O Wartburg 353 no Brasil, um dos derradeiros fabricados com motor de dois tempos. O detalhe é que foi montado na Bélgica.
Pouca gente sabe, mas o melhor DKW de todos mora em São Paulo, e pertence a um famoso jornalista meu amigo. É um Wartburg, tema de hoje para compensar o luxo do iate de ontem. Um pouco do realismo socialista serve bem para voltar à realidade de todos os dias...
Só que esse carro, que muita gente pode achar um Lada qualquer, está longe disso. Meio quadrado como os anos 60 dde sua origem, foi fabricado por gente fina e alemã, fabricantes de BMW de pré guerra na instalação de Eisenach, depois da partilha entre os vencedores Aliados na Zona Russa. Esse carro, o BMW 327, tinha um motor de seis cilindros bem diferente tem muito a ver com a nossa história, pois seu DNA de carro de alta qualidade sobreviveu aos anos e aos diversos modelos. Fabricado até 1956,foi substituído pelo modelo 311, o primeito wartburg. Dele existem alguns gatos pingados por aqui, resultado da diplomacia da Alemanha Oriental nos anos 5o e 60. Há uma camioneta restaurada em Brasília e um cupê escondido em um galpão perto de Campinas. Seu motor tinha os mesmos três cilindros e dois tempos do DKW, com 44 cv e quatro marchas na coluna. Era muito bem acabado, com interior em couro e linhas bem agradáveis para o seu tempo.
Wartburg 311 de 1956, com suas linhas bem anos 50
as o governo comunista queria produção. assim em 1969 foi lançado o 353, mais moderno e veloz, com 50 cv e suspensão de molas helicoidais, independente nas quatro rodas. Muito Melhor que sistema original DKW de feixes transversais e um mundo à parte em comportamento dinâmico.
Foi esse carro que dirigi em Caxambu, em um Blue Cloud desses. Fiquei impressionado com sua qualidade de comportamento em curvas e nas retas, pois a suspensão mostra bem a genética BMW, sendo firme mas não desconfortável. O carrinho anda feito gente grande, inclusive por ter um detalhe que o DKW só teve aqui em alguns raros Candango e Malzoni: o carburador de duplo corpo, que lhe dá muito mais agilidade. O câmbio é no piso, de qualidade VW na precisão e o carro é um tesãosinho de dirigir. Uma experiência reveladora, mostrando que nem tudo vindo da Cortina de Ferro era de baixa qualidade e mau funcionamento, embora o Lada seja um carro bem legal, se tiver manutenção adequada e peças de boa qualidade. Um tema para outro dia....
O ultimo Wartburg, acima em versão Irmscher com motor VW 1,2 litro
Em alguns anos as varas tentativas de modernizar o Wartburg não foram lá essas coisas, ele não virou uma Brastemp no país dos carrões velozes e luxuosos. A fábrica foi finalmente comprada pela Opel e a saga da fumaça azul acabou de vez. mas eu nunca vou esquecer o dia em que conheci o Realismo Socialista...
O belo chassi do 353, com sua moderna suspensão traseira independente com barras de torção, assim como a dianteira. Um resultado impressionante.
o BMW 327 fabricado em Eisenach depois da Guerra: seis cilindros em linha.
4 comentários:
Gostei..
abs
História interessante, gostei. E lendo a historia lembrei que minha avó teve um carrinho chamado Isabella, nos anos 60 que ainda mora na minha imaginação...Vc sabe alguma coisa sobre ele, ou ela..?
Mahar, parabéns por sempre sair do óbvio. Abração
Mahar, por acaso é o Wartburg do Flávio Gomes? Ví esse carro certa vez em Interlagos. Perfeito para ir acampar em Ilhabela, não tem borrachudo que sobreviva àquela fumaceira. Agora, o detalhe mais sutil que encontrei no carro foi o velocimetro com o ponteiro que, em seu ponto de repouso, está (por assim dizer) na posição 10 horas. Assim sendo, aos 50 km/h o ponteiro está perfeitamente na vertical, e você acha que o carro está correndo de montão...
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