terça-feira, 7 de dezembro de 2010





Alta Roda nº 606 — Fernando Calmon — 30/11/10







ESPAÇO A CONQUISTAR



Apesar da influência histórica das marcas europeias nas preferências dos consumidores brasileiros, as versões de carrocerias seguem direções opostas nos segmentos de maior venda, compactos e médio-compactos-compactos (M1, na classificação deles e C, na nossa). Exemplo são os sedãs. Os europeus, em sua maioria, elegem os hatches, deixando os sedãs para o degrau seguinte, os médio-grandes (M2 ou D). No Brasil é grande a aceitação dos modelos de porta-malas destacado.


Em parte isso se deve à diferença de poder aquisitivo e às condições de uso, como longas distâncias a percorrer e a facilidade de levar mais bagagem aqui. O país também perdeu competitividade na produção de médio-grandes passaram a ser importados. Por outro lado, os carros crescem a cada geração em distância entre-eixos e largura. Um modelo enquadrado no atual segmento C tem dimensões e espaço interno semelhantes ao D de 15 ou 20 anos atrás.
Nesse contexto, a Renault traz da Argentina o sucessor do Mégane sedã, antes fabricado em São José dos Pinhais (PR). Trata-se de um automóvel realmente novo, cuja base é a do Mégane III, à venda na Europa, com distância entre-eixos ampliada em quatro cm, para 2,70 m (como Civic, Citroën C4 Pallas). Mudou o nome para Fluence e, mais ainda, o conceito, ao oferecer um modelo mais equipado por preço inferior ao Corolla, líder do segmento.


O primeiro Mégane sedã, com seu câmbio manual de seis marchas entre os atrativos, teve baixa aceitação não apenas pela ausência do motor 2-litros flex. As duas marcas japonesas construíram imagem de confiabilidade e deixaram pouco espaço para os rivais. Com o Fluence, a Renault quer comercializar cerca de 20.000 unidades/ano e subtrair um naco das vendas de um segmento que ainda terá fortes concorrentes como o Peugeot 408 e o novo VW Jetta.
Por R$ 60.000,00, a versão de entrada Dynamique oferece, de série, equipamentos como seis airbags (atuam em oito pontos), ar-condicionado de dupla zona com saída traseira e cartão de acesso com travamento e destravamento automáticos das portas sem uso das mãos, entre vários outros. Na Privilège – R$ 76.000,00 – há navegador de bordo Tom Tom (tela de cinco pol), câmbio automático CVT (Nissan) de seis marchas virtuais, controle de trajetória (ESP) e rodas de alumínio de 17 pol de diâmetro sem cair na tentação fácil de pneus mais largos que 205/55.
Mecanicamente o carro ganhou com o motor em alumínio (origem Nissan) e um pouco mais potente: 2 litros/143 cv (etanol), único disponível. O modelo francês já proporcionava bom comportamento dinâmico e agora está melhor por ter motor mais leve, capaz de acelerar de 0 a 100 km/ em 9,7 s (0,2 s pior com CVT).


O interior ganhou em requinte com painel frontal e das portas dianteiras em plástico espumado, mas nas portas traseiras manteve o plástico duro de sempre, algo incoerente. Comandos e posição ao volante são pontos altos, ao lado da boa direção de assistência elétrica e calibração de suspensões de primeira linha. Atrás, bom espaço para pernas e cabeças de dois passageiros; incômodo, para o terceiro. Porta-malas de 530 litros é outro destaque.
O Fluence, em fevereiro, chegará apenas um ano depois da Europa, raro hoje em dia.


RODA VIVA


CONFORME a coluna previu, as vendas do ano de 2010 devem ficar 50.000 unidades acima do previsto, atingindo 3,45 milhões, incluindo veículos pesados. A produção será recorde, igualmente, com 3,64 milhões. Em novembro, a média diária de vendas foi de 16.400 unidades, totalizando 328 mil. Estoques encolheram três dias, de 30 (outubro) para 27 dias.


EM 2011, a Anfavea espera avanço do mercado interno de 5% ou 3,6 milhões de unidades. Fraqueza das exportações fará a produção crescer só 1% sobre 2010. Importações continuarão em curva ascendente e responderão por até 22% do total. Para o presidente, C. Belini, as restrições de crédito eram esperadas e não alteram as previsões.


SEGUNDO Thomas Schmall, presidente da Volkswagen do Brasil, o País seguirá, de agora em diante, a globalização tecnológica do grupo de dez marcas que almeja liderança mundial em 2018. Isso significa arquiteturas mecânicas e eletrônicas integradas. Fontes garantem que novos motores – família EA211 – estão em fase final na fábrica de São Carlos (SP).


FÁBRICA da Honda na Argentina produzirá, inicialmente, apenas 5.000 unidades do City por ano para o mercado local. Pode chegar a até 20.000/ano e servirá para aliviar as linhas de Sumaré (SP). Suzuki tem planos para 3.000/ano do pequeno utilitário Jimny em local ainda a anunciar no Brasil. Produções baixas são viáveis em certas condições.


CÂMERAS para visão traseira é proposta do órgão de segurança de trânsito, dos EUA, para equipar de série veículos novos. A Ford foi a primeira a concordar e anunciou que em 2011 oferecerá o equipamento em quase todos os modelos. Cerca de 18.000 pessoas são feridas ou incapacitadas por ano nesse tipo de acidente. O custo será de até US$ 2,7 bilhões/ano.
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fernando@calmon.jor.br


Um comentário:

Moacyr Licursi disse...

Preado Mahar:
Bom dia.
O que acha de se colocar um motor da Hayabusa num CITROEN AX GTI e num DACON 828?
Estou pensando em fazer isso?
Estando prontos levo para a tua apreciação.
Abraços.
Moacyr Licursi - MLICURSI