Alta Roda nº 708 — Fernando Calmon —
20/11/12
DOIS
EXTREMOS NO MERCADO
Pode parecer combinação, mas, claro, não
foi. Com datas escassas no calendário para a apresentação de tantos carros,
Renault e Chevrolet separaram apenas por algumas horas, no mesmo dia, a
apresentação do Clio retocado (terceiro modelo mais barato do mercado, atrás de
Ka e Mille) e o do SUV médio-grande Trailblazer (veículo mais caro em produção
no Brasil).
A marca francesa adotou uma plástica
inspirada no visual do modelo que estreou, recentemente, no Salão de Paris.
Aqui, seguiu a toada local e o batizou de Novo Clio. Argentinos são reticentes
a essas liberdades de expressão e lá, onde é fabricado, se chama Clio Mio.
Esse sopro de vida fez bem ao compacto,
acompanhado por pequenas reformas no quadro de instrumentos e forrações. O
preço – bastante sensível nesse segmento -- foi cortado, em média, R$ 700 e
parte agora de R$ 23.290 (duas portas) e vai a R$ 28.550 (quatro portas,
ar-condicionado e direção assistida). Nenhuma versão traz itens como as três
regulagens de altura (banco, cinto e volante) ou alças de teto. Acrescenta de
série, porém, o útil computador de bordo. ABS e bolsas infláveis, nem como
opcionais, a exemplo dos concorrentes.
Bom trabalho feito no motor 1,0 L/16V/80
cv/10,5 kgf.m (etanol), agora um flex verdadeiro, ao elevar a taxa de
compressão para 12:1. Outros aperfeiçoamentos deram ao compacto o troféu de
economia, com um avanço de respeitáveis 9% sobre o anterior: 9,5/14,3 km/l,
cidade e 10,7/15,8 km/l, estrada (etanol/gasolina). Vence por muito pouco o
Mille Economy que, na estrada, faz 15,6 km/l (gasolina).
Em avaliação, por circuito urbano no Rio de
Janeiro, o Clio mostrou desenvoltura, inclusive na recuperação a partir de 30
km/h, em terceira marcha, situação típica ao subir e aterrissar das famigeradas
lombadas que infestam as ruas brasileiras.
Estratégia diferenciada adotou a Chevrolet
no Trailblazer, ao romper qualquer laço com o antigo Blazer. A começar pelo
preço da única versão disponível, a LTZ, topo de linha: R$ 145.450 (V-6,
gasolina, 239 cv) e R$ 175.450 (4-cilindros, diesel, 180 cv). A diferença de R$
30.000,00 dá para adquirir até um compacto equipado, o que demonstra a pouca
racionalidade de 70% dos compradores da versão diesel. O mercado de SUVs médios
e grandes representa 180.000 unidades/ano (5% do total de veículos leves) e
altamente rentável para os fabricantes.
A GM espera vender apenas 400 unidades/mês
do modelo e não pretende, pelo menos por ora, oferecer nada mais barato. Está
disponível só na versão de sete lugares, tração 4x4 engatável eletricamente,
câmbio automático de seis marchas e muito bem equipada em conforto e segurança.
Basta citar alguns: regulagem de encosto nas duas fileiras traseiras,
ar-condicionado de controle separado para a parte de trás e airbags tipo
cortina que se estendem à última fileira. Apesar do preço salgado, câmera de ré
e navegador com tela tátil são acessórios à parte.
O espaço interno é um dos pontos altos:
2,84 m de distância entre eixos e largura de 2,13 m (6 cm maior do que Hilux
SW4). Porta-malas com os últimos dois bancos rebatidos oferece nada menos que
878 litros (235 litros, o mínimo). Suspensão traseira recebeu molas helicoidais
e cinco braços de localização. Ao rodar, mesmo no asfalto, o Trailblazer mostra
que os tempos de aspereza e excessivo desconforto ficaram no passado. O motor
diesel é mais silencioso que a geração anterior e o torque de 43,1 kgf.m
impressiona. Já com gasolina dá para esticar as marchas e a suavidade, bem
maior.
RODA VIVA
FONTES ligadas aos fornecedores confirmam que será fácil transferir a
produção do Cruze (sedã e hatch), a partir dos atuais kits CKD, de São Caetano
do Sul para Rosário, Argentina. Em 2014, a GM lançará a nova geração do Cruze,
conforme anunciado nos EUA, e concentrará no país vizinho a fabricação de
modelos médios, como já fazem Ford e marcas francesas.
POUCO depois de completar 30 anos de mercado, em junho último, a Parati
entrou em processo de fim de linha. A station compacta da Volkswagen liderou o
segmento por quase duas décadas e deixa saudosistas. Em razão do encolhimento
na procura por peruas, suplantadas por SUVs e sedãs, sai de cena agora. Restam
poucas unidades na rede.
ETIOS hatch, na versão de topo XLS, motor 1,5 l/96 cv (etanol), é
realmente um automóvel de contrastes. Freios, motor, câmbio e, em especial,
suspensões com raro equilíbrio entre conforto e estabilidade, além de direção
elétrica e precisa com reduzido diâmetro de giro, agradam bastante. Uma pena a
falta de tantos acessórios e escolhas tão equivocadas no carro como um todo.
DEMOROU, mas chegaram ao mercado películas transparentes de última geração
para proteção de peças metálicas ou de plástico, como as que revestem
para-choques. O Antichip, da 3M (concorrentes devem surgir), é algo realmente
útil e racional para preservar a pintura em lançamento de pedriscos, batidas
leves ao estacionar e raspadas em obstáculos.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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