Existem motos que servem muito para os que gostam de ir até um lugar a 100 km de distancia e voltar, normalmente cansados e com dor nas costas do esforço de se manter na sela a velocidades inconfessáveis. Existem outras motos que são conhecidas por não quebrar, não encher o saco com manutenção paranóica tentando prever o que vai dar de problemas ( raras hoje em dia, é verdade ). Normalmente são motos confortáveis de tocar, com posições de manejo bem centralizadas e nem sempre uma capacidade nuclear de acelerar, mas que no dia a dia são como um cavalo amigo, nas experientes palavras de meu camarada Arnaldo Keller, cavaleiro das pradarias sem fim...
A
melhor delas foi Serie GS,lançada em 1980 pela BMW, dona de uma marca
encouraçada e inoxidável desde as pioneiras Twins de 1923 desenhadas pelo
genial Max Fiedler. Desde a segunda Guerra Mundial, quando foram produzidas
para a Wehrmacht, o exército nazista, até em versões com tração até na roda do
sidecar, as BMW tem uma história no fora-de-estrada. Meio fora de nossa
história desse mês existe até uma Ural russa com tração nas três rodas... Passa
em qualquer lugar como um supremo Off Road.
Mas
voltando à GS: ela foi a encarnação do sonho dequem delirava em ir às centenas
de milhares de km rodados em qualquer tipo de estrada, tanto que seu nome vem
das palavras alemãs Gëlande, fora de estrada ou
Terra, e Strasse, ou Estrada; assim foi apresentada 32 anos atrás uma
moto que refletia a experiência do Paris Dakar, uma moto para ir longe sem
problemas. Com umja suspensão de longo curso e a primeira balança traseira de
um só braço, as primeiras GS se aproveitavam da grande vantagem das BMW, o
motor flat twin muito baixo no quadro, dando m equilíbrio invejável em vias de
piso irregular ou desertos de centenas de km. Não foi à toa que um casal de
ingleses, Simon e Monika Newbound, são os detentores do
recorde de distancia percorrida sem parar. Era de 99.800 km quando eles saíram
de casa em uma 1150 e uma herege 650 monocilíndrica com corrente e aumentaram o
recorde em 84;000 km para fixá-lo em 183.000 km, ganhando além da citação no
Livro Guiness de Recordes o Troféu Kudeferro... e sem grande experiência
anterior ou carro de apio... no peito, na raça e na valentia...
Ao
longo dos anos de sua produção, que dura até hoje em forma modificada e evoluída,
a GS teve primeiro a adoção da balança traseira que isolava a transmissão da
suspensão, o chamado Paralever, eliminando assim a famosa levantada das fiofas motociclística
ao acelerar ou a sentada ao reduzir. Depois veio a maior das invenções a frente com uma balança e mono amortecedor,
que levantava a moto ao freiar e evitava a afundada de frente ao segurar a
moto. Isso também permite que o amortecedor se livre das funções de direção e
não precise ter retentores ultra mega blaster para manter as coisas dentro da
geometria sem vazar. Em suma, as suspensões são macias e de longo curso com
amortecedores controlando bem os movimentos: motos idéias para ir ao Alasca ou
sobreviver nas nossas esburacadas vias.
Ao longo
do tempo a GS foi sendo modernizada com novos cabeçotes refrigerados a óleo com
injeção e ignição digitais, mas o conceito de moto blindada para ir à PQP não
mudou. Não é sem um pinguinho de razão que existe uma história dos sois
velhinhos que chegaram em uma oficina BMW em Timbuktu, na beira do Saara,
perguntando quanto era a revisão de 500.000 km...
Postado por Jonas Mattos
2 comentários:
Grande texto, Mestre! Como sempre escrito com arte e arquitetura sofisticada na escolha das palavras. Forte abraço! JAT.
Explêndido texto, Mahar !
Muito bem humorado... que moto fantástica !! Gosto muito de seu blog ! Visite o meu, me ajude a identificar um caminhão que fotografei na rua e postei a foto dele no meu blog...
spinbrothers.blogspot.com
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