Por Fernando Calmon
Navegadores GPS protagonizaram uma
revolução no modo como os motoristas e seus veículos passaram a circular por
ruas e estradas. Em passado não muito distante mapas impressos e guias em
formato de livro de difícil consulta eram os únicos recursos disponíveis para
chegar a um destino desconhecido. Fácil se perder, mesmo que o carona ajudasse
a interpretar as melhores rotas. E se errasse o rumo, sobrava o consolo de
apelar ao famoso lema dos desorientados: “Quem tem boca vai a Roma”. Só restava
parar mesmo e confiar nas orientações dos passantes dispostos a ajudar.
Os primeiros PND (sigla, em inglês, para
dispositivo pessoal de navegação), com suas instruções por voz e mapas móveis
nas telas, deixavam as pessoas embasbacadas com a força da tecnologia. As
telas, no início, eram pequenas (três pol.) e as rotas não tão precisas e nem
muito abrangentes. Mas aperfeiçoamentos chegaram rapidamente ao incluir novas
cidades, estradas, pontos de interesse, roteiros de maior precisão e
atualizados com frequência.
Não tardou a chegada do conceito de rotas
eficientes. Por meio de estatísticas o caminho pôde ser reorientado em função
de históricos de trechos congestionados e de determinados dias da semana. O
passo seguinte foi o surgimento dos mapas colaborativos, quando os próprios
usuários inseriam informações on line, ainda antes da difusão dos telefones
inteligentes.
A mais recente evolução chegou agora por
meio da empresa holandesa TomTom e o seu inovador sistema Traffic. Brasil é o
33º país a integrar uma grande rede mundial de informações entrelaçadas em
tempo real. São centenas de milhões de dispositivos GPS de frotistas
particulares e oficiais, além de usuários individuais, interligados via rede de
dados móveis GSM com outras fontes, desde informações de acidentes e obras
reportados por agentes de trânsito e jornalistas até sensores de solo
responsáveis pelo controle de semáforos.
Estima-se que 100 milhões de pessoas no
mundo deem sua contribuição diária de forma automática. Basta estar dirigindo.
A partir disso é possível saber, pela velocidade média dos deslocamentos, os
pontos exatos de lentidão e informar rotas alternativas, mesmo que
aparentemente não sejam as naturais. Esse sistema integrado reduz o tempo médio
de viagens em até 13% e, no caso de áreas congestionadas, até 30%. Portanto, um
percurso que normalmente levaria uma hora diminuiria para cerca de 40 minutos.
Em cidades conurbadas, se apenas 10% dos
motoristas usassem tal recurso o tempo de deslocamento poderia cair até 15%
para usuários do sistema e 5% para os demais como beneficiários indiretos.
Dessa maneira, o uso racional representaria alívio em investimentos públicos
para ampliação da malha viária, sem contar a diminuição da poluição e a
melhoria da qualidade de vida dos centros urbanos.
Aplicativos para telefones celulares
inteligentes, como o Waze, já conquistaram muitos fãs no mundo. Ajudam a traçar
rotas alternativas, embora dependam de adesão espontânea e não livrem do atraso
quem já está no congestionamento. Um recurso complexo e eficiente, como o
Traffic, terá custo maior. O navegador com tela de seis pol. custará por volta
de R$ 900, fora impostos.
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