Mercedes
Classe S, Longo. Carro de Patrão
Estava quieto, calculando
o quanto reduzir na mistura de grãos e sais minerais fornecida à Háua, minha
mula de patrão, no atual verdor dos pastos no Planalto Central, quando me liga
da Califórnia amigo de longa convivência automobilista.
Da conversa, saudação
cortês, social, sobre o fazer, além de defender a sobrevivência do Museu Nacional do Automóvel,
ante oposição dos governos de Brasília e do Brasil. Pulei explicar tal messe.
Não falo mal do meu país com estrangeiro. Também, o que é Mula-de-Patrão,
Azêmola, dela diz a ciência. Cernelha alta, distinta, elegante, dotada postura
superior, andar lembrando Alfa 159 – confortável, porém firme, estável, e
rainha do instinto. Nem que Háua, tentativamente grafado em língua pátria,
sugere vento em árabe.
Amigo fala por
parábolas, perguntando: “– se você tivesse, para o resto da sua vida,
apenas um automóvel, em que banco você gostaria de sentar?”.
Confesso, após certa
idade, não me aprazem perguntas com barreira de corte, mas fiquei com vontade
de dizer-lhe, em matéria de cadeira perene, gostaria fosse a de diretor de
estatal, nomeado pelo poder. Ótimo salário, mordomias mis e, tão intocável que,
por ação ou inação distinto público perde, diretores saem incólumes. Caso
recente do ex presidente do Banco do Povo, quebrado, levado, com lastro
oficial, para a diretoria de marketing do Banco do Brasil. Afinal, arquiteto
que quebra banco, tem toda a experiência exigida para a diretoria de estatal.
Henrique Pizolatto, “o” cara, ali colocado pelo poder maior, foi condenado por
corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Mas na Itália, para onde
fugiu, graças às amplas vantagens obtidas no exercer o cargo, será dottore ou Commendatore.
Ótima cadeira.
Mas falávamos de banco
em automóvel, ele arrematou: “- sente-se no Benz –intimidades californianas –
S Class. Não é um banco, é um trono !”.
Liguei a máquina do
tempo. Automóvel excepcional, dele tive exemplar há alguns anos, quando minha
mulher impôs-me ter motorista. Claro, não prosperou, e acabei dividindo minha
parte na garagem com o ocioso cidadão, o pouco usado 500 SEL, e o Alfa 164 de
minha condução.
Coisas distintas, mas o
Mercedes surpreendia com a agilidade, o como andava e acelerava. Saída de meu
escritório desaguava numa das avenidas estruturadoras da Capital, a 400 m da
vertente de uma das pontes para o Lago Sul. Quando o sinal nos detia na faixa
da direita da primeira fila, seu abrir inaugurava momento de recreio. Chamava-o
à responsabilidade, pé esquerdo no pedal do freio; direito mantendo o motor a
2.500 rpm, solta a trava, saía viril, enchendo a primeira marcha da transmissão
automática, tomando a curva à esquerda com o pé fundo, o ponteiro do contagiros
quase na faixa vermelha, mais de 5m de automóvel levemente inclinados, mas com
as rodas em pleno contato. Dois espantos: um SEL exercitando insuspeitados
dotes de engenharia, e sujeito vestido como advogado dirigindo como boy-xarope.
Dele, registro com
licença poética, sacanagem do Nikki Lauda, tri campeão mundial de Fórmula
1. Em encontro no Aeroporto de Frankfurt perguntou o que eu dirigia. Falei do
500 longo e ele arrematou: “- Ah, carro bom. É o taxi mais rápido do
mundo…”…
O
ícone
Precisamos de ícones, e
o Mercedes S 500L é o mais palpável deles. É o sonho. O é do engenheiro da
Ford, da Volkswagen, BMW, Audi, Lexus, Infinity... Também, do pessoal de
marketing e comercial. É o cimo, o pico, a referência, o patamar a ser
atingido. Como engenharia, produto com maior independência aos envolvidos em
seu projeto. Podem aplicar mais talento, com menos cortes de custos. O S não é projeto
de contadores, mas a cara da Mercedes, o puxador da tecnologia.
A versão L, longa, é
feita para conforto aos passageiros do banco traseiro, desde a conformação e
regulagem dos assentos aos monitores de TV ao fundo dos bancos frontais. O meio
ambiente de sistema térmico, áudio e vedação acústica completam as boas
sensações e a percepção de bons materiais, boa construção.
