Alta Roda nº 747 — Fernando Calmon — 20/8/13
BUSCA
DE QUALIDADE PERCEBIDA
Segundo segmento mais importante em vendas
(na Europa, é o primeiro), o dos médios compactos apresenta acomodação em sua
participação no mercado brasileiro, por volta de pouco menos de 10%. Nessa
faixa está a menor defasagem tecnológica em relação ao que se oferece nos
países de alto poder aquisitivo. Segmentações superiores são 100% dominadas por
importados.
Há outra diferença em relação aos europeus.
Lá, preferem quase exclusivamente os hatches. Aqui os sedãs subiram rapidamente
na preferência. Nos últimos quatro anos passaram de 38% para 50% das vendas,
com tendência a subir. E a concorrência é bastante acirrada entre 10 modelos.
Mais recente é o Citroën C4 Lounge, sucessor do Pallas, que chega seis anos
depois. Em geral as gerações se sucedem a cada sete anos ou se antecipam,
quando há perda de interesse dos compradores. Versão hatch do C4 ficou para
final de 2014, a fim de alinhá-lo ao modelo francês.
Produzido em El Palomar, Argentina, na
mesma linha do Peugeot 408, o C4 Lounge encolheu 16 cm no comprimento, porém
ficou 2 cm mais largo e manteve a ótima distância entre eixos de 2,71 m. Embora
o volume do porta-malas tenha diminuído em 12% para 450 litros, o espaço
interno se destaca. Exigência do mercado chinês, onde já está à venda (aqui a
partir de 23 de setembro), o encosto do banco traseiro tem 29 graus de
inclinação (3° a mais). Elevou o nível de conforto, nitidamente sentido quando
se viaja em distâncias maiores, como na região de Mendoza, no país vizinho,
onde foi o lançamento.
Aspecto geral do sedã melhorou bem e, interessante,
parece menor que as suas dimensões externas indicam, uma tendência estilística.
Há vincos discretos na carroceria e cuidados como redesenhar o spoiler
dianteiro para evitar raspar em desníveis.
Painel com plástico macio foi uma das
apostas da marca para melhorar a qualidade percebida pelo cliente, algo que os
fabricantes têm dado prioridade, em especial acima de R$ 60.000. Versão de topo
Exclusive vem com tela multimídia (não tátil) de 7 pol., navegador GPS, sensor
de ponto cego (exclusividade entre modelos produzidos no Mercosul), câmera
traseira e quadro de instrumentos personalizável. Nas laterais de portas, ainda
de plástico duro, mas de boa textura, região dos puxadores é revestida. Atrás,
além do ótimo espaço para cabeça e pernas, é possível encaixar os pés sob os
bancos dianteiros, mas o debrum raspa nos sapatos.
Além do motor tradicional flex de 4
cilindros, 2-litros, bloco de alumínio, 151 cv (etanol), está disponível na
opção mais cara o instigante 1,6-litro turbo de 165 cv e 24,5 kgf∙m a apenas
1.400 rpm, torque mantido até 4.000 rpm. Nova caixa de câmbio automática (mais
de dois terços das vendas) agora tem seis marchas e comportamento exemplar,
melhor ainda no modo esportivo.
Silêncio de rodagem é um dos destaques do
carro, ajudado pelo uso do para-brisa acústico (ainda sem a desejável faixa
degradê) e capricho nas guarnições de borracha das portas. Trabalho benfeito nas
suspensões resultou boa firmeza, sem descuidar da filtragem de vibrações e
ruídos.
Preços vão de R$ 59.990 a R$ 81.290, em
três possibilidades de acabamento: Origine, Tendance e Exclusive.
RODA VIVA
MUDANÇA de planos da Nissan. Monovolume Note não será mais produzido no
Brasil e sim importado do México. Esta subsidiária perderá exportações do March/Versa
em 2014 e deve ter reclamado. Em Resende (RJ), início de produção do March certo
para janeiro, versão básica em junho e sedã Versa, em setembro. Vendas sempre dois
meses depois.
TURMA que comparava preços dos carros brasileiros aos do exterior de
repente ficou muda. Dólar em R$ 2,40 e euro a R$ 3,20, farra acabou. Em relação
à Europa preços nominais estão alinhados em reais, ou melhor, mais baratos aqui,
ao descontar a carga fiscal. Não é para comemorar, pois custos aqui continuam
nos píncaros. Apenas lamentar tanta tolice dita e escrita.
FOX BlueMotion entrega o esperado em economia de combustível, no uso
dia a dia. Motor de 1 litro, de inéditos 3 cilindros (entre os produzidos aqui)
e potência de 80 cv economiza em média 15% em cidade/estrada (etanol), se
comparado ao de 4 cilindros. Mesmo com relações de câmbio longas, não é lento
demais em estrada e boa surpresa ao abastecer.
SEGUNDO a 3M, que lançou no mundo primeiras películas para vidros de
veículos há mais de 15 anos, diminuição da temperatura do habitáculo nada tem a
ver com cor escura. Há necessidade de um filme específico, mais caro e este
pode ser todo transparente. No mercado, quanto mais escuro melhor, em desacordo
com a lei e o bom senso.
ALEMANHA tem várias empresas independentes, famosas no mundo, voltadas a
melhorar desempenho e aparência de automóveis comuns e até mesmo de carros
esporte. No início focadas apenas nos modelos alemães, dedicam-se também a
outras marcas. Uma delas, Arden, é especialista em veículos ingleses Bentley, Jaguar,
Mini e Range Rover (a conferir em www.arden.de).
____________________________________________________
fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário