sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ALTA RODA COM FERNANDO CALMON


Alta Roda nº 754 — Fernando Calmon — 8/10/13




SEGUIR OU SER SEGUIDO




O tempo corre e as metas não esperam. Esse foi um dos principais aspectos abordados no XXII Congresso SAE Brasil, que reúne engenheiros da mobilidade e representa aqui a SAE International, com sede nos EUA, mais de 130.000 integrantes e presença em oito países, inclusive China e Rússia.
Organizada em São Paulo, de 7 a 9 de outubro, a edição deste ano foi boa oportunidade para uma primeira avaliação do complexo programa Inovar-Auto, anunciado há um ano pelo governo federal. Curiosamente, nenhum político de peso e nem os presidentes da Anfavea e Sindipeças – principais atores dessa longa cadeia produtiva – estiveram presentes na inauguração.

Fato é que alguns aspectos regulatórios continuam em aberto, enquanto os processos de estudo, decisão e execução são sempre lentos na indústria automobilística em qualquer parte do mundo. Inovar-Auto vai até 2017, porém um ano antes os carros são homologados. Então, definições precisam sair já. Os vieses de eficiência energética e estímulo ao desenvolvimento tecnológico local podem estar corretos, mas ainda falta um real entrosamento entre as partes. Basta uma visita aos mais de 90 estandes da exposição paralela ao congresso para conhecer muitos componentes avançados, embora poucos com decisão efetiva de produção nacional.
Um exemplo é a injeção direta para motores flex etanol/gasolina que estreou no recém-lançado Focus. Bosch, Continental, Delphi e Magneti Marelli mostraram seus sistemas e se disseram prontas para fornecer. Na realidade, a Ford aproveitou para se antecipar aos concorrentes, pois produz no exterior, em boa escala, motores flex com injeção direta. Utilizou seu próprio software de gerenciamento já testado na vida real com E85, nos EUA, e facilmente o adaptou para E100 (etanol puro “descontaminado” de gasolina).
Corrida mercadológica à parte, dispositivos para economizar combustível há em todos os níveis de preço e de complexidade. Desde sensores de nova geração da Schaeffler para o sistema desliga-liga o motor, da Bosch; nacionalização de direção com assistência elétrica, da TRW; pré-aquecimento por indução elétrica em partidas a frio para injeção indireta, da Continental; para-brisas com vidros mais finos (menos peso) sem prejuízo do isolamento acústico, da Saint-Gobain.
Estacionar é incômodo e gasta combustível em tentativas infrutíferas. Pois já em 2015, no campo dos recursos caros, a Bosch oferecerá manobras totalmente automáticas, em vagas apertadas longitudinais ou perpendiculares, quando o motorista poderá sair do carro e assistir. Sistema de recuperação de energia em frenagens para fornecimento de torque adicional, conjugado ao desliga-liga do motor, inclusive em descidas suaves, tende a cair de preço em alguns anos. Pneus verdes também economizam combustível, mas no Brasil há buracos demais no caminho que exigem testes adicionais para adoção em larga escala.
Por fim, alguns fabricantes deixaram transparecer que montagem de laboratórios é relativamente fácil. Problema é ter capacidade de adquirir conhecimentos e aplicar em algo que o consumidor queira ou possa pagar. Daí vem a capacidade de apenas seguir ou ser seguido pelos outros.

RODA VIVA

CONFORME a coluna apostou, VW decidiu produzir o novo Golf na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Ampliação de 20% da capacidade proporcionará fabricação simultânea dos Audi A3 sedã/Q3, que compartilham a mesma arquitetura. Início apenas em 2015 talvez leve a empresa a importar o carro do México (no lugar da Alemanha), com menos impostos, em meados de 2014.
SEGUNDO o gerente de engenharia experimental da Fiat, Gilmar Laigner, menor consumo de combustível fala mais alto para o consumidor. Porém, em algum momento, passará a exigir também mais segurança. De fato, infelizmente, poucos se abalaram com testes de colisões do Latin NCAP. Pelo menos airbags frontais e ABS serão obrigatórios, em 1º de janeiro próximo.
MONOVOLUMES andam em baixa no mercado. Isso não desanimou a JAC a introduzir retoques externos no J6 2014 e melhorar o acabamento interno, agora mais agradável e atual. Modelo chinês, vendido nas versões de cinco lugares (R$ 57.990) e sete lugares (R$ 59.990) tem motor 2 litros/136 cv, subpotenciado. E continua sem opção de câmbio automático.
OPERAÇÃO de simples montagem, em parceria com a Itaipu Binacional, trará o microcarro elétrico Renault Twizy ao Brasil. Para dois passageiros em tandem (um atrás do outro), exige homologação, caso circulasse em vias públicas. Entretanto, será basicamente para deslocamentos internos dentro da maior hidrelétrica do mundo (capacidade real).
CONFIRMADO, pela Reed Exibitions Alcantara Machado, o período de 16 a 26 de outubro de 2014 para o 28º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo. Exposição não pode crescer e nem atrair mais público pelas limitações dos pavilhões do Anhembi. Sai ano e entra ano, sem que a prefeitura encaminhe solução para centro de exposições digno do nome.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

2 comentários:

totiy disse...

Uia!
CONFORME a coluna apostou, VW decidiu produzir o novo Golf na fábrica de São José dos Pinhais (PR). Ampliação de 20% da capacidade proporcionará fabricação simultânea dos Audi A3 sedã/Q3, que compartilham a mesma arquitetura. Início apenas em 2015 talvez leve a empresa a importar o carro do México (no lugar da Alemanha), com menos impostos, em meados de 2014.

O QUE FOI DITO EM 13/02/2013
Custos mantêm Brasil pouco competitivo, mesmo na era do carro global
Decisão já esperada, a Volkswagen acaba de anunciar a produção no México da sétima geração do Golf, automóvel mais vendido na Europa e, somada sua configuração sedã Jetta, a família de modelos de maior venda no mundo, à frente das famílias Corolla e Focus. Está prevista sua importação ao Brasil a partir de 2014.

Este é mais um sinal da baixa competitividade de produção no Brasil, pois aqui o Golf estacionou na quarta geração. Porém, o México se fortaleceu por vários motivos. Além da moeda desvalorizada e baixos custos trabalhistas e de fabricação, tem a vantagem de se situar na zona de livre comércio da América do Norte, de onde importa autopeças produzidas em escala gigantesca e, portanto, a preços menores. O país também acertou acordos com a União Europeia e o Japão, além do Brasil/Mercosul. Não à toa, a Audi confirmou antes sua fábrica mexicana para 2016. De lá poderá exportar, sem impostos, para três grandes blocos econômicos.

Anônimo disse...

Concordo que o J6 seja subpotenciado. Mas porquê o Sr. Calmon nunca teceu o mesmo comentário a respeito dos 120cv do motor 2.0 do Jetta?