Alta Roda nº 731 — Fernando Calmon — 30/4/13
CORRIDA
TECNOLÓGICA
Agora sob perspectiva de atingir metas mandatórias
em cinco anos – aumento de índice de localização, aperfeiçoamento de processos
industriais e diminuição de consumo de combustível – a indústria
automobilística deve se voltar a fornecedores de componentes e serviços. Nem
com todas as regulamentações ainda de todo conhecidas do programa Inovar-Auto,
já se fala em Inovar-Peças, ideia que surgiu sem formatação definida. Reflete conceitos
genéricos e, outra vez, cria certa dependência de iniciativas governamentais
tendentes a criar artificialismos.
Foi esse clima que marcou a recente Automec
– Feira Internacional de
Autopeças, Equipamentos e Serviços – cuja 11ª edição, realizada em São Paulo,
lotou os 78.000 m² do Anhembi. Trata-se de exposição para profissionais do ramo
e atraiu 1.200 empresas, de 31 países, inclusive os cada vez mais presentes
chineses, tanto do continente como da ilha de Taiwan. Em edições passadas, eles
ficaram um tanto confinados, porém não dá para resistir às suas ofertas de
baixo preço, embora com qualidade, em geral, ainda a se confirmar.
Entre os
expositores felizes, sem dúvida, dois grandes fornecedores, BorgWarner e
Honeywell/Garrett. Estão confiantes de que a tecnologia downsizing, de redução de cilindrada e uso de turbocompressores, é a
tendência irreversível, reflexo do que ocorre no exterior. Se até 2017 o
mercado interno atingir cinco milhões de unidades por ano, parecem factíveis 20%
(um milhão de motores) receberem tais componentes. Injeção direta de
combustível, ideal para essa aplicação inclusive em motores flex, também disparou
uma corrida que, além das tradicionais Bosch, Delphi e Magneti Marelli, inclui
agora a Continental.
De fato,
se já existe algum reflexo do Inovar-Auto, ficou explícito na Automec. Algumas
tecnologias avançavam lentamente no Brasil e passam agora por bom impulso. Correntes
de acionamento de válvulas (em substituição a correias dentadas que exigem
trocas periódicas) e compressores compactos de ar-condicionado, ideais para os
novos motores de três cilindros, são alguns exemplos. Às vezes, podem trazer economia
de combustível de apenas 1%, como velas de ignição com eletrodo de irídio, da
NGK, muito caras. Porém, duram quatro vezes mais e, assim, parte do seu custo é
compensável.
Sistemas
mais complexos, como embreagens duplas para caixas de câmbio automatizadas, fabricadas
na Alemanha pela Schaeffler, conviveram com soluções práticas e acessíveis, na
feira. Um fabricante nacional, Power Stop, desenvolveu servofreio para modelos
que nunca tiveram esse conforto: Fusca, Jeep e picapes antigas. Gates mostrou uma
ferramenta para medir desgaste de correias. Tenneco/Monroe apresentou linha de
amortecedores com garantia de três anos ou 60.000 quilômetros, impensável anos
atrás.
Grandes
produtores de autopeças, a exemplo de Bosch e Delphi, anunciaram que continuam a
ampliar suas redes de oficinas com padrão definido de atendimento. Além de
estimular profissionalização em processos e garantia dos serviços, entram na
luta por atrair clientes de concessionárias, autocentros e oficinas
convencionais. Resultado tem sido manutenção de qualidade a preços menores.
RODA VIVA
OBJETIVO do novo presidente da Anfavea, Luis Moan, é atacar a falta de
competitividade para exportação de veículos brasileiros. Hoje, o País vende no
exterior menos da metade do volume de 2005. Sem ajuda de desvalorização cambial
do passado, o chamado custo Brasil é grande empecilho, além da carga de
impostos “escondida” exportada junto com os veículos.
SUV MÉDIO S5, da JAC, que só
chegará aqui em 2014, estreia a segunda geração de arquiteturas da marca
chinesa. Em rápida avaliação em Hefei, cidade-sede do grupo, o carro passou
sensação de robustez. Interior e materiais utilizados subiram de nível, embora
ainda tenham que evoluir. No padrão de teste colisão vigente na China é primeiro
a obter cinco estrelas.
POSIÇÃO ao dirigir e o volante de pequeno diâmetro para permitir visão do
quadro de instrumentos por cima do aro são sensações notáveis no Peugeot 208.
Toda a atmosfera interna do carro é bastante agradável, inclusive o teto solar
panorâmico, embora cortina interna devesse isolar melhor o calor. Motor de 1,45
l/93 cv não é ideal. Suspensões estão bem acertadas.
PRODUÇÃO do utilitário esporte ix35 em Anápolis (GO), em instalações da Hyundai-CAOA,
sofre novo atraso. Primeira previsão era final do ano passado, depois passou
para março e, agora, próximo trimestre. Especulações apontam demora nas
negociações com o BVA, sob intervenção do Banco Central. Grupo CAOA tem R$ 600
milhões emperrados naquela instituição.
PUBLICAÇÃO do Sindipeças confirmou indicadores internacionais do Brasil em
2012: quarto maior mercado interno e sétimo produtor mundial. Frota real de 38.025.799
unidades (sem motos) está em nono, no mundo. Em número de habitantes por
veículo – 5,5 – o País aparece em distante 15º lugar, ou seja, muito ainda para
crescer.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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