Alta Roda nº 736 — Fernando Calmon — 4/6/13
BASTA
DE IMPROVISAÇÃO
No mundo, hoje, circulam mais de um bilhão
de veículos leves e pesados, sem incluir motocicletas. Antes do final da década
a frota atingirá 1,4 bilhão e quase todo esse crescimento virá de países
emergentes. É uma tendência que não reverterá tão cedo. Afinal, a densidade de motorização
– medida em número de habitantes por veículo – nesses países ainda está muito
distante dos chamados desenvolvidos.
Essa conta, claro, deve ser feita a partir
de números da frota real. Como já comentado nessa coluna, as estatísticas do
Denatran consideram que os veículos só recebem certidões de nascimento, no caso
Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). Não há certidões de óbito
e então existiria uma frota fantasma 35% maior que a efetiva.
No ano passado, a densidade de motorização
no Brasil atingiu algo como 5,5 habitantes por veículo (h/v), ao se considerar
a frota real. Esse índice é de 4 hab./veic. na Argentina e 3,5, no México.
Ainda estamos muito longe dos EUA (1,2 h/v) e de países da Europa ocidental (média
de 1,5 h/v).
Essas distorções estatísticas levam a
equívocos, quando se fala de trânsito. Em São Paulo, por exemplo, é muito comum
afirmações de que a cidade está sufocada por mais de sete milhões de automóveis,
quando na realidade esse número teórico (registros Renavam) incluem
motocicletas, utilitários, caminhões e ônibus.
Por outro lado, a empresa que faz as
inspeções ambientais na capital paulista registrou 3,5 milhões de veículos.
Mesmo com evasão exagerada de 25%, a frota real seria de 4,5 milhões de
veículos. Se incluídas 300.000 motos, ainda se estaria distante dos sete
milhões.
São Paulo mostra densidade em torno de 2,5
h/v, o dobro do País. Mal servida por transportes públicos e a menor rede de
metrô do mundo, em proporção à população, o trânsito, de fato, é dos piores. Resultou
na adoção de rodízio de veículos por final de placa no centro expandido (minianel
de uns 100 quilômetros de extensão periférica).
Tal rodízio, divididos em dois períodos de
três horas, é uma solução torta, inclusive por seu traçado. Mais eficiente
seria o pedágio urbano, aplicado em quatro cidades do mundo. A improvisação em
matéria de engenharia de trânsito leva, de tempos em tempos, a se cogitar de
incluir outros trechos, o que traria mais confusões do que benefícios ao atrair
mais carros para esses corredores.
A cidade também diminuiu a velocidade
máxima em várias avenidas, o que limitou sua capacidade de escoamento, algo sem
sentido. Agora, ameaça utilizar radares para multar motoristas pela média de
velocidade (ilegal pelo Código de Trânsito Brasileiro). Ou seja, os carros
rodariam ainda mais devagar pelo temor da multa, em prejuízo do fluxo.
Entretanto, um arroubo de bom senso pode
ocorrer em São Paulo. Prefeitura anunciou há pouco um projeto baseado em tecnologias
já aplicadas em cidades com problemas semelhantes no exterior. Plano é formar
uma rede de fibra ótica de 1.000 quilômetros que interligaria 1.000 câmeras de
monitoramento, 3.000 cruzamentos com semáforos inteligentes, 150 painéis de
mensagens eletrônicas e 5 centros de controle de tráfego de área. Essas
informações em tempo real estariam disponíveis também em sites, aplicativos de
internet, programas de navegação em celulares inteligentes e centrais
multimídias dos veículos.
Orçado em R$ 300 milhões, uma ninharia
frente aos benefícios, e se todo implantado, seria um programa muito mais
eficiente do que qualquer rodízio e outras improvisações.
RODA VIVA
MODELO que a Ford lançará no início de 2014 para substituir o atual Ka,
será pequeno mas não um subcompacto como o futuro Ka europeu. Carro a ser
produzido em Camaçari (BA) terá pouco a ver com o homônimo europeu, além do
motor de 3 cilindros. Aqui haverá versões hatch e sedã, como compactos-padrão, porém
menores que o Fiesta.
TOYOTA prepara sedã intermediário entre Etios e Corolla para dar combate
direto ao Honda City. Lá fora há o Vios, mas este divide arquitetura com o
Yaris, caro para ser produzido aqui. Tudo indica que será mais um compacto anabolizado,
a partir do Etios sedã esticado e nova carroceria que lembra o Vios. Mesma
fórmula do próprio City, Grand Siena, Cobalt e Linea.
AUDI R8 V10 Plus (preço estimado, R$ 800 mil) traz a tradicional fórmula
de mais potência (25 cv) e menos peso (alívio de 50 kg). Melhor desempenho deve-se
em parte à nova caixa de câmbio automatizada de duas embreagens e sete marchas.
Curiosamente, não possui trava para estacionar (posição P). Mas o controle de
arrancada é para valer: qualquer um faz 0 a 100 km/h em 3,5 s.
REJUVENESCIMENTO de linhas, em conformidade com o estilo de Gol e Voyage, traz novo
fôlego à picape Saveiro. Unificação da arquitetura eletrônica e equipamento
moderno de áudio trazem sensações agradáveis no dia a dia. Versão Cross tem apêndices
na dose certa. Suspensões quase ignoram buracos e lombadas, um ponto alto do
modelo.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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