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Coluna 1311 30.mar.2011
Brasil, Mercosul, comparando mercados
Sem projeto industrial, sem um veículo para chamar de seu, ou um produto adequado à realidade do uso em seu território - que não são as cidades grandes que concentram as vendas, mas o campo e as estradas sem asfalto - a indústria automobilística brasileira continua seu caminho de recordes.
Ano passado o mercado interno comemorou 3,5 milhões de unidades, correspondente à 4ª posição mundial. As previsões de crescimento para os anos vindouros são de 5% ao ano, significando informar, em 2014 o mercado doméstico superará os 4 milhões.
Situação
Um bom projeto de implantação da indústria – o melhor do mundo – iniciado no governo Vargas e sedimentado no de Juscelino Kubitschek, isolamento continental, ampla demanda, baixa relação habitantes/veículo, e excepcional lucratividade, geraram capacidade intelectual, de equipamentos, infraestrutura, aproveitamento dos insumos. O Brasil é capaz de todo o ciclo industrial, do primeiro risco em papel branco – ou traço na tela – a produzir e entregar o veículo na ampla rede de concessionários.
Dia destes, o empresário Sérgio Habib, que trouxe a Citroën para o Brasil; é o maior distribuidor de carros novos no país; e agora é o representante da chinesa JAC Motors, fez uma relação numérica de vendas no Brasil, em algumas de suas cidades, e os países que integram o Mercosul e os latinos de maior expressão, onde há atividade de indústria automobilística.
Os números, aqui reproduzidos, dão a dimensão do país relativamente aos nossos parceiros de bloco econômico. Alvissareiros, podem exibir tranquila superioridade, podem encher olhos de burocratas e políticos como minas de recolhimento de impostos, mas, na verdade, cobram o fundamental: um projeto de longo prazo para a indústria automobilística que a integre ao projeto de crescimento econômico brasileiro; uma realidade honesta na relação estado-cidadão para a carga de impostos; um produto nacional adequado ao país – e não, como no máximo acontece, boas adaptações de projetos estrangeiros a alguns tipos de uso no Brasil.
As curiosidades
O mercado doméstico – nacionais + importados – cresceu 42% de 2007 a 2010. Internamente o maior mercado do país, o de São Paulo, alargou-se apenas 15%, apequenou-se ante a expansão.
Ao contrário, os mercados de maior expansão percentual estão no Oeste: Campo Grande, MS e Cuiabá, MT, cresceram respectivamente 61% e 54%. E no Nordeste, com Recife marcando 55% e Salvador 52%.
No campo do bloco econômico, comparando as vendas de mercado doméstico + importados em 2010, a relação entre Brasil e Argentina, que vinha se equilibrando à base de 4 x 1, se acentuou. Das 3,25M unidades do mercado nacional, o argentino foi de 598.800. Ou, 5,5 x 1.
Na prática, informações nem sempre absorvidas, ou realizadas comparações entre as grandezas, informando o mercado paulista como igual a todo o mercado argentino; em vendas o Rio de Janeiro é um Chile; Brasília vende tantos veículos como a Venezuela inteira; as vendas de Goiânia superam as de todo o Equador; Araraquara, no interior paulista, em vendas equivale ao Paraguai.
Para observar a expressão das vendas locais com as de nossos vizinhos, a relação é a seguinte:
SPaulo + região metropolitana 524.900 Argentina 598.800
Rio de Janeiro 156.900 Chile 157.000
Salvador + Recife 154.300 Colômbia 133.000
Brasília 117.900 Venezuela 114.200
Goiânia 61.000 Equador 59.800
Fortaleza 54.600 Peru 57.500
Jundiaí 21.100 Uruguai 19.600
Araraquara 8.400 Paraguai 8.600
Roda-a-Roda
Supresa – As 500 unidades vendidas nos dois primeiros dias de operação da marca e rede JAC Motors, e as 1200 na primeira semana surpreenderam os executivos da marca. Mudaram as projeções de vendas para o primeiro mês: em vez de 3 mil crêem venderão 4.500 J3 e Turim no primeiro mês. Outra surpresa, a compra para recebimento futuro do sedã J5 e da minivan J6.
