Por Fernando Calmon
Nos tempos de bonança econômica e preço de
combustível barato do século passado era possível comprar, no exterior, automóveis
produzidos em pequena série ou por encomenda. Em geral carros esporte de alto
desempenho e desenhos ousados. Aos poucos, as exigências de segurança e de emissões,
além da concorrência de grandes fabricantes, apertaram as finanças e várias
empresas fecharam as portas.
Entretanto, não impediu o surgimento de
algumas novas marcas que tentam se acomodar em nichos de mercado. Uma delas, a
alemã Roding, apresentou um interessantíssimo roadster (conversível de dois
lugares), no último Salão de Genebra. A empresa, criada por engenheiros focados
em emoção pura, tem produção artesanal, embora utilize processos modernos e
permita alto grau de personalização. Cada carro é colocado sob responsabilidade
de um técnico-líder do começo ao fim da linha de produção.
Principal característica é o baixo peso:
apenas 950 kg. O monocoque, feito inteiramente em plástico reforçado por fibra
de carbono de alta qualidade e fabricação própria, inclui colunas dianteiras e arco
anticapotagem integrado neste material. Rigidez estrutural atende os quesitos de
testes de colisões mais rigorosos. Motor turbo de seis cilindros em linha, da
BMW, colocado na posição central traseira (transversal), 3 litros, desenvolve 320
cv @ 5.800-6.000 rpm e 46 kgf∙m @ 1.300-4.500 rpm.
Esse conjunto alcança relação peso/potência
excelente de 3 kg/cv (melhor que o Alfa Romeo 4C, por exemplo, 4 kg/cv). Permite,
assim, aceleração de 0 a 100 km/h em 3,9 s e velocidade máxima de 285 km/h. Com
distribuição de peso 60%/40% (eixo traseiro/dianteiro) pode gerar acelerações
laterais de 1,4 g para quem quer exigi-lo em curvas. As dimensões ajudam a
explicar suas intenções: 4,11 m de comprimento, 2,02 m de largura (com
espelhos) e 1,19 m de altura, além de entre-eixos de 2,49 m.
Seu teto é divido em dois painéis que,
retirados e armazenados no capô dianteiro, transformam o cupê em conversível,
como muitos europeus adoram e podem curtir. E o interior, de fino acabamento,
tem todas as partes estruturais em alumínio forjado.
Suspensões independentes dispõem de
triângulos superpostos usinados em máquinas de controle numérico
computadorizado. Amortecedores são ajustáveis em compressão e expansão,
manualmente. Da mesma forma, altura do carro e cambagem/convergência.
Assistência à direção, opcional, completa a capacidade de escolha do motorista:
se deseja mais aderência (grip) ou escorregamento
(drift). Pneus 225/40 R 18, na frente
e 255/35 R18, atrás utilizam rodas de 8 e 9 pol. de largura, respectivamente.
O estilo do Roding destaca o capô longo
típico dos roadsters. Porém, o motor central traseiro que colabora para sua dinâmica,
ao mesmo tempo libera surpreendente volume útil frontal de 330 litros. Bagagem
de fim de semana estará bem acomodada.
Há, ainda, uma grande sacada de projeto,
inédita em carros esporte de motor central ou traseiro: túnel estrutural se
comunica com o porta-malas dianteiro. Isso permite colocar objetos longos
(esquis ou bolsa de golfe), de até 1,75 m, convenientes para esportes de
inverno e verão. Diversão em alto grau.
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