13 a. Autoclasica. Rolls ganha, mas
Fiat e Bentley mereciam
Maior
encontro sul americano de veículos antigos, a argentina Autoclasica, realizada
no largo – para eles – final de semana, incluindo um feriado segunda feira, 14,
mostrou sua característica principal: reunião renovada de participantes
deixando seus esconderijos, expondo-se à luz, acercando-se do evento. Renovação
de muita qualidade, inquantificável acervo. Quatro dias radiosos, de frio com
sol, sem a chuva que volta e meia a referencia, tempo e situação de vegetação
primaveril, belíssimos plátanos nas alamedas do Hipódromo de San Isidro, a 20
km de Buenos Aires. Grande maioria, por raridade ou estado mereceu tratamento
sintético por vogais: ah,
eh, ih, oh. Uh talvez tenha
havido, mas terá sido protesto mudo quanto à escolha do Best of Show.
Rolls é
Rolls, especialmente nos modelos pré II Guerra, quando automóveis de luxo
permitiam receber carroceria especial. No caso, o RR Phantom Sedanca de Ville,
1926, vestido por carroceria Baker. Vencedor, ao mesmo tempo servia para
referenciar Alberto Lichenstein, segundo dono e atual proprietário que,
decente, em fervor nacionalista, adquire veículos em chão pátrio, salvando-os
de exportação, como aconteceu em quantidade industrial na Argentina e Uruguai
em décadas passadas. Brasil também e, pior, continua exportando tesouros de
nossa história.
Reúne todas
as características para a láurea, mas haviam dois outros exemplares, em
condições de levar a escolha maior. Um Fiat Tipo 53 de 1911, carroceria belga
Van den Plas, chamando Coupé enorme e altíssimo automóvel. Outro, britânico
Bentley, carroceria especial e peculiar em suas linhas posteriores.
Best of naturalmente indica o
melhor exemplar exposto dentre a enorme quantidade de veículos preciosos. Na
relação de categorias premiadas, moto BMW R32, de 1925.
Eleição
interessante, pelos jornalistas presentes ao evento, do melhor esportivo,
dando-lhe o Prêmio Germán
Sopeña, homenagem a profissional especializado e recém passado. Levou-o a
quarta unidade de Lamborghini Countach LP 400, 1974.
Foram 600
automóveis, 300 motos, e barcos, carros de corrida. Crescentes os veículos
nacionais, abrindo espaço na premiação, como os curiosos Citroën 3 CV furgão e
um Zunder, de fibra de vidro sobre plataforma de Volkswagen. Característica
importante, premiação de veículos originais, não restaurados.
Como usual,
prestígio a marcas com datas comemorativas: Mercedes SL Pagoda, Lamborghinis, meio
século do Porsche 911, século da Bentley com impactante exposição da
sóbrio-faceira inglesa. E homenagem a categorias de corridas.
Quantidade
exposta diminuiu, mas o público foi recorde apesar do esvaziamento da cidade
por conta do feriado. As bilheterias indicaram 50 mil visitantes. Em
compensação a feira de peças, AutoJumble,
como chamam, e a MotoJumble,
obviamente dedicada às motos, se expandem com brio, vendendo desde preciosa
literatura – Carlito Quintana, da Bi Albero, usual vendedor em Lindóia e
em Araxá, conseguiu-me o exemplar 2 da revista Autos de Época, completando a
coleção do Museu Nacional do Automóvel! E coisas inacreditáveis como um colar
de magnetos refeitos para Fords Modelo T – quase 90 anos após ter encerrado a
produção; cabeçote para motor V de Justicialista, da meia dúzia produzida;
volantes em quantidade industrial; www.tecnopiezas.com.ar vendia peças e reposições para carros
ingleses, latas O km, ainda em primer de
fábrica, para Jaguar XJ, e aceitava encomendas para reparos de carburador SU, e
calços para motor, câmbio, desenvolvimento de peças. Outra barraca, El Aleman -sisolancia@ciudad.com.ar - dispunha-se a receber faróis e seus
vidros para reparação, coisas impossíveis no mercado de reposição brasileiro.
Habilidades
A Argentina
possui habilidade por nós perdida: o trabalho com alumínio. Soma-se a isto
enorme coragem e o resultado tem sido o renascimento de veículos primorosos,
grande parte exportada. Lá, legislação federal acabou com a produção por marcas
não registradas – e não há registro. Assim, um credenciado fabricante de Lotus
7 não pode faze-los. Um industrial produz o Pur
Sang, cópia do Bugatti T 35. Faz tudo: eixos, motor, câmbio, chassis,
carroceria ... Inatacáveis como originais. Agora embrenhou-se pelo caminho dos
Alfa. Uns US$ 150 mil permitem te-los e usá-los. São carros O km com
especificações de época porém metais com tecnologia atual. Nestor Salerno, ex
piloto, mago na recomposição e construção manual de carrocerias, foi empreitado
para fazer série do Cisitália, projeto de Piero Duzio que revolucionou o mundo
aerodinâmico. Mas nenhum deles pode ser utilizado localmente. Sem licença, são
exportados.