Tapa – Pequenas alterações à frente e atrás, inclusão no motor 1.8 da capacidade de variação no comando de válvulas. Lentos ventos tecnológicos arejaram a cabeça dos engenheiros da Toyota, aumentando a taxa de compressão do 1.8 flex de 10 a 12:1. Antes, o flex Toyota parecia motores a gasolina com chip-fundo-de-quintal. Caixa de marchas manual agora tem 6 velocidades.
Realidade – É a mecânica para a próxima geração, de breve surgimento, logo após lançamento, no último trimestre, do substituto do Honda Civic, seu maior concorrente. O segmento, grande, rentável, agora tem outros partícipes: Renault Fluence, Peugeot 408, VW Jetta.
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Corolla, enfim entenderam como se faz o flex
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... 2 – Tsunami e o desastre eletro-nuclear no Japão podem atrapalhar a produção das marcas japonesas no Brasil, com partes lá produzidas. Danos nas fábricas podem atrasar remessas e produção local.
Exemplo – Fantástico o exemplo de civilidade e sociabilidade dos japoneses com a tragédia. Organização, seriedade, sobriedade, espírito de colaboração, tudo de maneira linear, sem os picos e vales de ajuda e mazelas aqui observados nos desabamentos nas serras cariocas.
... II – E, surpreendente o respeito ao contribuinte: em seis dias as estradas que se desnivelaram e perderam pedaços, estavam reparadas e funcionando. Aqui, ...
408 – Dia 2 de abril, o novo Peugeot chegará com apelos adicionais: revisões gratuitas dos 10, 20 e 30 mil km, e serviço de assistência graciosa 24 horas por dia, toda a semana. Motorização, a do novo caminho da empresa: BMW 1.600 turbo.
Sandero – Em junho mudanças cosméticas no Sandero – grade, lanternas, superficialidades - para marcar ano-modelo e insuflar vendas.
Data – Mesmo mês a Citroën lançará o C3 Picasso. A Coluna informou em primazia nome e início da produção. É a versão urbana do Aircross. Recente, o C3 normal continuará em produção.
Prática – Pelo segundo ano seguido, o Palio foi o mais recomendado pelos mecânicos. Por eles a marca Fiat é a que mais oferece informações técnicas, com mais tecnologia e a de maior custo-benefício.
Omissão – Deputado distrital em Brasília propôs rodízio de veículos na circulação. Parece, executivo e legislativo andam de mãos dadas. Ao primeiro caberiam as medidas para transporte público de qualidade, atraente ao dono de automóvel, para esvaziar as vias do transporte individual. Como não o fez por incompetência, despreparo, omissão, ou interesses transversos, o outro poder resolve a questão penalizando os não-usuários do transporte público. Nada resolverá, porém dará mais fôlego á incompetência e à omissão do executivo.
Aviação – Em 36 meses acordos de Serviços Aéreos assinados com o EUA e a União Europeia ampliarão intercâmbio no Brasil. A avença põe fim à equivalência de vôos entre companhias nacionais e estrangeiras, e poderão ser vendidos bilhetes de continuação de viagem. Em resumo, o comércio quebra a burocracia. Mais voos, menos preço.
Ecologia – Aumentar o recolhimento de baterias, celulares e equipamentos, hoje em limitados 2%, é o objetivo da Nokia com urnas “take back” para receber os aparelhos descartáveis de qualquer marca. Atualmente fábrica, pontos de assistência técnica e a Rede Pão de Açucar, em São Paulo, Salvador e Fortaleza, com previsão de 300 até o final do ano.
Gente – Francisco Stefanelli, 55, ex diretor de vendas da GM Brasil e ex-presidente da GM Venezuela, novo porto. OOOO Vice-presidente da Dafra Motos.OOOO Camila Bicudo, 25, jornalista, foco. OOOO Era da área de comunicação da holding PSA e agora na Citroën. OOOO
Um comentário:
Nasser,
Esses números assustam e essa comparação que você fez me botou prá pensar: será que não é hora de fazer mais ruas e estradas prá tanto carro? Cara, tem manhãs que eu fico preso dentro da garagem num engarrafamento doméstico ( ao pé da letra) porque as ruas em volta do meu quarteirão parecem um estacionamento... Ondé que a gente vai parar? Quer dizer, parar a gente vai mesmo é no trânsito, né? Acho que o planeta não vai dar conta não...
Abração
Welco
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