O automóvel plotou – e
atingiu – três metas para manter a auto classificação de melhor do mundo:
condução inteligente, eficiência tecnológica, essência do luxo. A missão é
árdua. A Mercedes perdeu a liderança de vendas de automóveis para BMW e Audi, e
a missão renovada do atual presidente Dieter Zetsche, é recuperá-la. Num
abraço, o S puxa a fila da imagem, e o novo CLA fecha com o público jovem – e o
que com ele rejuvenesce.
O projeto não
considerou o L como um S esticado. Horda de clientes chineses mudou o conceito.
Projetando 30 mil vendas aos Xing Ling em 2014 – no Brasil 150 … -,
considerou-se seu hábito de encher a parte traseira com família e amigos. Assim
tratou-a como Traseira de
Primeira Classe.
O estilo oferece a
mescla mágica de sensação de dinamismo a um automóvel com dimensões de Made in USA. E a tecnologia
avulta incluindo o fato de não portar única lâmpada, provendo iluminação por
LEDs. Atrás, frescuras: no poupar condutores dos veículos que o seguem, parado
nos sinais ou andando em estrada as luzes traseiras baixam a intensidade…
Quantidade de LEDs impacta: cada farol 56; lanternas traseiras, 35; dentro,
incluindo ambiente e desenhos de contorno em laterais, painel e console, umas
300.
No conduzir, sistema de
TV da geração anterior, capaz de substituir os mostradores do painel por tela,
foi incrementado. Os mostradores circulares, lembrando relógios, são virtuais,
e em tela com mais de 30 cm, e os sensores de radar, mais TV, permitem visão de
360 graus. O assistente de visão noturna, na tela exibe maior profundidade e
melhor definição o que está à frente. Há assistência para estacionar.
Interior naturalmente
sóbrio, elegante, mesclando couro, madeira, metais. Som Mercedes, woofers alojados
na parede de fogo. 11 almofadas de ar. A passageiros atrás, air bag na fivela dos cintos de segurança. Em
desaceleração para impacto, motor elétrico os tensiona e impede escorregar.
Mecânica
Diria, o diferencial
nesta briga de cachorros grandes, são dois sensores frontais, lendo por
antecipação as irregularidades do piso, pré programando a suspensão para
absorve-las sem transmitir à carroceria. Bunda de ocupante não faz parte da
suspensão. A estrutura tem 50% mais de rigidez às torções, sem aumento de peso,
por uso de alumínio. Isto aumenta enormemente o conforto de rolagem, e será
componente a participar de automóveis das classes inferiores a médio prazo. O
motor V8, desloca 4.663 cm3, com dois turbos produz 455 cv e monumentais
700 Nm de torque. Dianteiro, longitudinal, atracado a caixa com sete
velocidades e gestão eletrônica, tração traseira. Esportivo 0 a 100 km/h: 4,8s. Velocidade cortada a 250 km/h. Dado
irrelevante, quase 10 km/l de gasolina. Não gostei do substituir a alavanca do
comando das marchas por uma rodinha. Boiolice tecnológica.
Preço? Nos EUA US$ 130
mil. Aqui, em nome de proteger – e manter - a ineficiência da indústria
nacional, US$ 265.000.
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Mercedes S, longo,
carro-de-patrão ...
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Porsche
Macan, o anti RR Evoque
O sucesso do Range
Rover Evoque, competente misto de automóvel com utilitário esportivo, futucou a
comunidade Volkswagen a aproveitar a trilha inglesa. Fizeram misturada de
peças, da plataforma do Audi Q 5 a motores V6 Porsche – 3.0 V6 bi - turbo, 340
cv ; 3.6 V6 bi-turbo, 400 cv, o mais potente dos SUV compactos. Transmissão do
grupo, duas embreagens, sete marchas, e tração em todas as rodas. É o Macan –
há versão diesel, V6, 3.0. 258 cv.
Do Evoque 34 cm mais
comprido. Do Cayenne, o mais curioso dos Porsche, utilitário esportivo grande,
extremamente rentável, 16 cm a menos. Planos incontidos: 50 mil unidades ano,
em fábrica nova em Leipzig, antes conhecida como cidade do celebrado compositor
Johann Sebastian Bach.
Mundo muda. Projeta-se,
a partir das vendas do Cayenne, o Macan seja o mais vendido da marca, não sendo
difícil prever, daqui a alguns anos se explique a um jovem ser a Porsche
rentável fábrica de utilitários esportivos, produzindo alguns esportivos apenas
por teimosia histórica...
Preços largam em US$ 71
mil versões 300 cv e diesel.
