Alta Roda nº 734 — Fernando Calmon — 21/05/13
DE
VOLTA PARA O FUTURO
Filmes de ficção científica encantam quem
gosta de visão antecipada dos avanços que reservam o futuro. Pois os carros de
topo de linha são provas de que o futuro deixa às vezes de ser ficção, embora
inalcançável para a maioria dos mortais. Mas há um consolo: algumas dessas
novidades um dia cairão de preço com progresso das pesquisas, novos materiais e
processos. Computadores de bordo, controles de trajetória, freios ABS e
navegadores GPS pareciam inacessíveis faz pouco tempo.
Exemplo de transformação em realidade é o
novo Mercedes-Benz Classe S, que chegará ao Brasil no fim do ano, na faixa dos
R$ 800 mil. Sua première mundial (estática) em Hamburgo, Alemanha, semana
passada, teve show à altura dentro da fábrica de aviões Airbus. Para descrever
o modelo-símbolo da marca necessitam-se 150 páginas, em DVD; manual do
proprietário seria confundido com um livro.
Difícil selecionar tópicos mais importantes
entre tantos. Trata-se do primeiro automóvel a dispensar lâmpadas: há quase 500
LEDs (diodos de luz), dos quais 56 só para os faróis. Uma estereocâmera (tridimensional)
avalia desníveis e buracos no pavimento à frente e comanda adaptação prévia das
suspensões a ar. Essa câmera, em conjunto com sensores e radares, detecta, além
de pedestres e outros obstáculos, o tráfego em cruzamentos, dia ou noite, para
evitar ou mitigar acidentes. Estabilizador de velocidade mantém distância de
segurança – acelera, freia, para e arranca – e segue o veículo da frente até em
curvas de raio longo, sempre dentro da faixa de rodagem, ao atuar no volante de
forma autônoma.
Novo Classe S foi construído de trás para frente,
a partir da versão de entre-eixos longo, tal o nível de conforto e segurança.
Poltrona traseira diagonal à do motorista inclina até 43 graus, tem suporte
integral para pernas, aquecimento nos apoios de braços e 14 atuadores para
massagem nas costas. Além de cinto de segurança inflável, há algo como airbag
de assento que limita, em caso de acidente, o corpo escorregar por baixo do
cinto, mesmo que o passageiro esteja adormecido.
Entre as amenidades, sistema ativo de
perfumar o habitáculo sem saturar o ambiente, comando de várias funções por
meio de telefone inteligente ou tablete e duas mesas de apoio rebatíveis no
console central traseiro, além de sistema de áudio com 24 alto-falantes e 1.540
W de potência.
Privilégios também na parte da frente, com
duas grandes telas de 12,3 polegadas, uma delas só para o quadro de
instrumentos. E mais segurança: os cintos afastam motorista e passageiro da direção
do impacto frontal; freio de estacionamento é acionado em caso de iminente
colisão traseira para minimizar o efeito chicote sobre a coluna cervical de
todos os ocupantes.
Em estilo, manteve o caráter evolutivo, embora
a grade frontal maior lhe dê personalidade. São só dois cm a mais de
comprimento (versão de entre-eixos curto), mas “emagreceu” 100 kg. Coeficiente
aerodinâmico surpreende – apenas 0,24 –, mas, em breve, alcançará 0,23 com um
pacote opcional de menor consumo/emissões. Motores vão de 258 cv a 456 cv, já
enquadrados na próxima e ainda mais rigorosa legislação europeia antipoluição.
RODA VIVA
ESTRATÉGIA clara das marcas francesas: antecipar os sedãs novos frente aos
hatches. Substituto do C4 Pallas (nome vai mudar para Lounge ou outro, em
estudo) chega logo no segundo semestre, seguido pelo sucessor do Logan, igual
ao já disponível na Europa. Respectivos hatches, C4 e Sandero, só no início de
2014. Este último tem mais fôlego de vendas até lá.
REPOSICIONAMENTOS de preços continuam para defender posições de mercado. Toyota
recheou versão intermediária do Corolla em tentativa de deter avanço do Civic.
Já a Ford acrescentou ar-condicionado ao Ka, o que o tornou o mais barato
modelo com esse equipamento entre automóveis pequenos. Veterano Mille retomou a
coroa de nacional mais acessível por R$ 21.990.
VOLKSWAGEN também mexeu no líder de vendas do mercado. Enquanto o todo novo subcompacto
up! é esperado para início de 2014, a marca se defende das investidas dos
rivais com Gol Rallye e Track, versões especiais de suspensões (mais) elevadas.
Primeiro tem motor de 1,6 L e o segundo, de 1 L, ambos bem equipados. Preços puxados
de R$ 48.580 e R$ 33.060, respectivamente.
LIFAN, marca chinesa agora divorciada do sócio brasileiro Effa, coloca
suas apostas na montagem uruguaia do X60, SUV compacto anabolizado. Manteve a
fórmula oriental de combinar máximo de recheio a preço baixo: R$ 52.777. Inclui
até navegador GPS, além de material de acabamento longe do rústico. Estilo
agrada e motor de 1,8 L/128 cv/16v está de bom tamanho.
SEGUNDO a Anfavea, mercado brasileiro é disputado por 1.220 modelos e
versões de 54 marcas, entre nacionais e importadas (somados caminhões e ônibus,
62 marcas e 1.744 opções). Nesse nível de oferta, os dias de estoques em
fábricas, importadoras e concessionárias terão que crescer para algo em torno
de 30 a 35 dias.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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