terça-feira, 1 de março de 2011

KAWA TRIPLE, A CADEIRA ELÉTRICA TRIFÁSICA


Em 1967 a Kawasaki começou a projetar uma reação à Honda CB 450, nesse tempo A moto japonesa. O resultado foi uma motocicleta de três cilindros, que tinha características de vibração muito menores que um bicilíndrico convencional, pois a divisão das explosões era quase perfeita, semelhante a um seis cilindros em linha: 120 graus entre cada cilindro. A meta era fazer uma moto que acelerasse o quarto de milha em menos de 13 segundos e andasse bem mais que a 450.

Isso eles conseguiram. A trapizonga tinha 60 cv e 184 kg, uma relação peso-potencia até então não alcançada por nenhuma moto de rua, uns 3 kg por cv. E ela andava. Muito. Nada que estivesse na rua andava junto. A caixa era meio mal escalonada, com as primeiras marchas muito curtas para favorecer a aceleração e as cores eram aquilo a que sobrevivemos na era da calça boca de sino e camisa laranja.... A primeira ainda era mais ou menos discreta na cor branca, mas as posteriores eram uma lindeza.



Mas havia um pequeno problema. O quadro era uma caca. Tem gente que afirmava categoricamente que ele tinha uma dobradiça no meio. Nada muito diferente das outras japas da época, quando a grande arte de fazer quadros ainda era um segredo cuidadosamente guardado na Inglaterra que fez a fortuna dos fabricantes de quadros esportivos como a Métisse.


A moto andava muito, mas era uma tragédia de fazer curvas e para, aliás igual às suas irmãs 750 H2 e a 350. A série era chamada de Mach com um numero romano para dar idéia da orcem de fabricação. Todas elas tinham apelidos jocosos da imprensa americana, com Fazedora de Viúvas, Flexi Flyer ou voadora flexível e outras do mesmo calibre. Para piorar a caixa tinha o ponto morto embaixo da primeira, o que significava às vezes querer reduzir e entrar em neutro. O que não dava muita diferença: o freio era tão ruim que era um truque comum cortar o motor freiando para poder sobreviver ao beijo na bunda do caminhão...


A 750 era mais potente ainda. Enquanto a 500 saiu em 1969, a 750 veio em1971 para acabar coma raça dos abusados. Chegava a 203 km/h e tinha 74 cv, o que fazia a CB 750 parecer gorda e lerda...


Um drama comum delas sempre foi a ignição, trocada de CDI para platinado e depois de volta a ignição eletrônica ao longo dos anos, até acertarem por volta de 1975.


Mas como o objetivo era o mercado americano mesmo, onde tinha Chevelle com 425 cavalos e freios aproximativos, a tambor nas quatro rodas. Tudo era perdoado em nome do tiro de sinal a sinal, o famoso quarteirão de cada vez. Empinar era uma arte do dia a dia nas Triples, como eram chamadas na intimidade. E as curvas eram uma surfada só, no asfalto liso deles por lá. Imagina aqui, com a buraqueira como devia ser...


Essas motos eram legitimas representantes de um tempo que passou, de muito motor e pouco quadro. Tanto que a sucessora, já forçada pelas leis antipoluição a ter quatro tempos, já tinham um quadro um pouco melhor. Afinal todas as fábricas japonesas mandaram engenheiros à Métisse para ver como é que fazia um quadro...
AQUI UM VIDEO DE UMA INSANIDADE...

Um comentário:

Reynaldo disse...

Olá Mahar! Tive uma Kawa 1971 vermelha e era tudo o que vc diz: ruim de freio e de quadro, mas a 1975 azul, igual à da primeira foto, já era outra hist´ria e tenho muitas saudades. Acabamento primoroso, principalmente no painel.Sempre achei pobre o tanque com a marca pintada e não um logo de metal como as demais. Uma coisa interessante, sob o banco havia um local para se levar velas reserva que iam rosqueadas numa plaquinha. E o consumo, menor que o da Suzuki GT 380. Era A moto, mesmo.