Alta Roda nº 745— Fernando Calmon — 6/8/13
CAPACIDADE
DE OUSAR
No ano passado foram vendidos em todo o
mundo cerca de 150.000 carros elétricos puros (a bateria) que corresponderam a
apenas 0,2% do total. Por isso, surpreende a aposta de US$ 2,7 bilhões (R$ 6,2
bilhões) da BMW em sua nova submarca “i” (de inovação, integração e inspiração),
cujos primeiros produtos são o i3 e o híbrido i8 (dentro de alguns meses).
Capacidade de produção inicial será de 40.000 unidades/ano.
Com pré-estreia simultânea em Nova York,
Londres e Beijing, o i3 representa um conceito ainda mais ousado por não
aproveitar componentes já existentes em veículos convencionais. Até agora,
apenas a californiana Tesla abraçou a mesma estratégia, mas seu carro é
caríssimo e vendido só em alguns estados americanos. Já o elétrico da marca
alemã partiu para outro conceito. Usa, pela primeira vez em grande série, estrutura
total da carroceria em fibra de carbono, aparafusada/colada a um chassi de
alumínio. É material caro, extremamente leve e 50% mais resistente que o aço.
Todo o carro foi pensado para uso
preponderantemente urbano. Seu porte é de um BMW Série 1 com espaço interno do
Série 3 e porta-malas de 260 litros equivalente a de um compacto. Monovolume,
sem coluna central, suas duas portas traseiras são menores e têm abertura em
sentido oposto ao convencional. No estilo chamam atenção a reentrância das
janelas traseiras (vidros não baixam) para melhorar visibilidade, o desenho das
colunas traseiras e a porta de carga de vidro com lanternas integradas.
Entrar e sair do banco traseiro exige certa
adaptação. Sentado atrás, há bom espaço para pernas de dois passageiros (sem
previsão para um terceiro), mas há limitações para os pés sob os bancos
dianteiros. Na frente, o console não se estende até o painel justamente para
facilitar a saída do motorista pela porta direita, conveniente em cidades.
Como se tratava de pré-estreia, não foi
possível guiar o carro em Nova York. Ao analisar a ficha técnica, porém, fácil
concluir que será extremamente ágil no trânsito. Motor traseiro de 170 cv, peso
de apenas 1.195 kg, aceleração de 0 a 100 km/h em 7,2 s e diâmetro de giro de 9,9
m (ótimo em manobras). Distribuição de peso de 50-50% por eixo não deixa dúvida
de que se trata de um BMW. Segundo um engenheiro da fábrica, retomar de 30 a 70
km/h (típica de uso urbano) leva pouco mais de 4 s. Centro de gravidade baixo e
cambagem negativa nas rodas motrizes traseiras indicam que vencer curvas será
puro prazer, apesar dos pneus finos.
Quanto à autonomia, discurso da fábrica é
honesto: de 130 a 160 km (até 200 km, em modo de supereconomia); 12 horas para
recarga normal a 110 V; carga rápida dedicada de 30 minutos repõe 80% da
autonomia (mais de uma vez por mês compromete a vida da bateria). Solução
interessante é um motogerador opcional, a gasolina (dois cilindros/34 cv),
também traseiro, para estender a autonomia em 140 km. Tanque de nove litros, na
frente, reequilibra os 50% de peso em cada eixo.
Vendas do BMW i3 começam na Europa em
novembro próximo e a importação para o Brasil, um ano depois. Mantida a
tradição premium da marca, esse compacto deve se situar aqui na faixa dos US$
100 mil (R$ 230.000), se mantida carga fiscal de hoje.
RODA VIVA
LANÇADO em maio de 2010, novo Uno completará quatro anos, em 2014, com tradicional
reestilização de meia geração. Início de produção – coluna antecipa – será em
maio e vendas, dois meses depois. Mudanças maiores na parte dianteira e, maior
novidade, motor de três cilindros. Esta configuração, inexistente até mesmo nos
Fiats europeus, estreia no Brasil.
SEMPRE desmentida pela VW, há dúvidas sobre produção no Brasil do Santana
chinês (versão esticada do Polo sedã de nova geração). Alguns fornecedores
indicaram que a produção só começaria em 2015, outros em meados de 2014. Esta
semana, porém, fontes acenaram que a fábrica teria congelado o projeto. Trabalhos
estão suspensos e, há quem diga, cancelados.
NOVO Fusion Hybrid evoluiu. Agora baterias de íon de lítio (mais leves,
compactas e de maior densidade energética), permitiriam acelerar até 100 km/h
em modo puramente elétrico, em teoria. Na prática, só em condições muito
especiais. Com motor a combustão de 2 litros/145 cv, preço baixou R$ 9.000,00,
para R$ 124.990,00. Consumo Inmetro, cidade: 16,8 km/l com gasolina.
ANFAVEA (fabricantes) e Fenabrave (concessionárias) mantêm números
divergentes sobre previsão de vendas este ano. A primeira sustenta possibilidade
de crescimento de 3,5 a 4,5%, sobre 2012, se considerados autos e comercais
leves e pesados. Mais cautelosa, a segunda acha difícil passar de 2% ou pouco
mais, incluídos caminhões e ônibus.
CASO Brasil cresça só 2% este ano, como prevê maioria dos economistas, a
bola de cristal da Anfavea pode falhar. Afinal, em julho, média diária de vendas
caiu 6,6% sobre junho; estoques totais tiveram só leve melhora de 39 para 35
dias. Positivo foi aumento de exportações graças à reação de mercados externos.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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