Mais
Controladora da marca,
a Volkswagen soma o crescente sucesso em volume e lucros da Porsche a seu
projeto de vender 10M de veículos em 2018, tornando-se a maior do mundo, à
frente de Toyota e GM. 200 mil Porsche em 2018 ajudam na conta.
Nome de tortuosa
lógica. Significa Tigre na conhecida linguagem indonésia, assim como Amarok, na
mundialmente falada esquimó, e Tiguan, cruza de tigre com iguana ...
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Macan será Porsche mais
produzido
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Roda-a-Roda
Parcela – Na compra de novo carro, design virou
parcela importante. Designer é pop star. Caso da Kia,
marca da Hyundai.
Schreyer – Peter Schreyer, bávaro, chegou em 2006, criou identidade
para os da marca, aumentou vendas, virou insólito Presidente de design Kia e Hyundai.
Mundo – Selo internacional, ganhou o Golden Wheel Steering
2013 – Volante de Ouro – premiação europeia pelas revistas
alemãs Bild am Sommtag e Autobild. Em 31 edições apenas outro designer laureado:
Giorgetto Giugiaro.
Caminho – Schreyer é formado em Ciências Aplicadas pela Universidade de
Munique, e na London Royal College of Art. Currículo com Audi TT, formas e
composição dos Kia, grade com cara de tigre, fomentadora de vendas da marca.
A3
Sedan – Ganhou como automóvel, na 23ª vez que a Audi leva o
prêmio. Na Alemanha é mensurável: dentre as marcas comuns, Audi é a queridinha
da imprensa. Recebeu-o o dr Ulrich Hackenberg, tipo professor Pardal do Grupo
VW.
Agora – No Brasil há talentos segmentados, muitos emergentes,
exportados, brilhando na Europa. Localmente fábricas de automóveis tratam os
profissionais como gerentes qualificados, sem diretoria e assento à mesa de
decisões.
Antes - Já houve: Roberto Araújo, arquiteto, era Diretor de
Estilo na Willys-Overland, estrela em vendas e produtos, findada em 1967
assumida pela Ford. Aliás, nesta, João Marcos Ramos, líder da equipe autora do
caminhão Cargo e de dois produtos mundiais, o EcoSport e o Ka Concept, é
gerente.
Fui –Fiat não participará do instável Salão de Automóveis na Itália,
2014. Economia em crise, vendas em retração, seria em Bolonha. Inviabilizada,
mudou-se para Milão. Em sua origem vendas Fiat cairão à metade dos 2,7M de
2007.
Exclusividade – Citroën e Microsoft cruzaram filosofia e ação compondo o C3 Xbox One Edition, marcando
início de sinergia. Xbox é jogo Microsoft, e 50 primeiros compradores do bem
composto C3, baseado na versão superior, 1.6, receberão oXBox, um ano de
uso livre, e o jogo Forza Motorsport 5.
Essência – Na prática é primeira ação entre marcas cultivadoras de
tecnologia. No varejo, proposta boa. Fosse montar automóvel, acessórios,
pintura preta perolada, superaria os R$ 49.900 de primeira pedida.
Mais
– Ka Concept é segundo Ford mundial aqui desenvolvido. Hatch compacto, elegante, a
compradores de todo o mundo, também será feito na China.
Futuro – Projeta a Ford, segmento dos compactos crescerá 35% entre 2012
e 2017, somando 6,2M. Design, eletrônica, capacidade de
comunicação, pequenos confortos internos, novo motor, no seduzir clientes
ascendentes, e antigos buscando veículos de menores dimensões sem uso
sacrificado.
...
II – Projeta a Coluna, novo carrinho, para maio 2014,
chamar-se-á Escort. Tem a ver com volume e proposta. O Ka foi-se: europeu era
Fiat 500, o daqui, nada a ver, sobre o Fiesta avô do atual. Escort tem
identificação mundial.
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Ka Concept, nacional/mundial, deve ser Escort
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Mercado – Valor médio dos
veículos financiados em outubro cresceu 3% em relação ao de mesmo mês em 2012
R$ 24.739, diz a Cetip, operadora do maior banco de dados sobre financiamentos
veiculares.
Aniversário – Uma das mais emblemáticas fábricas de automóveis no
Brasil comemorou 54 anos. É a da VW, em São Bernardo do Campo, SP, primeira
usina da marca montada fora da Alemanha. Até
agora, de lá saíram mais de 12,8M.
