DIREÇÃO
AUTOMÁTICA
AINDA
EXIGIRÁ UM TEMPO
Por Fernando Calmon
Com o avanço rápido dos controles
eletrônicos já se pergunta se não estamos cada vez mais próximos da direção
totalmente automática de um veículo. Esse debate está intenso tanto nos EUA
como na União Europeia. Na realidade os modelos mais caros já vêm equipados com
câmaras de vídeo (inclusive estereoscópicas de visão tridimensional), radares,
sensores de raios infravermelhos, computação nas nuvens, navegador por
satélites e comunicações sem fio (Bluetooth e wi-fi). São simulacros de olhos e
ouvidos muito mais apurados e rápidos que os orgânicos, não se distraem, não se
enganam, jamais se cansam e nem se sujeitam a um mal súbito, pois, em geral,
operam com redundância e se autochecam entre si para uma mesma operação.
Embora se venha alcançando um grau de
confiabilidade bastante elevado e milhares de acidentes tenham sido evitados
(ou de consequências menos graves), ainda há dúvidas sobre quando o sistema
pode se consolidar até ser possível dirigir sem colocar as mãos no volante de
forma segura e abrangente. Uma das empresas que mais progrediram está fora do
setor automobilístico. O gigante da informática, Google, assegura que no máximo
em cinco anos o sistema de direção automática, hoje em testes, estará pronto
para produção seriada e em alta escala.
Longe, porém, de os fabricantes de veículos
subestimarem o assunto. Pelo contrário, fábricas como Audi, BMW, Chevrolet,
Ford, Mercedes-Benz, Nissan, Toyota, Volvo e Volkswagen, entre outras, continuam
a revelar novas e arrojadas funções. O foco principal ainda é a segurança
ativa, voltada para evitar acidentes. Todas, no entanto, se preocupam e
reafirmam que a tecnologia existe para superar as tarefas trabalhosas, típicas
de congestionamentos em ruas e estradas. Prazer de dirigir nunca será
negligenciado. Boa parte dos motoristas continua fiel ao controle do veículo e,
subliminarmente, preferem pensar que sua habilidade ainda conta bastante, mesmo
que certas manobras, evasivas ou não, tenham diferentes graus de controle
eletrônico autônomo.
Autoridades responsáveis pelo trânsito, na
verdade, ainda estão reagindo com certa lentidão a esses novos tempos. Há
exceções nos EUA. Califórnia, Nevada e Flórida aprovaram leis estaduais
permitindo testes de dispositivos de verdadeiros “pilotos automáticos” em vias
públicas. Outros estados estudam ações semelhantes. Isso levou considerável preocupação
à Administração Nacional de Segurança de Tráfego em Estradas (NHTSA, em inglês)
que pede moderação e limites a esses testes.
De fato, a legislação não prevê, por
exemplo, uma transgressão feita de forma autônoma por um automóvel em que o
motorista está apenas de forma virtual ao volante. Um estudo de 2011 da União
Europeia, destacado pela publicação Automotive
News Europe, mostra que há muitos pontos de interrogação:
·
Que efeito a maior automação do
veículo tem sobre o motorista?
·
Como melhorar a interação com o
motorista sem sobrecarregá-lo com informações?
·
Há modo de alcançar
padronização ou interface dos controles do automóvel sem prévia legislação?
·
Como aperfeiçoar a formação de
motoristas para sistemas de condução automática?
·
De que forma integrar veículos
de direção autônoma com outros usuários das vias?
·
Estes outros usuários também
precisarão de treinamento específico?
Além de todas essas respostas, as
concessionárias deverão gastar mais tempo na entrega técnica do veículo.
Afinal, quem não desenvolveu hábito ou gosto por ler manuais de instruções (no
Brasil, em especial) precisará de muita atenção por parte do vendedor.
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