Há
dificuldade acadêmica-legal para a exportação de peças e serviços. Assim, em
lugar de uma orientação argentina de como fomentar vendas, e brasileira de como
fazer importações, na prática o que discutia entre interessados eram soluções
criativas, digamos genéricas para receber encomendas aqui. Fomentar este
comércio seria mandatório para o desenvolvimento de pequenos negócios, lá e
aqui, mas governos são pouco preocupados com o varejo da realidade, voltados às
grandes formulações.... Espera-se, o novo governo argentino – eleições no
próximo mês – tenha outra visão.
A brasileirada usualmente presente aos milhares era
inquantificada, pois a valorização do Real frente ao Peso de uma Argentina em
crise, muito reduz custos para a moeda trocada em enorme ágio. Parte do clima
de desvario econômico que assola o parceiro, o comércio, em especial
restaurantes, propõem descontos na nota, desde que à vista ou câmbio paralelo,
Reais a $ 4 pesos ou Dólares a $ 10 P, em pagamento. Para nós, baixos preços.
Para eles, dinheiro oficialmente inexistente, sem recolher impostos, usado para
entesourar os donos, atemorizados com o futuro econômico ante a inflação
manipulada, situação onde o tomate custa mais caro que a boa carne local.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Rolls do preservador Lichenstein, Best of Show.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Fiat Coupé par Van Den Plas, merecia
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Bentley
Strada abre frente
em sua estrada com o três portas
Missão,
manter e ampliar a diferença de vendas entre o picape Strada e os demais
concorrentes, que somados não o alcançam. Caso referencial, situação invulgar,
posição a ser mantida, a Fiat evoluiu a versão cabine dupla, aplicando-lhe
terceira porta. Dissimulada, abre ao contrário, cria enorme espaço para acesso
pela inexistência da Coluna central, e se fecha contra a porta dianteira
direita. A junção forma um ponto estrutural, como se fosse da Coluna B.
Esforço
conjunto de vários setores da Fiat, não apenas serviço de elegante lanternagem,
mas o produto mudou, com nova linha de cintura e redesenho da caçamba, bordas
elevadas em 8 cm, lanternas traseiras mais elevadas, espraiando-se às laterais.
No visual parece maior. A capacidade de carga aumentou em 200 litros para
a cabine simples, 120 para a estendida e 100 para a cabine dupla. O volume útil
é o maior do segmento.
Seis as
versões. Três de Working,
carro de frotista e trabalho, com novo para choques frontal, e opções cabines
curta, estendida e dupla, motor 1.4 Flex; uma Trekking,
cabine dupla, motor E-TorQ 1.6 16V; e duasAdventure, cabines estendida e
dupla, motor E-TorqQ 1.8 16V. Opcionais automobilísticos mantém-se listados:
Locker, diferencial blocante; câmbio automatizado Dualogic; e 40 opções agora
oferecidas sob a marca Mopar – da Chrysler. 11 cores, incluindo uma, tipo
declaração de auto imponência, o Vermelho Opulence.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Duas portas, sem coluna, o acesso mais fácil no picape Strada
-------------------------------------------------------------------------------------------------
E o
simplório paquímetro revoluciona a indústria
Quando Henry Ford desenvolveu seu primeiro automóvel
usou os moldes e formas como base para a padronização das peças. Era, na
nascente atividade, método coerente. Entretanto, por fatores diversos, haviam
discrepâncias e nem todas as peças eram rigorosamente iguais.
O sucesso das vendas da marca, no foco de fazer veículos
simples, operacionais e resistentes, provocou críticas sobre a qualidade
prejudicada pela qualidade. Ford era rápido em decisões e soluções, consultando
seu braço direito de técnica, o sueco Charles Sorensen. Este sugeriu uso de
equipamentos simples. No atacado industrial, aferição de medidas e volumes por JoBlocks, sistema criado por Carl
Johansen, também sueco, inspetor de qualidade da fábrica estatal de rifles,
baseado na junção de blocos metálicos com dimensões padrão. E outro, o uso de Caliper Rule – evolução do paquímetro de
Vernier, criado três séculos antes -, uma régua e suas variáveis, com duas
escalas sobrepostas. Com os JoBlocks equipe de metrologia conferia moldes,
matrizes, ferramentas. Na linha de produção os montadores, paquímetros nas
mãos, conferiam as peças construídas em casa, admitindo-se diferença máxima de
1/100 de polegada – 0,05 mm. Simples, porém uma sub revolução econômico
industrial no processo garantindo processo, apuro, pouco refugo e qualidade no
produto.
Ford associou-se a Johansen e, maior fabricante do
mundo, dinamizou o uso das ferramentas de aferição, gerando hábito industrial.
Até os concorrentes se tornaram clientes dos JoBlocks e dos paquímetros, micrômetros e ampla lista de
ferramentas produzidas pela empresa especialista. Seu uso permeou para as
indústrias menores, ferramentarias, torneiros, oficinas, ampliando a qualidade
em todos os setores.
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Paquímetro de dobrar, utilizado no controle de qualidade do Modelo T
---------------------------------------------------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário