FIAT DE 21 LITROS
TEXTO por Milton Belli publicado no AUTOENTUSIASTAS
O Salão de Genebra é um dos mais importantes do mundo e sempre traz celebrações e grandes carros do passado. Nesta edição comemorou-se, por exemplo, o aniversário dos cinquenta anos do Jaguar E-Type com uma versão especial do atual XKR. A Porsche mostrou o 918 RSR, seu carro de corrida híbrido, juntamente com o Lohner-Porsche, a Mercedes mostrou o SLS E-Cell junto ao Mercedes-Benz Simplex.
No estande da Fiat, entretanto, contrastando com um atual 500, estava um carro único que leva o nome da fábrica italiana, um carro que nasceu de restos de um SB4 Grand Prix para se tornar recordista de velocidade. Eis o Mefistofele.
Nascido como um Fiat SB4 de tração por corrente em 1908, o carro participou dos Grand Prix da época, até que em um belo dia do ano de 1922, o motor original de quatro cilindros em linha e 18 litros (!), composto de dois blocos distintos porém unidos, não suportou o esforço e partiu-se ao meio, e um dos cilindros saiu voando e levou consigo boa parte do carro.
Algum tempo depois, o entusiasta britânico por velocidade chamado Ernest Eldridge, comprou os restos mortais do Fiat e inicou o projeto de ressurreição do velho Fiat. Ernest corria em Brooklands com um chassi Isotta-Fraschini modificado para receber o motor Maybach aeronáutico de 20,5 litros. Desta forma, o Fiat de "apenas" 18 litros não seria suficiente para seus planos, e o cHá relatos de que até componentes de um ônibus inglês foram utilizados no carro. Todas as modificações foram feitas para que o novo motor Fiat A-12 seis cilindros de 21,7 litros, também de origem aeronáutica, fosse utilizado. Após a preparação, o A-12 com quatro válvulas por cilindro, ignição múltipla e quatro carburadores entregava saudáveis 325 cv, incrivelmente a 1.800 rpm.
Há relatos de que até componentes de um ônibus inglês foram utilizados no carro. Todas as modificações foram feitas para que o novo motor Fiat A-12 seis cilindros de 21,7 litros, também de origem aeronáutica, fosse utilizado. Após a preparação, o A-12 com quatro válvulas por cilindro, ignição múltipla e quatro carburadores entregava saudáveis 325 cv, incrivelmente a 1.800 rpm.
Com o carro finalizado, foi batizado de Mefistofele e soava bem demonícado (Mefistófeles em português, uma entidade satânica da Idade Média, e personagem também de Fausto), tanto pelo tamanho e cor vermelho escuro, como pelo som do motor, e mostrava que não era nada de brincadeira.
Eldridge levou sua criação para Brooklands, onde logo marcou seus primeiros recordes, mas foi na França onde conseguiu suas maiores glórias, sendo recordista absoluto de velocidade com a marca de 235 km/h. Detalhes de quão doentio isso poderia ser para a época: o carro pesava aproximadamente duas toneladas, não possuia freio no eixo dianteiro e ainda era tracionado por corrente.
Diz a lenda que após o recorde na França, Ernest levou o Mefistofele para frente das revendas Delage como uma boa provocação, uma vez que eram os principais concorrentes em recordes de velocidade.
Atualmente o carro está no Centro Storico Fiat, bem conservado, e faz aparições como esta no Salão de Genebra. Sem dúvida, este carro é uma referência do que a vontade e sede pela velocidade era capaz naquele tempo em que o automóvel ainda era uma novidade para muitos, e os limites eram desafiados e vencidos.
Video da Conferencia de Imprensa Fiat com o Mefistofele :
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