Atualização – Renovação encerrou referencias curiosas como ter as
maiores padaria e retífica de motores no mundo. Revista, atualizada para novos
produtos, e a Kombi, seu primeiro veículo e de manufatura quase artesanal,
confinada em porão, desaparecerá neste ano, após o mais longo reinado de
veículo no Brasil.
Hoje – Mudanças importantes, em especial sob óptica de
ecologia, economia e sustentabilidade. Nos últimos cinco anos, por construção
de usina hidroelétrica, novos processos, economizou energia elétrica, água e
reciclagem de metais.
Parabéns – Ford Argentina faz 100 anos. Hoje produz picape Ranger e
Focus.
Diversão – A fim de intimidades com italiana atrativa,
quente e performática? Vem
aí o primeiro Ducati Dream Tour Brasil. Exitoso,
é ocasião de amplo test-drive com a moto italiana,
iniciando ser montada em Manaus.
$ ? - Serra do Rastro, SC, mais de 300 curvas, montado em Multistrada
1200. R$ 3.599, para uso da moto, gasolina, hospedagem e alimentação.
Mais? (iracema@milltur.com.br), (11)3670-5567. Prazeres, muitos. Vagas, contidas.
Caminho – Brasiliense Felipe Guimarães, com patrocínio de
Faculdade Evangélica/Marc JR/Hitech Racing, Campeão Sul Americano de Fórmula 3.
Bom de serviço: 12 vitórias, 11 voltas mais rápidas, 6 pole positions,
venceu por antecipação. Ao lado do Felipe Nasr, são esperança de movimentar
volta do país à Fórmula 1.
Descenso – Neste ano o Brasil, nas últimas décadas uma surpresa por
volume de participantes e resultados, terá apenas Felipe Massa a nos
representar.
Retífica
RN – Leitores cobram auditoria aritmética. Coluna passada
disse sobre motor de 3 cilindros com 16 válvulas. Correto serão 12.
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Em 1954 a Fiat quase veio para o Brasil
Embora haja crença
que a fabricação de automóveis Fiat no Brasil se iniciou em 1976, em Betim, MG,
com o modelo 147, a marca se faz presente oficialmente desde 1910, e tentou
implantar-se industrialmente algumas vezes.
Com os Irmãos Grassi, pioneiros, com
agregação mínima de componentes; com a Matarazzo, ampliando o espectro de mão
de obra, fazendo acabamento final incluindo pintura, então referenciada como a
melhor e mais duradoura.
Entretanto, década de '50, com o país
sinalizando condições para implantar uma indústria de automóveis, concedeu
operação de montagem, finalização e distribuição a uma empresa particular e
pioneira, a Varam Motores. Representava a estadunidense Nash, tinha as melhores
instalações industriais.
Seu executivo local, o longevo e
agitado Primo Fioresi, intermediou o negócio, e a Fiat autorizou importação dos
Fiat 1400 e 1900, sedãs de 4 portas. Além do mais, ônibus e caminhões. As
instalações da Varam ficavam no km 23 da Via Anchieta. Em frente a ela a
Volkswagen se instalou.
O mercado brasileiro iniciava
acelerar e o parque de auto peças se desenvolvia com rapidez. As condições
indicavam, seria fácil dinamizar a produção com bom conteúdo local. A
Willys-Overland, quarta fabricante dos EUA, dizia-se, comprara ampla área
alguns quilômetros antes, e também era voz corrente no mercado, traria parte de
sua fábrica em Toledo, Ohio, para produzir Jeeps no Brasil - como o fez a
partir de 1955.
Ocasião, projeções e as excelentes
instalações industriais da Varam Motores instigaram à Fiat propor negócio de
associação com o imigrante empreendedor Varam Keutenedjian, ativo romeno que
fizera fortuna e o maior lanifício do país. Seria acionista majoritária,
tocaria a operação, e a família teria participação societária.
O pioneiro da industrialização pensou
muito, mas declinou da oferta, temendo, ante a disparidade de meios, perder o
negócio no qual era sócio de seus cinco filhos, ante alguma chamada para forte
aumento de capital - como usualmente ocorre.
O negócio se diluiu, houve perda de
interesse por um lado, insegurança pelo outro, a montagem dos Fiat se
interrompeu, e este fabricante somente veio para o Brasil após a corajosa ação
do governador mineiro Rondon Pacheco junto ao governo federal para abrir a
oportunidade de novos fabricantes se instalar no país, como ocorreu em 1973.
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Ala da produção Fiat na Varam
Motores, com a logo da marca ( da Internet )
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