sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O CAMARO DO SÉCULO 21

O glu-glu do motor não engana ninguém: ali mora um V8. E grande. Com o rosnado gutural do seis litros do Small Block de alumínio começou um evento do tipo Galo: rápido e rasteiro. E com toda a razão. 406 cavalos não são para dar em qualquer mão mal treinada, mesmo com o gigantismo de todas as salvaguardas as eletrônicas que o novo Camaro porta.

Um pouco de história: a GM sempre objetou que seria encarecedor em excesso importar o Omega V8 Australiano. De fato, o magnífico V6 3,6 litros Alloytec não deixa queixas de performance com seus 260 cv, mais do que suficientes para mover o Omega com emoção e um som lindo.


Mas....o feitiço de um V8 gorgolejando na rua é muito forte. Arrancar com a fera domada é uma emoção que nem os quatro minutos e meio do test drive na pista de Indaiatuba puderam enfraquecer. O velho encanto de um carro americano com motor grande e potente, do tipo “vamos lá” veio forte. A caixa automática de seis marchas colabora muito com suas paletas atrás do volante, dando em cambiadas imediatas e suaves, sem patinação. Ela permite o controle total do carro.
No Slalom construído com cones de borracha à vezes suicidas dentro da lagoa de asfalto do Campo de Provas da Cruz Alta foram duas voltas com um instrutor para segurar a onda dos mais afoitos e menos educados nas artes do volante e acelerador. Um circuito de baixa velocidade e muito handling, com curvas fechadas e mudanças rápidas de direção que evidenciavam os séculos de diferença entre o belo carro dos anos 60. Agora ele FAZ CURVA. Ponto final.
A saída do trecho de baixa era um curvão de alta com relevê, passível de mais de 160 sem stress. Nessas alturas o instrutor já tinha relaxado e deu para sentir que o magnífico controle e equilíbrio da sublime plataforma de tração traseira da GM vieram inteiros no pacote 2011. Base de carros inacreditáveis para quem conheceu os americanos de antanho como eu, essa plataforma que tem um nome que meus leitores sábios deverão se lembrar, é a base de carros como o Cadillac CTS-V, dono de um recorde na pista mortal de Nurburgring. Imagine uma Cadillac fazendo recordes na Floresta Negra com caixa manual der seis marchas... o mundo não é mais o mesmo, definitivamente. É bem verdade que os advogados tiveram sua mão no projeto, depurando o lado revoltoso do nosso antigo Omega, a obra imortal de Peter Hannenberger, o mago da Opel que se aposentou na Austrália.
Assim o Camaro sai na quase sempre de frente, e o piloto menos experiente pode se manter vivo tirando o pé do acelerador. Foi uma luta contra os homenzinhos eletrônicos verdes que controlam a tração, estabilidade e frenagem para ter uma emoção mal-comportada no final do trecho. Uma curva de esquina de 90 graus, uma sapatada intencionalmente forte demais e ele saiu um pouquinho de traseira. Dar borrachão, nem pensar. Muito menos travar roda freiando.
Mas é engraçado, ele ainda é emocionante mesmo com todas essas censuras cibernéticas. Não sei se é o nível em que você senta no banco, com a janela no nariz e o painel à altura quase do queixo (tenho 1,85 m) mas a sensação é de vestir o carro, de estar encapsulado em uma cabine de aeroplano com até o velocímetro projetado no para brisas a moda dos bombardeiros. Claro, muito disso é a qualidade da suspensão e direção, impensáveis nos anos 60 quando foi lançado o Camaro que é levemente evocado nas formas do carro atual.
Mas não se engane o leitor, esse é um bicho totalmente diferente, e o velho Camaro, mesmo as versões de sete litros, levam uma desvantagem que não lhes permitiria ficar muito tempo vendo a placa do atual. E ele custa 185 mil reais, preço sugerido, com todos os brinquedos sem opcionais, garantia, manutenção e Road Service da GMB. Uma barbada quando se leva em conta que ele faz de zero a cem km/h em 4,6 segundos e vai a 260 km/h controlados eletronicamente. É c
É claro de ver que nada nessa faixa de preço dá tanto de desempenho no mercado brasileiro.
 O Camaro é o símbolo de uma nova era de renovação efetiva da GMB. Tantos anos liderada por pessoas eficientes no corte de custos e maximização de lucros, agora veio uma nova Presidente, Denise Johnson. Ninguém se engane com sua aparência de Rainha da Dinamarca: ela é uma ENGENHEIRA competente, especialista em suspensão e freios que trabalhou muito nesses sistemas em Detroit. E as fábricas têm ciclos de contadores para dar lucro, e engenheiros para desenvolver produtos novos e envolventes.
Denise Johnson

Uma nova era para a GMB e para quem gosta da gravata? Tomara.


2 comentários:

Unknown disse...

Eu quero 3(um amarelo, um preto e um verde - todos SS), pra viagem, por favor!
:D

Anônimo disse...

SIMPLISMEMTE MAGNIFICO.