveis históricos. Agora, para marcar os 60 anos do recorde, a fábrica levou o carro de novo a Bonneville. 

A turbina dos helicópteros Alouette que originalmente movia o carro, porém, ficou no museu. Desta vez, o bólido andou tocado por um motor elétrico e teve ao volante Nicolas Prost.


— Fiquei muito tenso por guiar um automóvel tão raro e com pedais invertidos: acelerador à esquerda e freio no lado direito — conta o piloto de 35 anos, que compete na Fórmula E, para carros elétricos, e é filho do tetracampeão de F-1 Alain Prost.

Desta vez, a velocidade foi baixa: o Étoile Filante apenas desfilou para ser fotografado e filmado no deserto de sal. Mas a Renault aproveitou a chance para bater um recorde com outro carro: um modesto Dauphine!



Explica-se: a primeira ida do Étoile Filante aos Estados Unidos serviu para promover o lançamento do Renault Dauphine naquele país, em 1957. Daí que, quase 60 anos depois, a fábrica teve a ideia de levar também o pequenino sedã de quatro portas a Bonneville para acelerar e ver no que dava.

‘Leite Glória’ é a mãe!

O carro levado ao deserto de sal estava com um “veneno de época”: um kit que aumenta a cilindrada para 956cm³ (contra os 845cm³ originais). Além disso, teve seu interior aliviado de bancos e forrações, e recebeu um santantônio, exigência atual na prova. De resto, até as medidas dos pneus eram originais.



Pilotado por Nicolas Prost, o Dauphine chegou a 123km/h — novo recorde oficial na categoria CGC, para carros de passeio a gasolina fabricados entre 1928 e 1981, com cilindrada de 754cm³ a 1.015cm³. E você aí com a velha piada de que os Dauphine e Gordini são iguais a Leite Glória: “desmancham sem bater...”.

Um comentário:

Sérgio disse...

Esse azul é maravilhoso, antigamente as cores dos carros eram mais bonitas.